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Amnésia política

Mauro Peralta é médico e está vereador

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A amnésia é a perda da memória, da capacidade de lembrar das promessas feitas, das experiências anteriores e, às vezes, até de quem somos e dos nossos sonhos. Como diz o poeta, quem perde seus sonhos morre mesmo estando vivo. Felizmente, a amnésia é rara na população em geral, surgindo muitas vezes após um trauma físico, como acidentes com pancadas na caixa craniana que atingem o cérebro. Pode também ter origem emocional, após uma grande perda. No entanto, não sabemos o motivo dessa patologia ser endêmica em políticos, tanto na nossa cidade quanto no nosso país.

Na última quinta-feira, participei de uma audiência na 4ª Vara Cível sobre o atendimento dos doentes renais e sobre a fila de ortopedia no Hospital Santa Teresa. A sessão foi magnificamente presidida pelo douto juiz Dr. Jorge Luiz Martins Alves, com a participação da promotora Dra. Vanessa Katz, do CEO do Hospital Santa Teresa, Sr. Wilson Carnevalli, e da secretária de saúde do estado do Rio de Janeiro, Dra. Claudia Mello, funcionária de carreira concursada com 23 anos de trabalho público, especialista em gestão e geriatria, e sua equipe, além do secretário de saúde do município e do secretário de administração de nossa cidade. Durante a audiência, ficou evidente a incapacidade de nossa cidade em prestar atendimento de urgência e de alta complexidade e, o que é pior, a inépcia da gestão. Tudo que é público custa mais caro. Assim, conforme confirmado pelos pacientes, o atendimento no Santa Teresa é melhor e mais barato do que o realizado em hospitais públicos. Ficou evidente a burocracia que aumenta os custos e outras mazelas pelas quais passam os contribuintes petropolitanos.

Não nos esqueçamos que o atual vice-prefeito, o petista Paulo Mustrangi, quando foi prefeito, disse que mesmo sem ser médico seria o prefeito da saúde. Infelizmente, esqueceu a promessa ou talvez tenha esquecido de mencionar que seria apenas da saúde da família dele. A briga do gestor municipal contra o gestor estadual mostra que nós, a população, somos os mariscos na luta do mar contra o rochedo. O município não quer construir um serviço de urgência real, com ortopedia e cirurgia, e apenas ganha tempo. Eu mesmo acho que não deveria, pois não teria condições de administrar e seu custo seria muito maior que o da iniciativa privada. Não há nada que o governo faça que a iniciativa privada não seja capaz de fazer melhor e mais barato. O Estado não nos serve, ele se serve de nós.

É urgente que o prefeito Rubens Bomtempo pare de gastar tão mal o nosso dinheiro, criando secretarias inúteis, mantendo 750 cargos de livre nomeação para apaniguados, muitos sem competência, e com empresas de economia mista como COMDEP e CPTrans, verdadeiros elefantes brancos, com dívidas enormes. Sem falar no INPAS, um esquema de pirâmide que, se nada for feito, explodirá em menos de 10 anos. As filas de exames continuam. As promessas de campanha se esvaíram no ar, numa hemorragia sem controle. Não podemos ficar até dezembro com medo de que o Santa Teresa deixe de atender ao SUS, deixando para o próximo prefeito um caos anunciado. Espero sinceramente que aconteça um milagre e o prefeito, que é médico, recupere a memória e se lembre das promessas da campanha de 2020 e as execute. Não é possível que um novo canto das sereias continue a iludir quem trabalha, paga impostos e não recebe o atendimento digno que merece. Sonhar é possível. Rezar é imprescindível. Cobrar é nossa obrigação.

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