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Ansiedade, tremores e bloqueios: como enfrentar o medo de falar em público?

Foto: Divulgação
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Bruna Nazareth

Os pensamentos não param. A falta de apetite ou o excesso de comida se torna rotina. As noites, antes reservadas para o descanso, viram longas noites em claro, enquanto a ansiedade se torna incontrolável. E quando o dia chega, a boca fica seca, o corpo treme ou fica paralisado, os batimentos cardíacos disparam, tudo isso desencadeado pelo medo de falar em público. Estar diante de olhares atentos, que analisam cada palavra e movimento, pode ser aterrorizante.

Transtornos como glossofobia, medo de falar em público ou de se expressar verbalmente, ansiedade social, depressão e até dificuldades na comunicação, como a gagueira, podem dificultar a fala diante de uma plateia.  Essas condições podem surgir por diversos motivos, incluindo experiências negativas passadas, como falhas em apresentações ou críticas severas, além de fatores genéticos, emocionais e psicológicos.

O fonoaudiólogo e especialista em Comunicação e Oratória Simon Wajntraub, criador do método "Porrada Terapia" explica que uma das estratégias para superar essa dificuldade é criar situações reais e práticas. Além disso, a terapia comportamental pode ser uma aliada nesse processo. Investir em aulas de teatro ou em cursos de oratória são alternativas eficazes para desenvolver mais confiança ao falar em público.

“Quando a pessoa vai para uma apresentacao em publico, ela tem que se preparar. Os pacientes que chegaram aqui ja estiveram no meio de uma palestra e comecaram a travar, a ficar nervoso. E com isso comecam a olhar para o chao, olhar para o teto, nao consegue olhar para as pessoas, comeca a se enrolar. A questão é que tem que se preparar la na faculdade, tinha que ter essa cadeira de oratoria na faculdade para a pessoa sair pronta para falar em publico. Aqui quando voce tem que se apresentar no trabalho, falam “Deus me livre!” ou bebe ou  toma remedio. Entao, é um treinamento continuo”

Pesquisas apontam que o medo de falar em público pode ser ainda mais intenso do que o temor da morte para muitas pessoas. Um levantamento realizado pelo jornal Sunday Times, no Reino Unido, em 2015, revelou que 41% dos ingleses temem enfrentar uma plateia mais do que a própria morte.  No Brasil, um estudo, elaborado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) , apontou que 60% dos estudantes brasileiros também sofrem com esse medo extremo.

Esse receio pode impactar profundamente a vida de diferentes pessoas, levando algumas a recorrer a remédios ou álcool para se sentirem mais à vontade. Até mesmo profissionais qualificados, como mestres e doutores, podem enfrentar dificuldades para se expressar com confiança, o que pode comprometer suas oportunidades de crescimento.

“Varias pessoas quando recorrem ao meu tratamento, ao meu curso de oratoria, elas tem mestrado, doutorado, MBA ou pos-doutorado. Mas, na hora da entrevista eles nao passam, porque eles sao timidos e inseguros. Outros, são pacientes alcoolatras, onde vao para a faculdade apresentar um trabalho e bebem alcool de manha cedo para conseguir falar”

Superar esse medo e controlar os sintomas, não se resume apenas a falar em público, mas sim ao preparo constante. Algumas técnicas iniciais podem ajudar no processo. Como destaca o especialista, a própria pessoa pode aplicar no dia a dia a gravação de áudio em aplicativos de mensagem, como o Whatsapp. Ler em voz alta para melhorar a articulação e o controle vocal, além de se desafiar a participar de reuniões, podem ajudar a sair da zona do medo e o vencendo aos poucos.

*Com informações da revista-laboratório Sextante da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

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