Edição anterior (3434):
terça-feira, 02 de abril de 2024


Capa 3434

AUTISTA e ARTISTA: a jornada criativa de Francisco, um artista mirim que convive com o autismo

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Bruna Nazareth - especial para o Diário

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo é comemorado no dia 2 de abril, seu objetivo é aumentar a busca pela compreensão sobre o espectro autista, bem como destacar suas necessidades e direitos. Dentro desse contexto, Fabiane Kniest, mãe de Francisco, diagnosticado com autismo nível 1, compartilha as habilidades incríveis de seu filho em desenhos e esculturas, mostrando que há muito mais além da deficiência.

Ela relata que desde que Francisco era muito pequeno, percebeu-se que ele era um pouco diferente em comparação ao desenvolvimento de sua irmã, Laura Maria. Francisco apresentava estereotipias, movimentos repetitivos, além disso, percebeu que este demorou a falar, além de não demonstrar interesse em interagir com outras crianças. Com o passar dos anos e meses, tornou-se evidente que ele não seguia um padrão típico de desenvolvimento.

Na creche, no psicólogo e pediatra, eles diziam que cada criança tem o  seu tempo, que era para ficar tranquila, que não tinha nada, mas a gente ficava com aquela pulguinha atrás da orelha. Enfim, fomos atrás de um profissional e tivemos um diagnóstico, o que pra gente não foi uma surpresa. A gente já sabia que ele era autista, então para nós não teve nenhum choque, não teve nenhum suposto luto, que muitas famílias vivem por uma não aceitação e por uma questão de Por que comigo?. A gente nunca teve isso, sempre acolhemos. É amor incondicional, afirma Kniest.

Ao abordar as dificuldades enfrentadas diariamente, Fabiane compartilha que, embora não possa falar pelas dores alheias, para sua família, o maior incômodo surge das dificuldades externas, provocadas por outras pessoas.

A nossa dificuldade maior, na verdade, é externa. É do outro, da parte escolar que nós não vemos uma inclusão, da maneira que deveria ser feita. A gente tem que correr atrás das leis, pois elas só existem no papel, na prática elas não são executadas, então é dolorido. É doloroso ver colegas, porque ele não brinca da mesma maneira que eles estão acostumados, o Francisco  tem hiperfocos então ele gosta de falar de coisas específicas, então os colegas não entendem, não querem brincar com ele. Então essa dor é a que mais incomoda, porque você vê que ele não é muito incluído nas brincadeiras, por mais que muitas vezes ele não tá nem aí,  se ele tá feliz fazendo os hiperfocos dele, os desenhos, os jogos e as esculturas, ele não se preocupa muito. Mas ao crescer, ao virar um pré-adolescente, eu sei que isso vai incomodar, porque ele sente falta, destaca.

Fabiane também destaca que Francisco possui necessidades adicionais no ambiente escolar, contudo, ele não recebe uma monitora para acompanhá-lo, por exemplo, por causa de seu nível de autismo. Portanto, as autoridades da Secretaria de Educação acreditam que ele pode lidar sozinho, uma visão que a família discorda.

Uma brincadeira que levou à arte

Aos 7 anos de idade, Francisco demonstra uma habilidade notável na arte, criando desenhos perfeitos com papel e caneta, além de explorar a escultura com uma criatividade excepcional. Mesmo enfrentando os desafios do autismo, ele se destaca como um talentoso artista, produzindo desde rostos expressivos até complexas estruturas corporais. Sua arte é uma inspiração, revelando que o autismo não é um obstáculo para sua expressão criativa e talento.

Tudo começou a ficar mais intenso na época da pandemia, como tivemos que ficar em casa, tivemos que  inventar muitas coisas. E nós descobrimos que ele gosta de  brincar com massinha, então, eu comecei a fazer uma massinha caseira, com farinha, óleo e sal. Eu fazia um monte daquilo e dava para ele brincar. Ele até chamava o menino, que é nosso vizinho, para brincar junto e eu deixava eles sentados de tarde brincando, Ele tinha o menino do lado para brincar,  mas ele não interagia muito, ele queria pegar a massinha. E aí a gente vendo aquilo, percebemos que a massinha começava a ganhar uma forma, umas formas diferentes. Então a gente olhava e dizia Nossa, mas o que o que ele está fazendo, sobressaia o que o outro menino fazia. Ele começou a fazer uns bonecos muito legais, mas tudo ele, ele é muito alto ditadado, ressalta a mãe.

Desde os seus 4 anos, Francisco encontrou inspiração assistindo desenhos e tutoriais de esculturas no YouTube, onde aprendeu a criar estruturas corporais com arames e muito mais. Embora sua família ocasionalmente o auxilie nas esculturas, na maioria das vezes, ele é quem realiza todo o trabalho sozinho. Com uma capacidade notável, ele consegue transformar as imagens que gravou em sua mente em desenhos e esculturas perfeitas. Além disso, Francisco mantém um perfil ativo no Instagram, onde compartilha suas obras de arte com seus seguidores.

Edição anterior (3434):
terça-feira, 02 de abril de 2024


Capa 3434

Veja também:




• Home
• Expediente
• Contato
 (24) 99993-1390
redacao@diariodepetropolis.com.br
Rua Joaquim Moreira, 106
Centro - Petrópolis
Cep: 25600-000

 Telefones:
(24) 98864-0574 - Administração
(24) 98865-1296 - Comercial
(24) 98864-0573 - Financeiro
(24) 99993-1390 - Redação
(24) 2235-7165 - Geral