População deve manter cuidados com animais peçonhentos em períodos de calor
Daniel Xavier estagiário
Com uma infestação de escorpiões em Petrópolis, a cidade já registrou 17 casos de picadas pelo animal este ano liderando o ranking estadual. Os dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apontam ainda que, em apenas dois meses, o número já é maior que em todo 2023 (11). No entanto, o mesmo ocorre com os incidentes envolvendo aranhas: enquanto que em todos os 12 meses do ano passado, foram 25 vítimas de acidentes com o animal no município, só no início de 2024, foram 27. No caso das serpentes, são três ocorrências registradas até o momento. No último ano, representaram 13 atendimentos.
Apesar de menores que em 2022, em que foram 21 acidentes com cobras, 72 por aranha, e 44 por conta de escorpião, é perceptível que o volume de ocorrências neste ano está aumentando consideravelmente na comparação com 2023. Por isso, é necessário que a população petropolitana redobre a atenção neste período de altas temperaturas e ondas de calor, em que todos esses animais se tornam mais ativos.
Vale ressaltar que, de acordo com o Ministério da Saúde, existem distinções entre animais peçonhentos e venenosos. Caracteriza-se como espécime peçonhento aqueles que produzem peçonha (veneno) e têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, cerdas urticantes, entre outros.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Marcus Curvelo, acidentes envolvendo animais peçonhentos requerem um tratamento especializado.
Em caso de suspeita de picada por algum destes animais, se dirija imediatamente à UPA Cascatinha, local esse onde ficam concentrados os soros que neutralizam os venenos dos animais peçonhentos. É importante que, se possível, as pessoas fiquem atentas ao tamanho e cor do animal, já que a identificação da espécie ajuda no diagnóstico e tratamento, explicou.
Principais espécimes da região
No caso dos espécimes peçonhentos que são encontrados na cidade, estão as cobras jararacas, as aranhas armadeira e a marrom e o escorpião amarelo. O médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis, Dr. José Henrique de Cunto, explica quais são as características e reações que cada picada de um destes animais apresenta, e quais medidas a vítima de acidente deve tomar após uma ocorrência com algum deles.
Nos incidentes com a jararaca, o veneno causa inchaço na região da picada e pode levar a sangramentos. É importante a pessoa não garrotear a parte afetada pela peçonha da serpente, pois pode piorar a retenção do veneno e levar a um quadro mais grave. Já o acidente por aranha costuma provocar dor intensa no local. Em relação à picada da aranha marrom, esta pode causar uma lesão mais séria e, até mesmo, levar a uma necrose do membro afetado, detalha ele.
No caso da picada do escorpião, esta causa edema na região afetada. Caso seja vítima de acidente com este animal, é indicado lavar com água e sabão o local da picada, e se dirigir à unidade de saúde indicada para um diagnóstico mais detalhado. Se necessário, deverá ser aplicado soro para inativação da peçonha, explica.
Animais peçonhentos que são capturados devem ser encaminhados para o Corpo de Bombeiro ou empresas especializadas em manejos para serem levadas para o Instituto Vital Brazil, para serem usadas na produção de soros de vítimas que sofrem acidentes com peçonhentos.
Dicas de prevenção
Segundo a Secretaria de Saúde, os cuidados para se prevenir de acidentes com aranhas e escorpiões envolvem: manter o quintal e o jardim limpos; evitar plantas ornamentais, e manter a grama aparada; sempre ensacar o lixo; sacudir roupas e calçados, antes de usá-los; evitar que as roupas de cama e cortinas encostem ao chão; não utilizar árvores para pendurar os varais; rebocar o muro se ele for de tijolo vazado para cobrir furos e fendas; manter sótãos e porões limpos e organizados; e colocar tela nos ralos ou utilizar plástico para vedação após a utilização deles.
Para prevenir acidentes com serpentes, o uso de botas de borracha com cano alto ao percorrer locais com mato e arbustos, assim como na remoção de materiais de construção, é indicado; não acumule madeiras e outros materiais que possam servir de abrigo para as cobras; redobrar o cuidado quando for percorrer florestas e matas; evitar passeios noturnos em áreas onde há floresta; manter o terreno de moradia limpo; e não matar seriemas, gaviões, corujas e gambás, porque os animais são os principais predadores naturais das serpentes.
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