Edição anterior (3999):
domingo, 07 de setembro de 2025


Capa 3999

As vantagens e desvantagens do uso da Inteligência Artificial (IA)

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Jaqueline Gomes

Há alguns anos, quando se pensava em futuro, o imaginário da população previa carros voadores, robôs que fariam tarefas domésticas e outros produtos revolucionários. O que não se imaginava era que os computadores teriam uma superinteligência. Quando falamos de Inteligência Artificial (IA), estamos nos referindo a sistemas computacionais que conseguem realizar tarefas que tradicionalmente dependiam da inteligência humana.

“Não estamos falando de robôs conscientes ou máquinas pensantes como nos filmes de ficção científica a realidade é bem mais prática. São algoritmos e modelos matemáticos sofisticados que processam dados, identificam padrões e tomam decisões de forma autônoma. Pense na IA como uma ferramenta extremamente poderosa de processamento e análise, capaz de aprender com experiências anteriores e se adaptar a novas situações”, explica o especialista em inteligência artificial, Daniel Bichuetti.

Com isso, muitas empresas já estão utilizando esta tecnologia para revolucionar seus processos. No entanto, é preciso saber a melhor forma de implementar a IA no ambiente de trabalho. “A chegada da IA em uma empresa não precisa ser uma revolução da noite para o dia. Na verdade, funciona melhor quando tratada como uma evolução gradual. O segredo está em começar identificando aqueles processos que consomem tempo demais, são repetitivos ou geram montanhas de dados que ninguém consegue analisar adequadamente”, orienta o especialista.

“Depois de mapear essas oportunidades, você tem várias opções: pode contratar uma solução pronta através de plataformas SaaS (que são mais rápidas de implementar), desenvolver algo customizado internamente (se tiver equipe para isso), ou integrar APIs de IA nos sistemas que já usa. O mais importante e muitas vezes esquecido é preparar as pessoas. Sem treinamento adequado e sem conquistar a confiança da equipe, até a melhor tecnologia pode fracassar”, analisa Daniel.

Segundo ele, o impacto da IA nas empresas vai muito além da simples automação. “Imagine liberar sua equipe daquelas tarefas maçantes e repetitivas para que possam finalmente se dedicar ao que realmente importa: pensar estrategicamente, criar, inovar. Essa é talvez a maior transformação que a IA proporciona”, considera.  “Além disso, estamos falando de decisões mais fundamentadas. Com a capacidade de processar volumes massivos de dados em segundos, a IA revela padrões e tendências que passariam despercebidos mesmo pela equipe mais atenta. E isso se traduz diretamente em economia menos erros,  menos retrabalho, processos mais eficientes”, completa.
No relacionamento com clientes, a mudança é igualmente significativa. Desde recomendações personalizadas até suporte disponível 24 horas, a IA permite criar experiências únicas para cada pessoa, algo impensável em escala antes dessa tecnologia.

Quais as desvantagens?

Contudo, essa evolução também gera preocupações sobre a substituição de empregos e o impacto na rotina dos trabalhadores. Além disso, a integração da IA levanta debates sobre ética, privacidade e o papel do fator humano nas atividades profissionais. Profissionais e empresas se veem diante do desafio de lidar com essas transformações e avaliar se os ganhos em produtividade compensam os possíveis riscos e limitações da tecnologia.

“As questões éticas merecem atenção especial. Estamos lidando com privacidade, com o risco de perpetuar preconceitos históricos através de algoritmos, com a responsabilidade sobre decisões automatizadas. São discussões complexas que não têm respostas fáceis”, alerta Daniel Bichuetti.

Há também a questão do investimento com a tecnologia. “O investimento inicial pode ser considerável, não apenas em tecnologia, mas em toda a infraestrutura necessária e, principalmente, na capacitação das pessoas. E há uma verdade inconveniente: a IA é tão boa quanto os dados que a alimentam. Dados ruins ou enviesados produzem resultados igualmente problemáticos”, considera. “E existe também a questão técnica: manter e operar sistemas de IA exige expertise especializada. Não é algo que você configura uma vez e esquece requer acompanhamento constante, ajustes, atualizações”, afirma o especialista.

Os setores que utilizam mais a IA

O setor de tecnologia, naturalmente, lidera essa corrida, não apenas usando, mas, desenvolvendo as ferramentas que outros setores adotam.

No setor financeiro, a IA já é parte integral das operações diárias desde a detecção de fraudes em tempo real até a análise de risco de crédito e consultoria automatizada. Segundo Daniel, na Saúde, há avanços impressionantes em diagnósticos por imagem, descoberta de medicamentos e medicina personalizada.

O varejo, de acordo com ele, revolucionou a experiência de compra online através da IA, com recomendações precisas, gestão inteligente de estoque e previsão de demanda. E na manufatura, a manutenção preditiva e o controle de qualidade automatizado já são realidade em muitas fábricas.

“Para jornalistas, a IA chegou como uma assistente valiosa, não como substituta. Ela já está gerando automaticamente notícias factuais simples pense em resultados esportivos, relatórios financeiros trimestrais, boletins do tempo. Isso libera repórteres para investigações mais profundas e matérias que exigem sensibilidade humana”, comenta o especialista, que completa: “A personalização de conteúdo também mudou o jogo. Podemos entender melhor o que cada leitor busca, quando prefere consumir conteúdo, que formato funciona melhor. E na verificação de fatos crucial nos tempos atuais ferramentas de IA ajudam a identificar inconsistências e potenciais fake news com velocidade impressionante”, comemora.

Daniel considera que na análise de dados, a transformação é ainda mais evidente. “Conseguimos processar bases de dados gigantescas, identificar conexões que levariam meses para descobrir manualmente, criar visualizações complexas que tornam informações densas mais acessíveis ao público”, diz.

O impacto no mercado de trabalho

Com o avanço da IA, muitos se preocupam com o aumento do desemprego, já que acreditam que a tecnologia pode substituir mão de obra humana. “Essa é a pergunta que todos fazem, e a resposta é mais nuançada do que parece.

A IA não está simplesmente eliminando empregos está transformando o mercado de trabalho de forma profunda. Sim, algumas funções muito repetitivas e previsíveis tendem a ser automatizadas. Mas, ao mesmo tempo, surgem novas profissões que nem existiam há cinco anos: engenheiros de prompts, especialistas em ética de IA, curadores de dados, treinadores de modelos de linguagem”, pondera o especialista no assunto.

Segundo ele, o verdadeiro desafio não é o desemprego em massa, mas a velocidade da mudança. “Profissionais de todas as áreas precisam se adaptar, desenvolver novas competências. O foco se desloca para habilidades genuinamente humanas: pensamento crítico, criatividade, empatia, capacidade de resolver problemas complexos e ambíguos”, orienta.

Daniel  Bichuetti  acredita que a IA funciona melhor como parceira, não como substituta. “Ela cuida do operacional, do repetitivo, do processamento massivo de dados. Nós, humanos, ficamos com o estratégico, o criativo, o que exige nuance e sensibilidade. É uma redistribuição de papéis, não uma eliminação. E aqueles que entenderem isso mais cedo estarão melhor posicionados nessa nova realidade”, conclui.

Edição anterior (3999):
domingo, 07 de setembro de 2025


Capa 3999

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral