Convidadas apresentaram projetos de pesquisas e discutiram a contribuição feminina para a produção do conhecimento
A Biblioteca Nacional (FBN), entidade vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), promoveu nesta terça-feira (11) uma live em homenagem ao Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, comemorada em 11 de fevereiro. Instituída pela Unesco em 2015, a data reforça a importância da participação feminina no meio científico, evidenciando que ciência e igualdade de gênero devem caminhar juntas para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
O evento reuniu pesquisadoras e servidoras da instituição para discutir a relevância do acervo da Biblioteca Nacional na produção científica. A mediação ficou por conta da professora e doutora Naira Christofoletti Silveira, coordenadora-Geral do Centro de Pesquisa e Editoração da FBN. Entre as convidadas estavam a docente Simone Weitzel, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, as servidoras Thais Helena de Almeida e Lia Jordão (FBN) e a estudante de biblioteconomia Juliana Assumpção (UFRJ).
Durante o evento, foram apresentadas pesquisas desenvolvidas no âmbito da Biblioteca Nacional, incluindo A Biblioteca Nacional e os Desdobramentos do Centenário da Independência do Brasil, de Simone Weitzel; Mulheres na Biblioteconomia: as bibliotecárias formadas pelo curso e biblioteconomia da Biblioteca Nacional e a consolidação da profissão (1932-1961), de Lia Jordão; e Brasiliana da cultura infanto-juvenil: elementos descritivos e base de dados, de Juliana Assumpção. Thais Helena de Almeida também destacou sua trajetória na FBN, abordando estudos e pesquisas na área de conservação e restauração.
O presidente da FBN, Marcos Lucchesi, ressaltou o papel da Biblioteca Nacional como espaço de produção científica e cultural.
“A Biblioteca Nacional é um lugar de ciência. Não há uma oposição rígida entre cultura humanística e ciência; a ciência também é um elemento cultural, e há uma poética própria no fazer científico. O combate às visões neopositivistas e reducionistas é contínuo, e a Biblioteca Nacional, com seu acervo que abrange todas as ciências, reafirma esse compromisso”, afirmou.
Ele também destacou a importância da presença feminina no campo científico e a necessidade de medidas de equidade.
“A ONU celebra hoje o papel das mulheres e meninas na ciência, uma pauta essencial que impulsiona os ventos da bibliodiversidade. Uma bibliodiversidade que não se restringe ao acervo, mas abrange os agentes que operam essa diversidade dentro da Biblioteca Nacional, cumprindo um pacto republicano mais amplo. Neste dia tão significativo, celebramos a importância das mulheres na ciência e resgatamos do ostracismo sua profunda e contínua contribuição”, complementou.
Naira Christofoletti Silveira, enfatizou a complexidade da discussão sobre a equidade de gênero na ciência.
“Discutir a presença das mulheres na ciência é um tema sensível e complexo, que exige múltiplos olhares. Por isso, sugiro que essa reflexão se estenda para além de hoje, acompanhando outros eventos ao longo da semana que abordam essa temática. A questão vai muito além da representatividade; envolve um enfrentamento direto à misoginia, ao machismo, ao patriarcado, ao preconceito e ao racismo. Afinal, a sociedade que construímos se reflete diretamente na ciência. E buscar equidade na produção do conhecimento é tão urgente quanto equilibrar os papéis e os atores em nossa sociedade como um todo”, disse.
Ela ainda pontuou o papel essencial das bibliotecas na ciência. “Quando pensamos em ciência, logo nos vêm à mente imagens de jalecos, laboratórios, livros, computadores e, claro, bibliotecas. A Biblioteca Nacional, além de ser um equipamento cultural, é também um equipamento científico. O primeiro passo de qualquer pesquisa é um levantamento bibliográfico, que permite compreender o estado da arte de um tema. E é essa base de conhecimento acumulado que impulsiona o avanço da ciência”.
Ciência e Cultura
Em 2024, durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), realizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) foi realizada a mesa “Ciência, Cultura e Economia Criativa”, que reuniu especialistas para discutir a necessidade de integrar conhecimento científico e saberes culturais ancestrais no desenvolvimento do país. A mesa foi conduzida pelo secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, e contou com a participação de Márcio Rangel, diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST); Paulo César Miguez, reitor da Universidade Federal da Bahia; a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ); e a professora Cláudia Leitão, ex-secretária do MinC.
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