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Após reformas, Palácio Gustavo Capanema será reaberto no Rio

Proposta do Ministério a Cultura é abrir o prédio à população

Foto:  Tomaz Silva/Agência Brasil
Foto:  Tomaz Silva/Agência Brasil

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil

O Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, construído entre 1937 e 1945 para ser a sede do Ministério da Educação e Saúde Pública, será reinaugurado no próximo dia 20 de maio. O prédio instalado em uma área de 27.536 m² será entregue após um período de obras de restauro da estrutura e preservação do valor histórico, que começaram em fevereiro de 2019.

Após a reforma, o local voltará a abrigar unidades de órgãos do Ministério da Cultura (MinC), como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Biblioteca Nacional do Brasil, Casa de Rui Barbosa e a Funarte, o único que terá a sua sede no local.

Com a renovação, a proposta do MinC é abrir o Capanema à população, que poderá visitar áreas com as atividades administrativas do Ministério e suas instituições vinculadas.

“Não é só memória, mas está direcionado também com o futuro, principalmente, para as novas gerações entenderem a construção, o que significa o modernismo, todos os artistas envolvidos nessa coisa maravilhosa que é o Palácio Capanema. Tem a ver com nossa alma e o futuro do Brasil”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes, em visita guiada ao prédio nesta terça-feira.

Margareth Menezes acrescentou que essa é uma decisão política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de valorizar a área cultural do país.

“A entrega do Capanema pontua a volta do Ministério da Cultura, os 40 anos do Ministério da Cultura e a abertura desse lugar maravilhoso à sociedade brasileira e internacional”, apontou.

Investimento

Por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), as obras de conservação e modernização interna somaram um investimento total do governo federal no valor de R$ 84,3 milhões e incluíram a recuperação do mobiliário e dos jardins, conduzida pelo Iphan. As instalações elétricas, sanitárias, hidráulicas e de combate a incêndio, além do sistema de vigilância foram refeitas. Nos espaços internos houve recuperação de pisos, móveis, luminárias e persianas.

O projeto de construção do que é considerado um dos maiores símbolos da arquitetura moderna no mundo, foi liderado pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa, que convidou outros profissionais da sua área como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos e ainda contou com consultoria do arquiteto, urbanista, escultor e pintor suíço naturalizado francês, Le Corbusier.

Instalações

O edifício de 16 andares tem em alguns deles painéis do artista plástico Cândido Portinari. No segundo pavimento, onde está o gabinete da ministra, há uma saída para os jardins idealizados pelo paisagista brasileiro Roberto Burle Marx. A presença de obras de arte no local é motivo da inscrição das suas instalações no Livro do Tombo das Belas Artes em 1948.

No andar da da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) vai funcionar a Biblioteca Euclides da Cunha e guardará ainda partituras históricas de músicas brasileiras e internacionais.

“Todos agora terão livre acesso a essa biblioteca pública com empréstimos e salas de leitura. É um lugar de acolhimento extraordinário no centro da cidade do Rio de Janeiro em um momento tão importante e crucial para nós que é o Rio capital mundial do livro”, disse o presidente da FBN, Marco Lucchesi.

Outro órgão que estará representado no Capanema é a Fundação Casa de Rui Barbosa, que tem sede em Botafogo, na zona sul do Rio. A ligação da instituição com o Palácio Capanema é o poeta Carlos Drummond de Andrade, que foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema e é o patrono do arquivo museu de literatura brasileira da Casa de Rui Barbosa.

“A gente vai ter muita alegria de poder trazer o Drummond de volta a este prédio. Seus objetos pessoais, tudo será transformado em espaço expositivo aqui no Palácio Gustavo Capanema”, disse o presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini.

A Funarte, que tem sede no prédio desde os anos 90, segundo a presidente Maria Marighella, volta à sua casa.

“A Funarte ocupará três andares do Capanema entendendo as artes como riqueza do país e patrimônio do povo brasileiro, portanto, essa também será a casa das artes no Capanema.

Resistência

Mesmo quando precisava de reformas, o Capanema se tornou um marco de resistência uma vez que ali ocorreram movimentos de defesa da cultura. Em 2016, uma ação organizada pela sociedade contra o fim do Ministério da Cultura pelo governo do então presidente Michel Temer, manifestantes fizeram no térreo o Ocupa MinC.

Em 2021, foram realizados protestos contra o desmonte do MinC e à inclusão do Palácio Gustavo Capanema na lista de imóveis que seriam leiloados pelo governo de Jair Bolsonaro. Com a repercussão negativa, o executivo federal tirou o Palácio do feirão de imóveis para a venda.

Para a ministra Margareth Menezes, o longo tempo de realização das obras foi resultado dos percalços e desprestígio da cultura no Brasil durante estes períodos. Segundo ela, o Brasil sofreu um desmonte cultural desde 2016, incluindo o Ministério e todas as estruturas de governança.

Premiação

A ministra destacou que no dia 20 haverá uma outra retomada na área da cultura do Brasil. Depois de ficar desde 2018 sem ser concedido, o governo federal por meio do MinC voltará a entregar a Ordem ao mérito cultural. “Será aqui neste espaço com a presença do presidente Lula. Será um grande momento de festa”, afirmou, acrescentando que a lista com 100 agraciados será divulgada em breve pelo Ministério.

“Nós vamos voltar com a Ordem ao mérito cultural, serão 100 pessoas neste primeiro momento e no ano próximo mais 100 para a gente poder cobrir aqueles anos que não foram reconhecidos os méritos das pessoas que colaboram com a cultura brasileira e essa construção maravilhosa da nossa diversidade cultural”, completou.

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