Pe. Anderson Alves
Recordamos com pesar o falecimento do Papa Francisco em 21 de abril de 2025, um momento que coincidiu com o Jubileu Ordinário do Ano 2025, solenemente dedicado ao tema da esperança. Neste contexto significativo, propomo-nos a expor a virtude teologal da esperança, recorrendo aos fundamentos da teologia cristã e às valiosas contribuições do Papa Francisco expressas na sua bula de proclamação do Jubileu, Spes non confundit.
Segundo a teologia moral, a esperança é uma virtude teologal que se distingue pelo seu objeto. O objeto material primário da esperança é a vida eterna, considerada não apenas como uma verdade, mas como o Bem Supremo e, simultaneamente, um bem para o indivíduo, almejando a sua posse e o consequente gozo. Secundariamente, a esperança abrange os meios necessários para alcançar a vida eterna, conforme expresso no Catecismo da Igreja Católica (CIC 1843).
O objeto formal ou motivo da esperança é duplo: reside nas promessas de Jesus Cristo, que se fundamentam na veracidade de Deus ao prometer (Jo 14,3). O segundo motivo reside no auxílio do Espírito Santo, alicerçado na onipotência e, particularmente, na misericórdia divina (1 Cor 15,17-20). É importante notar que a esperança não se limita ao futuro, pois os meios para alcançar a vida eterna são já uma prenda, uma antecipação da glória futura (1 Jo 3,1-3).
O Papa Francisco, na sua bula Spes non confundit, inicia sua carta sob o signo da esperança, recordando as palavras de São Paulo: “a esperança não engana” (Rm 5, 5). Ele enfatiza que a esperança é a mensagem central do próximo Jubileu, que, segundo uma antiga tradição, o Papa proclama de vinte e cinco em vinte e cinco anos.
O Papa expressa o seu pensamento em todos os peregrinos de esperança que chegarão a Roma para viver o Ano Santo e em quantos, não podendo vir à Cidade dos apóstolos Pedro e Paulo, vão celebrá-lo nas Igrejas particulares. O seu desejo é que este seja, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, “‘porta’ de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a ‘nossa esperança’ (1 Tm 1, 1)”.
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