Mauro Peralta - médico e ex-vereador
Neste sábado, 18 de janeiro, completam-se 12 anos desde que o Padre José Carlos Medeiros Nunes, o nosso querido Padre Quinha, entrou no céu. Para marcar essa data, será celebrada uma missa às 19 horas, na Matriz de Itaipava, e convido todos a estarem presentes para reverenciar a memória de um homem cuja vida foi um verdadeiro exemplo de fraternidade, humildade, trabalho, bondade e esperança.
Padre Quinha amava com intensidade todos os seres humanos, sem fazer qualquer distinção entre origem, credo ou classe social. Para ele, ninguém estava fora do alcance de sua ajuda. Sua missão era simples: acolher e servir a todos que cruzassem seu caminho. E seu coração estava sempre aberto para quem mais precisava, uma verdade que se refletia em cada gesto seu, por mais simples que fosse.
Ele era conhecido por chegar atrasado aos compromissos, mas ninguém se atrevia a questioná-lo. Todos sabiam que, ao invés de estar apenas perdido no tempo, ele estava atendendo a alguém, acolhendo um morador de rua, ou simplesmente oferecendo ajuda a quem mais necessitava. Sua Oficina de Jesus se tornou um refúgio, um lugar onde ele recebia e oferecia novas chances àqueles que lutavam contra as drogas e o abandono social.
Quando recebia um presente, como um sapato ou uma blusa, Padre Quinha não pensava duas vezes antes de repassá-los a alguém que estivesse mais necessitado. Seu desapego aos bens materiais refletia sua compreensão de que a verdadeira riqueza é o amor e a ajuda ao próximo. Mesmo quando ficou sem paróquia, ele voltou a morar com sua mãe, e seu quarto, simples e despojado como o de um frade franciscano, era um reflexo de sua humildade.
Desde pequeno, sonhava em ser médico, mas ao se tornar sacerdote, tornou-se, de fato, o médico das almas. Ele era um doutor da paz, da amizade, da fraternidade e da compreensão. Seu papel não se limitava ao confessionário ou ao púlpito. Ele estava ali, em cada detalhe da vida de quem precisava dele, oferecendo perdão até para aqueles que o mundo achava indignos de tal graça.
Padre Quinha nunca fechou as portas da Oficina de Jesus para ninguém. Ele não permitia que isso acontecesse, e sua autoridade era de amor e compaixão. Ele era amigo dos viciados, dos presidiários, dos moradores de rua, dos médicos, dos empresários, dos ricos e dos pobres, dos crentes e até dos ateus. Onde quer que estivesse, ele tocava os corações de todos com sua fé inabalável e sua bondade. Cabe a nós continuar ajudando a Oficina de Jesus, que funciona no Brejal recuperando dependentes químicos até hoje.
Sua vida é um legado. Sua obra, uma chama que nunca se apaga. Mesmo sendo um motivo de orgulho para todos que o conheceram, ele sempre se via como um pecador, alguém que fazia o bem por obrigação de amor. Mas, para todos nós, ele foi e sempre será um santo. Aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele podem se orgulhar de terem sido amigos de um homem verdadeiramente iluminado.
Que a lembrança do Padre Quinha continue a nos inspirar. Que sua vida de serviço e amor ao próximo nos conduza em nossos próprios caminhos de solidariedade e compaixão. Sua obra permanece viva, e nós, que tivemos a sorte de conhecê-lo, seguimos honrando-a em nossas ações e lembranças.
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