Bruna Nazareth - especial para o Diário
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) divulgou na segunda-feira (15) alguns dados baseados em informações da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) que mostram um aumento de quase 80% no número de brasileiros com restrições na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) devido a problemas de visão nos últimos dez anos. Em 2014, 14,4 milhões de motoristas só podiam conduzir veículos com o uso obrigatório de óculos ou lentes de grau. Esse grupo inclui ainda pessoas com restrição para dirigir após o pôr do sol e aquelas com visão monocular (visão igual ou inferior a 20% em um dos olhos). Em 2024, esse total já alcança 25,4 milhões, um aumento de 77%.
Atualmente, as restrições visuais representam 91% de todas as anotações aplicadas às 27,9 milhões de CNHs emitidas no Brasil.
Esses números alarmantes ressaltam a importância da saúde ocular e a necessidade de conscientização sobre os riscos e a prevenção. Diante desse cenário, o oftalmologista e professor do Idomed Alagoinhas-BA, Breno Leão, explica o porquê é fundamental que motoristas realizem exames oftalmológicos periódicos e esclarece com que frequência devem ser feitos.
É fundamental que os motoristas realizem exames oftalmológicos de forma periódica, pois o principal sentido que utilizamos quando estamos dirigindo é a visão. É óbvio que a gente utiliza concomitantemente principalmente a audição, mas a visão é o principal sentido que demanda para poder conduzir um veículo. Então, é importante que os motoristas realizem a consulta oftalmológica de rotina, a atualização da refração, quem já faz uso dos óculos, atualizar a refração do óculos e trocar o óculos pelo menos, no máximo, a cada um ano e meio, afirma.
Este compartilha alguns exames essenciais e que são recomendados para garantir uma boa saúde ocular.
Outros exames que têm que ser realizados é o tonometria, que é para medir a pressão do olho, o exame de retinografia, que é uma foto do fundo do olho para monitorar como está o nervo óptico e a retina no polo posterior. A campimetria visual também é um exame muito importante, pois ajuda a identificar se há alguma perda no campo periférico da visão, se tem alguma perda isolada, além de diagnosticar o glaucoma, que também é importantíssimo em casos de motorista, principalmente porque o glaucoma afeta a visão periférica
Além dos exames regulares, os motoristas devem prestar atenção a alguns sinais que indicam a necessidade de atualizar suas prescrições ou trocar os óculos. Um desses sinais é o cansaço visual ao dirigir, que força a visão para enxergar de longe e ler placas à distância. Esse esforço pode causar incômodo e dor de cabeça, condição conhecida como astenopia.
Em relação às lentes, pode ser que o grau não tenha mudado, mas elas podem estar desgastadas ou arranhadas, indicando a necessidade de substituí-las. Ao perceber sinais de desconforto visual ou problemas com as lentes, é recomendado procurar um oftalmologista para uma avaliação de rotina.
Os riscos de uma visão ruim no trânsito
Para o Dr. Leão, ter uma visão clara e de boa qualidade é essencial para a segurança no trânsito. Pois os problemas de visão podem levar a situações perigosas, como acidentes que afetam tanto o motorista quanto outras pessoas.
O motorista com a baixa de visão, até consegue enxergar um veículo grande, como um caminhão, uma caminhonete, mas deixa de enxergar pedestres na rua, ciclistas, um obstáculo que está à sua frente, um buraco, um piquete, alguma obstrução na via e causar um acidente a terceiros, como uma colisão, um atropelamento. Assim como causar um acidente com ele mesmo, vir a colidir o próprio veículo, seja uma moto, seja uma bicicleta, seja um carro contra um obstáculo, contra um buraco na rodovia, e acabar tendo um acidente tanto com prejuízos materiais, quanto prejuízos físicos a si próprio e a terceiros. A segurança viária é primordial e demanda principalmente de uma boa visão, justamente para enxergarmos tanto os motoristas terceiros que estão na via compartilhada, quanto enxergar pedestre, ciclistas, assim como obstáculos e outros que podem surgir na linha de visão do motorista, enfatiza.
Hábitos saudáveis
Segundo o oftalmologista, hábitos de vida saudáveis são essenciais não apenas para a boa visão, mas também para a saúde geral. Portanto, no que diz respeito à saúde ocular, algumas práticas saudáveis podem ser benéficas.
O tabagismo e o consumo excessivo de álcool podem provocar alterações no olho, que é chamado de retinopatia. A privação de algumas vitaminas, como vitamina A, vitamina B, a zeaxantina, a luteína também, pode desenvolver alterações na retina. Então, manter hábitos alimentares saudáveis, hábitos de vida saudável, prática de exercício físico, a redução ou até mesmo a exceção do tabagismo e do consumo excessivo de álcool, é importante na preservação da qualidade visual. O uso do óculos é imprescindível para quem tem qualquer alteração da refração, as chamadas ametropias, que é justamente o tipo de grau, é fundamental que faça uso dos óculos ou das lentes corretivas para corrigir essas ametropias, para melhorar a qualidade visual e, consequentemente, melhorar a segurança do tráfego, ressalta.
Para os motoristas expostos à luz solar e com sensibilidade à luz excessiva, é fundamental usar óculos esportivos durante o dia. Sendo assim, o Dr. Leão recomenda o uso de óculos de proteção solar, que possuem lentes escuras. Para a noite, ele sugere lentes com filtro amarelo, específicas para uso noturno, que não devem ser usadas durante o dia, mas que ajudam a reduzir o incômodo causado pelos faróis dos carros à noite. E para quem usa óculos convencionais, vale a pena optar por lentes com anti-reflexo e filtro de luz azul, que melhoram o conforto visual tanto em relação à claridade do painel do carro quanto a dos faróis dos veículos no sentido contrário.
*Com informações da Agência Brasil
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