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Anvisa alerta para alisadores de cabelo irregulares, sobretudo aqueles com formol

Dentre as principais complicações do formol e do ácido glioxílico, estão: asma ocupacional, lesão renal aguda e risco aumentado de câncer de vias aéreas superiores, diz dermatologista

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mariana Machado estagiária

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um alerta, nessa segunda-feira (7), para o uso de alisantes capilares não aprovados pela agência, principalmente aqueles que contêm substâncias proibidas para este uso, como o formol e o ácido glioxílico, que podem causar irritações na pele, coceira, queimaduras e até mesmo problemas respiratórios.

Com isso, a Anvisa deu início à operação “Alisamento seguro”, com o objetivo de verificar as condições sanitárias dos fabricantes e a regularidade dos produtos, para identificar se há situações de risco à saúde dos usuários.

A Anvisa ressalta que esses produtos precisam ser avaliados previamente e aprovado, para então serem comercializados. Em junho, foram realizadas fiscalizações em sete estabelecimentos no estado de São Paulo, onde inspetores encontraram problemas graves de boas práticas de fabricação, e cinco estabelecimentos foram interditados durante a ação.

Dentre as irregularidades encontradas, as equipes localizaram quantidades de ácido glioxílico incompatíveis com a produção dessas empresas. “Em uma das empresas, a documentação apontou o recebimento de 35 toneladas de ácido glioxílico sem qualquer registro de rastreabilidade ou destino do insumo”, informa a publicação. A Anvisa reforça que esta substância, assim como o formol, não tem autorização para ser utilizada com a função de alisamento capilar.

A dermatologista e professora da UNIFASE/FMP, Dra. Luciana Velloso, diz que as principais complicações associadas ao uso de formol e ácido glioxílico para alisamento capilar são: risco aumentado de câncer de vias aéreas superiores, asma ocupacional, lesão renal aguda (particularmente com ácido glioxílico), além de danos estruturais ao cabelo. Este uso das substâncias pode causar complicações para a saúde, tanto dos clientes expostos quanto para os profissionais.

Sobre o uso do formol, especificamente, ela afirma que ele “é reconhecidamente tóxico e cancerígeno. A exposição ocupacional, mesmo a baixas concentrações, pode causar alterações no DNA, o que está associado ao desenvolvimento de neoplasias, especialmente câncer de nasofaringe e cavidade nasal”.

“Do ponto de vista respiratório, a exposição ao formol pode desencadear asma ocupacional, com relatos de casos de desenvolvimento de asma em profissionais expostos repetidamente durante procedimentos de alisamento. Outros efeitos agudos incluem irritação ocular, nasal e de vias aéreas superiores”, acrescenta a dermatologista.

Quanto ao ácido glioxílico, a especialista afirma que é frequentemente utilizado como alternativa ao formol, mas também apresenta riscos. “Embora seja considerado menos agressivo para a haste capilar do que o formol, há relatos de lesão renal aguda grave associada ao uso de produtos de alisamento contendo derivados de ácido glioxílico”, explica.

Os sintomas iniciais podem incluir náuseas, vômitos, dor abdominal e, em alguns casos, lesão cutânea no couro cabeludo. Além disso, ambos os agentes, formol e ácido glioxílico, causam danos estruturais à fibra capilar, incluindo redução da resistência à tração e lesão da superfície do fio, sendo o dano mais pronunciado com o formol.

O que o consumidor deve fazer

Um dos problemas graves identificados diz respeito a embalagens de matéria-prima sem rotulagem ou sem identificação de lotes. Esta falha compromete a rastreabilidade dos produtos, necessária, por exemplo, em situações em que é preciso identificar se um determinado cosmético recebeu uma matéria-prima contaminada.

Por isso, é importante estar atento às embalagens e descrições dos produtos, e certificar-se de que o produto é autorizado pela Anvisa para o alisamento capilar.

De acordo com as orientações da Anvisa, o primeiro passo para fazer o uso correto de produtos para alisar e ondular o cabelo é consultar se eles estão registrados. No site da agência, é possível consultar todos os alisantes de cabelo corretamente registrados no Brasil.

Para realizar a consulta, é preciso ter em mãos o número do processo (Nº Anvisa) ou nome do produto, ou realizar a pesquisa pelo nome ou CNPJ da empresa detentora do registro. Para realizar a pesquisa pelo Nº Anvisa, digite conforme o seguinte modelo: “25351.XXXXXX/20XX-XX”. O número do processo é obrigatório na rotulagem de produtos cosméticos.

Como o número do processo também consta na rotulagem de produtos cosméticos notificados, muitas empresas notificam produtos alisantes de forma irregular apenas para aparentar que seu produto está regularizado na Anvisa. Entretanto, alisantes devem ser registrados e não notificados.

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