Na próxima semana, é lembrado o Dia Mundial da Obesidade, data dedicada à conscientização da doença
Larissa Martins
A obesidade não apenas representa um desafio individual de saúde, mas é também um importante fator de risco para o desenvolvimento de outras Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como, por exemplo, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e alguns tipos de cânceres, de acordo com o Ministério da Saúde.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é diagnosticada com base no Índice de Massa Corporal (IMC), calculado como o peso (em quilos) dividido pela altura ao quadrado (em metros). Um IMC igual ou superior a 30 é considerado obesidade. Valores entre 25 e 29,9 indicam sobrepeso.
O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, que utiliza como base os dados sobre a população atendida nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), aponta que 13.832 adultos estão acima do peso ideal, em Petrópolis. Os números mostram que 30.48% deles são considerados sobrepeso; 22,94% estão no estágio de obesidade grau 1; 11,6% no estágio de obesidade grau 2, e 7,63% em obesidade grau 3.
O quadro não se resume apenas aos adultos, o Sisvan também destaca que as crianças têm se tornado cada vez mais vítimas do excesso de gordura. Ao menos 388 delas possuem peso elevado para a idade, no município. O levantamento considerou a faixa etária de 0 a 5 anos.
Conscientização
Visando aumentar a conscientização sobre essa doença crônica, na próxima semana, dia 4 de março, é lembrado o Dia Mundial da Obesidade. Além dos diversos riscos à saúde, tanto ela quanto o sobrepeso podem provocar uma sobrecarga ao coração e também a todo o sistema cardiovascular. Isso porque, quanto maior o excesso de peso, maior o esforço que o coração precisa fazer para bombear o sangue adequadamente. Esse esforço adicional provoca mudanças na estrutura e funcionamento do órgão, o que pode ter consequências graves a longo prazo.
“O coração de uma pessoa com sobrepeso precisa aumentar de tamanho para compensar o trabalho extra, levando à hipertrofia ventricular, que é o aumento do músculo cardíaco. Essa condição, com o tempo, pode dificultar o bombeamento eficaz do sangue para o restante do corpo. Além disso, a obesidade facilita o acúmulo de gordura nas artérias, formando placas de gordura, as chamadas aterosclerose, que restringem o fluxo sanguíneo e a oxigenação dos tecidos”, esclarece o médico Mauro Jácome, cirurgião geral e especialista em endoscopia.
Mauro ainda acrescenta que essa limitação na circulação aumenta a pressão arterial, tornando o coração ainda mais sobrecarregado. “O risco de infarto aumenta significativamente quando as artérias ficam totalmente obstruídas, impedindo a passagem de sangue para o coração. Conforme uma pesquisa publicada pelo The Lancet, a obesidade e o sobrepeso já são a segunda maior causa de morte evitável no mundo, atrás apenas do tabagismo. O estudo reforça que esses problemas poderiam ser evitados com mudanças no estilo de vida, alimentação e acompanhamento médico”, ressalta.
Projeto de Atenção
Desde 2022, o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP) realiza um projeto de atenção às pessoas obesas no município. O Ambulatório de Obesidade atende obesos graves, pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 40 Kg/m2. As pessoas que fazem acompanhamento são encaminhadas para tratamento durante consultas realizadas no próprio Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP ou através da Rede de Saúde do Município.
Com o acompanhamento do Ambulatório de Obesidade, aos poucos a alimentação saudável, a prática de exercícios e uma rotina de sono diferenciada começam a fazer parte da vida dos pacientes.
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