Edição anterior (3601):
sábado, 14 de setembro de 2024


Capa 3601

A história desconhecida da Posse, o atual quinto distrito de Petrópolis

Foto: Wikmapia
Foto: Wikmapia

Lucas Klin - especial para o Diário

O distrito da Posse foi criado pela Lei número 5.388, de 23 de setembro de 1964, como o sexto distrito do município de Petrópolis, com terras desmembradas dos distritos de São José do Rio Preto e Pedro do Rio e anexadas ao município de Petrópolis, segundo o Estudo Histórico Geográfico da Evolução Administrativa do Município de Petrópolis e sua Toponímia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A história geral da Posse é marcada por diversas narrativas sobre a origem de seu nome. Alguns acreditam que o nome Posse surgiu devido ao fato de que o local pertencia a uma família chamada Carneiros, sendo, portanto, uma posse dos Carneiros. No entanto, segundo o Instituto Histórico de Petrópolis (IHP), a Posse já era um local de trânsito desde o início do século XIX, quando o café se tornou um produto importante na região. A abertura da estrada fez com que se estabelecesse no local um posto de muda, que foi o primeiro núcleo conhecido com este nome. A partir de então, vários viajantes, tanto brasileiros quanto estrangeiros, passaram pela Posse e deixaram registros escritos de suas passagens e impressões sobre a beleza do lugar.

A Estação Posse, conhecida e citada por diversos viajantes e cronistas do século XIX, era um ponto de referência importante na região. Composta por vastos armazéns para depósito de café do interior e cargas de retorno, além de um armazém para depósito de sal, a estação também contava com duas casas para os empregados, uma estrebaria e cocheira para 24 animais do serviço especial das diligências, acomodações para o pessoal do mesmo serviço e grandes estrebarias para 300 animais das carroças, com todas as suas dependências, como tanques de água corrente. Segundo o IHP, as estações foram construídas pela Companhia União e Indústria para a exploração industrial de transporte de passageiros e cargas. Em 19 de março de 1856, a empresa celebrou com a província do Rio de Janeiro um contrato para a construção do trecho entre Petrópolis e Juiz de Fora, cujos trabalhos foram inaugurados pelo imperador D. Pedro II em 12 de abril de 1856. A primeira seção da estrada, de Vila Teresa a Pedro do Rio, foi aberta ao público em 18 de março de 1858, e a segunda seção, de Pedro do Rio a Posse, foi inaugurada e aberta ao trânsito em 28 de abril de 1860, ambas as solenidades contaram com a presença do imperador D. Pedro II.

Registros do Séc. XVIII

As histórias de viajantes que passaram por essa região são profundas em conteúdo, e sendo um verdadeiro convite para uma viagem no tempo, pelos rios, serras e vales, e mostra como a Posse era na época.

Prosseguindo a estrada pelo Vale do Piabanha, a primeira obra de arte desta seção é a linda ponte de Jacuba sobre o ribeiro deste nome. É de ferro a ponte, com 12 metros de vão. A paisagem que a cerca é de muita beleza e amenidade, porquanto o Jacuba, precipitando-se do alto de elevadas rochas, forma uma cascata, não de grande volume de águas, mas bonita e pitoresca, dando realce e frescura às fragas cobertas de musgos, e às árvores que vestem as encostas, descreveu o cronista da época, Vilhena Barbosa, a chegada ao Vale da Posse.

Outro desses viajantes, foi a inglesa Isabel, Lady Burton (1831-1861), que poucos meses antes de morrer, começou a escrever sua autobiografia, finalmente terminada por outro autor, na qual cita seu encanto ao passar pela Posse. O texto diz: "A terceira (muda) era Posse, a estação mais importante da estrada que recebia café. Ali, milhares de mulas se encontravam para carregar e descarregar, descansar e seguir seu caminho. Esta cena foi bastante pitoresca. Depois da Posse começamos a ver mais terra fértil e logo passamos por uma montanha de granito que, se estivesse na Inglaterra ou França, teria uma excursão especial em trem (aqui ninguém presta atenção nisso...)"

Formação administrativa atual

Atualmente, localizada a 46 km do centro da cidade, a Posse é um distrito com muitas atrações, incluindo o Circuito Eco-Rural Caminhos do Brejal, um bairro com diversas atrações turísticas. A Posse possui 63 km² de área e uma população de cerca de 10.000 habitantes, com uma densidade demográfica de 158 hab/km². É um bairro de Petrópolis, sede de seu 5º distrito, após a emancipação de São José do Vale do Rio Preto a município. Com uma população de cerca de 10.582 habitantes, segundo o Censo brasileiro de 2010, está localizada a cerca de 40 km do centro do município e a 100 km da cidade do Rio de Janeiro, no extremo norte da Serra dos Órgãos. O lugar leva este nome desde pelo menos o século XIX.

A Posse se estende por ambas as margens do rio Piabanha, aproximadamente a 500 metros de altitude, e é também banhada pelo Rio Preto, que serve de limite com o vizinho município de Areal, onde se encontra uma represa produtora de energia elétrica. A maioria da população se assenta no vale formado pelo rio Piabanha, mas uma grande parte do distrito se localiza a mais de mil metros de altitude, na localidade chamada Brejal, onde a agricultura e o ecoturismo são as principais atividades. O clima é ainda mais ameno e as temperaturas podem ser extremas durante o inverno. O Brejal é uma extensa área onde muitos agricultores vivem atualmente, com localidades chamadas de Albertos e Jurity. Além do comércio, a produção de hortifrutigranjeiros e, mais recentemente, o turismo, são as principais atividades econômicas da localidade.

Edição anterior (3601):
sábado, 14 de setembro de 2024


Capa 3601

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral