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93% dos jovens brasileiros de 9 a 17 anos utilizam a internet

“A combinação de diálogo e supervisão é o que realmente ajuda a evitar o uso excessivo e a ensinar um uso mais consciente da tecnologia”, diz psicóloga

Foto: Divulgação
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Mariana Machado estagiária

A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, revelou que 93% das crianças e adolescentes brasileiros de 9 a 17 anos são usuários da internet. Com isso, cresceu também o contato dos jovens com conteúdos violentos, sexuais ou discriminatórios online, assim como a incidência de cyberbullying e interações com desconhecidos.

A psicóloga clínica e pós-graduanda em Psicopatologia e Saúde Mental, Evelyn Maciel, explica que tem sido feitas muitas pesquisas sobre o assunto, principalmente diante das mudanças na forma como crianças e adolescentes adquirem conhecimento e desenvolvem habilidades sociais. “Assim como em outras áreas, o avanço da tecnologia traz contribuições importantes, mas quando usado de forma irrestrita, excessiva ou inadequada, pode gerar malefícios sérios e, em alguns casos, prejuízos irreversíveis”, disse.

A especialista conta que, em sua prática clínica, recebe cada vez mais demandas relacionadas ao uso problemático das mídias digitais, por exemplo: problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e irritabilidade; comprometimento da autoestima e da imagem corporal, muitas vezes influenciado por padrões irreais das redes sociais; aumento de episódios de violência, bullying e exclusão social; e também dificuldades de atenção e concentração, o que pode impactar tanto a vida acadêmica quanto os relacionamentos interpessoais.

Além disso, grande parte dos pais não sabe exatamente o que seus filhos estão acessando na internet, o que aumenta mais ainda o risco de chegarem a conteúdos sensíveis. “Os pais têm um papel fundamental na prevenção do uso excessivo das redes sociais, especialmente quando entendemos que o córtex pré-frontal (a área do cérebro responsável pelo controle das emoções, dos impulsos e pela tomada de decisões) só se desenvolve completamente por volta dos 25 anos. Isso significa que crianças e adolescentes ainda não conseguem, sozinhos, fazer um uso totalmente responsável das redes”, ressalta a psicóloga.

Isso torna a presença e acompanhamento dos pais fundamental. De acordo com a especialista, não é só sobre limitar o tempo de tela dos jovens, e sim estar perto para conversar, escutar, acolher as opiniões dos filhos, mas ao mesmo tempo impor limites com clareza e respeito. Ela ressalta que também é importante acompanhar que tipo de conteúdo eles consomem e com quem interagem nas redes. “Essa combinação de diálogo e supervisão é o que realmente ajuda a evitar o uso excessivo e a ensinar um uso mais consciente da tecnologia”, afirma.

Um assunto que tem dividido opiniões na internet é a “briga” entre algumas jovens influencers, de 16 e 17 anos. Com a discussão viralizada na internet, todos têm uma opinião e julgamentos a fazer sobre alguma das partes, fazendo com que essas jovens sofram “hate”, além da imensa atenção recebida.

A psicóloga diz que situações como essa envolvendo brigas públicas entre jovens influenciadores e a grande quantidade de "hate" que recebem, podem causar impactos muito sérios na vida desses adolescentes. “A gente às vezes esquece que, por trás da tela, estão jovens de 16, 17 anos ainda em formação, ainda aprendendo a lidar com emoções, críticas, e com a própria imagem”, relata.

“O que começa como uma polêmica nas redes pode desencadear sentimentos de tristeza profunda, baixa autoestima, ansiedade, impulsividade e até vontade de se isolar ou revidar. E tudo isso acontece de forma muito silenciosa, muitas vezes sem que ninguém perceba o quanto está doendo”, alerta.

A profissional encerra mencionando a série da Netflix, Adolescência, que mostra esse cenário de jovens conectados nas redes. “Em vários momentos, a série retrata o quanto a falta de escuta, de acolhimento e de apoio pode levar a decisões perigosas e comportamentos de risco. É por isso que esse assunto precisa ser falado com mais seriedade e empatia. Os adolescentes precisam se sentir ouvidos, respeitados e orientados, e não só julgados. O apoio da família, da escola e dos profissionais é fundamental para que eles aprendam a lidar com tudo isso de forma mais saudável, sem carregar sozinhos o peso da exposição pública”, conclui.

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