Velas, imagens, terços e outros artigos vendidos são importantes para externar a fé e responsáveis por materializar cada sentimento dos adeptos às religiões
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Larissa Martins – especial para o Diário
Nas ruas de Petrópolis é comum encontrar uma variedade de lojas especializadas em artigos religiosos que atendem a demanda de práticas espirituais. Desde lojas católicas tradicionais até estabelecimentos que oferecem produtos para o candomblé, umbanda, espiritismo e outras religiões de matrizes africanas. Opção é o que não falta para os fiéis, há uma diversidade de produtos disponíveis. Desde imagens, terços, velas e itens específicos para rituais e celebrações.
A procura por artigos religiosos tem se intensificado ao longo dos últimos anos em Petrópolis, de acordo com os proprietários, mostrando a importância desta parte do comércio no fortalecimento das práticas religiosas de matrizes africanas na região.
A Loja Oriente, por exemplo, se destaca pelo cuidado na hora de selecionar os produtos que farão parte do estoque. No espaço, administrado por Felipe Rempto, os artigos mais procurados são as imagens de Ogum, sintetizando São Jorge e Iemanjá. Mas, as velas também são destaque de vendas. “Os artigos religiosos são importantes para externar a fé, são eles os responsáveis por materializar cada sentimento, cada desejo, cada pedido e cada agradecimento dos praticantes das mais diversas religiões. Trabalhamos com o mais alto padrão na hora de selecionar um produto para fazer parte do nosso mix de produtos. Dentro do possível, tentamos orientar quem tem algum tipo de dúvida sobre os produtos. Mas, como a diversificação religiosa é muito ampla nos limitamos a orientar somente sobre produtos”, explica o CEO.
A idéia de criar a loja surgiu a partir das próprias necessidades de Felipe e também pela identificação da oportunidade de negócios. Ele uniu o trabalho com o que amava. Felipe aponta a pandemia como o período em que as vendas alavancaram no estabelecimento. “A pandemia teve uma grande parcela no aumento da procura por religiosidade. Não por produtos, mas sim por algo maior ou alguma coisa em que pudesse acreditar”, conta.
Além disso, muitas dessas lojas não são apenas pontos de venda, mas também locais de encontro e comunhão para os fiéis. Muitos clientes aproveitam a oportunidade para trocar experiências e buscar orientação espiritual junto aos proprietários e funcionários, que muitas vezes são adeptos das mesmas religiões.
Assim como a loja Anjo Guardião, fundada por Thais Lopes Maciel e sua irmã, em 2022. Elas são da Umbanda há 8 anos e especialistas no assunto. A proprietária ressalta a cautela na orientação aos clientes. “Buscamos indicar com maior cautela possível quando os clientes pedem orientação, pois se trata de um produto para fins religiosos e espirituais, então não queremos atrapalhar a vida espiritual da pessoa de maneira alguma. Os critérios ficam a partir da crença do cliente”, frisa.
Mais uma vez as velas se mostram como as queridinhas dos consumidores, sendo a mais procurada no estabelecimento. A procura não só por este item, mas por tantos outros tem alavancado. “É de muita importância a existência da loja, pois muitos rituais e trabalhos dependem dos artigos que vendemos aqui. Muitas sementes, ervas e defumadores. Então é muito importante que tenhamos acesso a estes itens”, diz.
A Loja Rainha do Mar, liderada por Cláudio e Leila Winter, surge como um novo ponto de referência no Alto da Serra, atendendo à demanda na localidade. Isso porque não havia nenhum espaço voltado para esse meio. Por serem da Umbanda há 30 anos perceberam a necessidade de ofertar os produtos na região. Então, alugaram um espaço para dar início ao sonho. “Trabalhamos em outras funções até 4 anos atrás. Quando sentimos a necessidade da loja no bairro e resolvemos abrir. A princípio fomos aos fornecedores para conhecermos os itens oferecidos. Atualmente, eles nos entregam todos os materiais. Aqui, o bom atendimento é o diferencial. Sempre orientamos as pessoas”, conta.
De acordo com o Censo 2010, que buscou saber quais as religiões os petropolitanos são adeptos apontam que na cidade existiam, na época, 938 pessoas que pertenciam ao Candomblé e Umbanda e 840 adeptas apenas à Umbanda. Outras 98 seguiam apenas o Candomblé. Ainda segundo a pesquisa, 12.580 se consideravam espíritas e 251 espiritualistas. É imensurável o número de templos/ terreiros existentes na cidade, a cada dia surge um novo.
Apesar de toda a beleza e caridade que as religiões de matrizes africanas apresentam e demonstram, ainda existe um preconceito enraizado na população. A falta de informação sobre as crenças e práticas leva as pessoas a basearem seus preconceitos em estereótipos, sem nunca terem buscado compreender as tradições espirituais. Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro apontam que em 2023 foram identificados 13 casos de intolerância religiosa em Petrópolis. Em 2022 foram 21 ocorrências. As delegacias do estado receberam quase 3 mil denúncias de crimes que podem estar ligados à intolerância religiosa. No entanto, apenas 34 vítimas de ultraje a culto religioso procuraram uma delegacia de polícia para registrar o crime.
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