Propostas de bancos nem sempre são vantajosas
Jaqueline Gomes
Perda de emprego, gastos imprevistos, doença, má gestão das emoções, não avaliar o custo-benefício dos empréstimos bancários, baixo conhecimento sobre finanças e, principalmente, falta de bons projetos financeiros na vida pessoal são alguns dos motivos para o endividamento. Dados divulgados pelo Banco Central indicam que, em maio de 2023, 49% das famílias estavam endividadas com o Sistema Financeiro Nacional (SFN), um número que reflete a crescente dificuldade no gerenciamento das dívidas. A renegociação de dívidas pode ser uma solução para aliviar o peso financeiro, mas é essencial que o consumidor tome alguns cuidados, principalmente ao lidar com propostas de desconto e prazos.
De acordo com o advogado em direito bancário, Donato Souza, os principais cuidados passam pela verificação de saber se a dívida ainda não está prescrita, bem como saber avaliar quais os riscos são inerentes a esse tipo de negócio, para que assim consiga negociar taxas de juros mais vantajosas, bem como evitar, em caso de oferta pelo banco para colocar algum tipo de garantia, saber refutar tal proposta.
“Um dos grandes fatores que leva a ter um grande desconto é pelo fato de legalmente a dívida já não poder ser mais cobrada, sendo que, havendo custos ocultos, é possível, através de uma análise técnica, verificar se os mesmos existem e qual o montante”, explica.
O advogado orienta sobre o impacto de uma renegociação de dívida no histórico de crédito de uma pessoa e como isso pode afetar futuras transações bancárias.
“É importante saber se realmente há uma renegociação ou uma reestruturação de dívida. Caso ocorra uma renegociação, é obrigação do banco manter o mesmo cadastro no sistema financeiro do devedor, bem como a mesma taxa de juros, desde que no sistema financeiro de crédito não tenha sido lançado como prejuízo. No caso da reestruturação de dívida, presume-se que não há saldo vencido ou em atraso, o que permite, inclusive, a depender do prazo e das características da operação, conseguir taxas de juros mais atrativas” aconselha Donato.
Muitas pessoas acabam se endividando por não saber ao certo qual o percentual de seu rendimento que pode ser comprometido com empréstimos ou financiamentos. De acordo com o especialista, é preciso fazer uma análise criteriosa antes de contrair uma dívida.
“Na realidade, não existe um percentual adequado ou aconselhável, sempre dependendo de uma análise mais criteriosa entre necessidades básicas, benefícios da tomada do empréstimo, taxa de juros e prazos. Todavia, em caso de haver a necessidade da tomada do empréstimo ou financiamento, o valor legal aceito é de 30% do valor líquido”.
Em alguns casos, quando a dívida atual tem juros altos, pode ser vantajoso adquirir um empréstimo com taxas melhores para quitar o débito, analisa Donato Souza.
“ Geralmente a vantagem se dá desde que a taxa de juros do empréstimo seja mais benéfica do que manter a respectiva dívida em aberto, ou até mesmo em situações em que essa dívida esteja gerando anotações no cadastro de crédito, e ao solicitar o empréstimo bancário, consiga resolver tal problema, trazendo assim mais fôlego financeiro”.
Mas, o ideal seria não ficar endividado e, para isso, o advogado dá algumas dicas para fugir das dívidas.
“Gastar menos do que ganha! Brincadeiras à parte, é importante o brasileiro saber avaliar que, ao contrair um empréstimo ou financiamento, o valor pago na parcela não é composto apenas de capital, sendo sua grande maioria juros. Nesse sentido, é imprescindível saber gerir as emoções e usar critérios técnicos sempre que os rendimentos forem ficar comprometidos, e assim criar problemas que poderiam ser evitados com o olhar de uma boa gestão técnica”, conclui.
Veja também: