Encontro reuniu cerca de 500 mulheres e consolidou propostas para fortalecer políticas públicas no estado
Após dez anos, o estado do Rio de Janeiro voltou a sediar a 5ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres, com estrutura garantida pelo Governo do Estado. O encontro, realizado pela Secretaria Estadual da Mulher e pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro (CEDIM-RJ), aconteceu neste fim de semana, entre os dias 22 e 24, no Centro de Convenções do Hotel Windsor Guanabara, no Centro do Rio, reunindo cerca de 500 mulheres. Foram três dias de debates e palestras e, ao final, as 462 delegadas eleitas nas etapas municipais realizadas em 44 municípios de todas as regiões do estado votaram em propostas para consolidar políticas públicas que promovam mais igualdade e justiça social e também elegeram as 152 delegadas que irão para a conferência nacional, em Brasília.
A abertura da conferência contou com a participação da ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e da secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar. A ministra destacou a importância do processo coletivo de escuta e pactuação das prioridades para avançar no fortalecimento das políticas de enfrentamento à violência e na promoção de direitos. A conferência é composta por representantes da sociedade civil (60%) e dos governos estadual e municipais (40%). A etapa nacional acontecerá de 29 setembro a 1º de outubro.
Para a secretária de Estado da Mulher e presidente do CEDIM-RJ, Heloisa Aguiar, a conferência representou escuta democrática de diferentes vozes femininas:
- Foi uma grande estrutura proporcionada pelo Governo do Estado para o exercício pleno da democracia como deve ser, tanto no diálogo entre mulheres de diferentes realidades, quanto na pluralidade das propostas. Saímos daqui com pautas que representam a diversidade de mulheres do estado do Rio com o mesmo objetivo: fortalecer políticas que salvem vidas e que cheguem a todas - afirmou.
Durante três dias, a programação contou com mesas de debate, grupos de trabalho e atividades culturais. Para que mães pudessem participar, foi montado um espaço kids. A diversidade das contribuições foi um dos pontos altos do evento: mulheres negras, indígenas, lésbicas, com deficiência e mulheres com autismo apresentaram demandas específicas, reforçando o caráter inclusivo do encontro. Entre os eixos mais discutidos, estiveram propostas de fortalecimento da rede de proteção e de autonomia econômica.
O encontro também prestou homenagens a mulheres que são referência na luta pelos direitos femininos no estado, marcando a memória da resistência e da conquista de espaço ao longo das últimas décadas.
A delegada Sara Rebeca Balbino, representante da sociedade civil, ressaltou a relevância da conferência como um espaço de debate e articulação, onde as mulheres têm a oportunidade de apresentar suas demandas e influenciar a construção de políticas públicas:
- Está sendo de suma importância. São vários debates que estão sendo levantados e que estão dando também a vez das mulheres colocarem a sua causa em pauta.
Para Carla da Hora, também representante da sociedade civil, o destaque da conferência foi a garantia da escuta de propostas das mulheres do estado do Rio de Janeiro:
- A Conferência Estadual está sendo um espaço ímpar para a construção coletiva de políticas públicas para todas as mulheres do estado do Rio de Janeiro.
Durante a conferência, os debates abordaram desafios estruturais que ainda limitam a participação plena das mulheres na política e na sociedade. Foram discutidas a violência política e de gênero, que descredibiliza mulheres parlamentares e reforça barreiras à sua atuação nos espaços de decisão, ressaltando que garantir a presença feminina é também fortalecer a democracia.
As discussões enfatizaram a importância de fortalecer políticas públicas que contemplem a diversidade e a representatividade, considerando as experiências de mulheres negras, ciganas, migrantes, com deficiência e LBTQIA+. A sobrecarga da dupla jornada foi destacada como um desafio diário que demanda respostas estruturais. Também foram debatidas a relevância de políticas de cuidado e de educação com perspectiva de gênero, incluindo a educação ambiental como ferramentas para ampliar direitos e fortalecer a cidadania feminina.
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