Edição anterior (3700):
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024


Capa 3700

As cassações dos opostos na política

Foot: Roberto Jayme / TRE
Foot: Roberto Jayme / TRE

Mauro Magalhães - Ex-deputado e empresário

Todas a vezes em que o calendário me informa que a data é 13 de dezembro,  eu me lembro do dia em que o ex-presidente e Marechal Costa e Silva assinou o Ato Institucional Número 5.

Nesta sexta-feira, dia 13 de dezembro,  políticos e personagens históricos que participaram da história brasileira,  nos anos 60 e nas décadas posteriores,  além de jornalistas, historiadores,  entre outros,  inevitavelmente,  lembram do AI-5  .

Eu, que tenho 89 anos (farei 90, no final de março), tinha 33 anos,  quando Costa e Silva assinou o AI-5, em 13 de dezembro de 1968.

Eu era deputado estadual. Havia sido reeleito, em 1966 (minha primeira eleição foi em1962, pela UDN de Carlos Lacerda).

Lacerdista de carteirinha,  eu e vários ex-udenistas entramos no MDB e participamos do Movimento A Frente Ampla,  liderado por Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda e João Goulart,  para que as eleições presidenciais voltassem a acontecer  .

Muita gente afirma que o decreto assinado por Costa e Silva, o AI-5,  aconteceu, principalmente,  para frear o processo de abertura idealizado pela Frente Ampla firmada por Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda  .

Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek eram os candidatos à presidência da República, nas eleições de 1965, que não aconteceram por causa da deposição de Jango, em 1964, e da mudança do regime,  com a posse do Marechal Castelo Branco, como presidente da República.

Os encontros de Carlos Lacerda com  Juscelino Kubitschek e João Goulart,  no exílio,  incomodaram muito.

Além das manifestações estudantis, em 1968, da morte do estudante Edson Luís,  no Rio de Janeiro,  da Passeata dos Cem Mil, e da formação da Frente Ampla,  contra a eleição indireta, Ato Institucional número 5 foi assinado, de acordo com os militares governistas e com a imprensa da época,  por causa de um discurso proferido, na Câmara Federal, em Brasília, pelo deputado Márcio Moreira Alves, que eu conheci,  quando surgiu o MDB, com o bipartidarismo, em 1966 .

Bem-nascido,  de família aristocrata,  Márcio Moreira Alves discursou, em setembro de 1968, no dia 7, dia da Independência do Brasil.

Em seu discurso, no Plenário da Câmara dos Deputados,  Márcio Moreira Alves convocou a população a boicotar os desfiles de 7 de setembro.

Ele também disse que as moças não deveriam namorar, nem dançar, com jovens do Colégio Militar.

Eu pude rever e estar, novamente, com Márcio Moreira Alves, quando os opostos que se uniram na fase da Frente Ampla, voltaram a se juntar,  nas eleições de 1986, que fortaleceram a candidatura de Moreira Franco para o governo do Estado do Rio de Janeiro , pelo PMDB.

Só sei que,  por causa do Ato Institucional número 5, eu perdi meus direitos políticos e fui cassado,  em abril de 1969, em decreto assinado pelo Marechal Costa e Silva.

Eu já imaginava que seria cassado,  no dia em que foi anunciado o Ato Institucional Número 5.

O pai de Márcio Moreira Alves havia sido prefeito de Petrópolis, cidade com a qual sempre me identifiquei, desde que meu pai foi trabalhar no hotel Quitandinha e eu ainda era criança.

Lembro bem do impacto causado,  quando o Ato Institucional Número 5 foi lido, em cadeia de rádio e televisão, pelo ministro da Justiça, Luis Antônio Gama e Silva,  na noite de 13 de dezembro de 1968.

O AI-5 cassou políticos que estavam em lados opostos,  antes de 1964.

Lacerdistas,  juscelinistas, janguistas,  todos, foram atingidos pelo AI-5,  inclusive eu,  que tive a honra de participar do Movimento A Frente Ampla.

Em 1979, voltamos a ter nossos direitos políticos, de volta. Mas,  naquele ano (de 1979), Juscelino,  Lacerda e Jango já tinham morrido  .

Edição anterior (3700):
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024


Capa 3700

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral