Neta do historiador Gustavo Ernesto Bauer compartilha sua jornada no primeiro grupo de dança germânica de Petrópolis
Bruna Nazareth - especial para o Diário
A Bauernfest é uma das festas mais marcantes de Petrópolis e o maior evento do gênero alemão na cidade, assim como, é considerada a segunda maior festa alemã fora da Alemanha no Brasil, perdendo só para a Oktoberfest de Blumenau. São mais de 34 anos que, através do evento, fazem homenagem a chegada e a cultura dos colonos alemães.
Sua primeira edição foi em 1990, realizada no centro da cidade e que hoje já teve inúmeras edições. Através da música, dança e comidas típicas, a história dos colonos alemães em Petrópolis é contada. Sua importância para a preservação da memória histórica, por meio das manifestações culturais apresentadas na festividade, é incontestável.
O começo de tudo
No início, o historiador e um dos fundadores do Clube 29 de Junho, Gustavo Ernesto Bauer, buscava trazer um pouco da cultura e da colonização alemã para a cidade. Essa busca não só enriqueceu culturalmente Petrópolis, mas também influenciou sua própria família. Inspirada por essa herança, Liane Bauer se inseriu nos grupos e eventos, dando início à sua jornada.
Em 1983, surgiu a ideia de realizar uma festa que pudesse divulgar a história e as tradições dos colonos em Petrópolis através da música, dança e dos tradicionais pratos da culinária germânica. Assim, durante três dias daquele ano, foi realizado o primeiro evento denominado "Festival Germânico". O local escolhido foi o Palácio de Cristal, onde está afixado o cruzeiro que marca a chegada dos pioneiros.
Desde que era Festival de Cultura Germânicas de Petrópolis a festa era dentro e no entorno do Palácio de Cristal, eram barracas feitas pelas famílias, relata Liane.
Com os anos, o Clube 29 de Junho e demais organizadores estabeleceram uma parceria com a Prefeitura de Petrópolis, e juntos lançaram o formato da atual Bauernfest, um dos eventos mais importantes do calendário turístico e cultural da cidade. O nome da festa é uma homenagem a Gustavo Ernesto Bauer, sugerido por sua neta, Liane Bauer.
Nessa época, estava começando uma conversa do Clube 29 Junho com a Prefeitura, que ia comprar a festa do 29, mas que este iria continuar sendo o gestor de todo a parte cultural. Nisso, precisávamos de um nome. Eu estava no meio da conversa e falei 'Eu tenho um nome.' Perguntaram 'Qual é?' e eu respondi 'Bauernfest'. O Bauer era o meu avô, então foi uma forma de homenageá-lo, de manter o legado dele," conta Liane.
Bauer é aquele que constrói ou que lavoura, camponês. Assim, o nome da festa guarda também essa relação com os trabalhadores rurais.
Grupo Folclórico Germânico Bergstadt
Liane conta que, no início da Bauernfest, grupos de dança germânica vinham de outras localidades para se apresentar no evento, o que a fez se encantar pelos movimentos e se interessar pelo mundo da dança germânica. Um desses grupos foi Böhmerwald, de São Bento do Sul.
Em um almoço do 29 de Junho, fui conversar com um casal de gestores do Beneval e perguntei Como é que se monta um grupo de dança?. Chamaram o seu filho e pediram para ele me ensinar polca, valsa e mazurca. Ele me ensinou e falaram que quando eu tivesse os três passos ensaiados, era para chamar o casal que eles iriam me ensinar a bailar as coreografias. E assim foi
Incentivados pelo grupo e rodeados por várias pessoas interessadas, Liane, Lia, Josemar e Emygdia Hoeltz, que era a presidente do 29 de Junho, se uniram e formaram o primeiro grupo de dança germânica de Petrópolis, o Bergstadt, fundado em 25 de agosto de 1990, cujo nome significa Cidade das Montanhas. O objetivo do grupo era resgatar as tradições trazidas pelos antepassados germânicos através do cultivo de danças e músicas folclóricas alemãs. Segundo relatos de Liane, a primeira apresentação do grupo foi em uma Associação de Contabilistas.
Atualmente, os filhos de Liane continuam as tradições familiares ao participarem de grupos de dança na Bauernfest. Este ato, transmitido de geração em geração, emociona Liane ainda mais ao ver a continuidade desta tradição.
Isso é tipo aquelas receitas que você passa no pé do ouvido para os seus filhos, que isso aqui eu vou ensinar para você, mas não passa para mais ninguém. Não é uma coisa que você faz como uma instrução. É algo que você vive, daquilo que você conta, das experiências que você tem, as emoções que você carrega, de alguma forma os seus filhos vão vendo. Eles vão se inspirando, eles vão tendo vontade, eles vão ouvindo a história da família relata emocionada.
Liane conta que uma de suas memórias mais marcantes foi quando ela e o grupo de dança se apresentaram em um palco montado sobre o rio na Praça da Confluência, assim chamada por ser o ponto de encontro dos rios Quitandinha e Palatinado, nos primeiros anos da Bauernfest.
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