Temperaturas mais frias, características do inverno, elevam o risco de ocorrência
Daniel Xavier especial para o Diário
O infarto agudo do miocárdio foi responsável pela morte de ao menos 188 petropolitanos somente no ano passado, de acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), vinculado ao Ministério da Saúde. Junto das outras doenças cardiovasculares, o número sobe para 411 indivíduos. Só neste ano, até maio, são 64 óbitos registrados em Petrópolis. Número este que tende a crescer nos próximos meses, devido às baixas temperaturas, características do período de inverno, que elevam o risco de ocorrências desta natureza.
E a variação do clima já começa a ser observado. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Petrópolis teve a temperatura mais baixa do Rio de Janeiro nessa segunda-feira (27/5), atingindo 10,3 ºC. Pela manhã, a sensação térmica no município chegou a ficar em 1,3 ºC. Já por volta das 16h, foi de 0,8 ºC.
O médico cardiologista e professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis, Bruno Vogas, evidencia que o clima é um fator de risco. O infarto tem uma maior incidência no frio e no período da manhã, pois aumenta a vasoconstrição arterial, com consequente aumento da pressão, e assim a tendência à trombose, coloca.
O especialista ainda diz que a presença de outras doenças pode agravar o quadro.
O infarto do miocárdio é causado pelo agrupamento de fatores de risco, tais como hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, hipercolesterolemia, sedentarismo, entre outros. Na medida em que estes fatores não são controlados, há aumento de incidência de infarto. E, na sociedade moderna, os maus hábitos, assim como a falta de cuidado, têm aumentado, explica.
Por isso, a orientação é manter ou aumentar a ingestão de água, além de se alimentar de forma saudável, com o consumo de frutas, verduras e legumes.
Pressão alta
A hipertensão arterial é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Dados de 2023, divulgados pelo Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), do Ministério da Saúde, mostram que 34.058 petropolitanos são acometidos pela doença.
Em um ano, quase 1.500 pessoas foram diagnosticadas com a condição no município.
Ainda no ano passado, o número de atendimentos a hipertensos acima de 20 anos aumentou expressivamente. De 25.146 acolhimentos ambulatoriais feitos em 2022, subiu para 31.537 em 2023. Um aumento de 25,4%.
Até abril deste ano, já são pouco mais de oito mil atendimentos.
Segundo a cardiologista Luiza Santiago Couto, que é membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a hipertensão arterial é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
O aumento da pressão na circulação sanguínea aumenta o esforço que o coração faz para bombear o sangue pelo corpo e sobrecarrega outros órgãos, causando danos e favorecendo o surgimento das doenças cardiovasculares, como infarto, insuficiência cardíaca e AVC. Complicações essas que, além de risco de morte, provocam piora da qualidade de vida, alerta a médica.
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