Mauro Peralta - médico e ex-vereador
Setenta e um anos de um casamento profícuo entre Petrópolis e o nosso Diário simbolizam muito mais que a resistência, a durabilidade ou a maleabilidade de um metal. Representam a determinação e a vontade pétrea de contribuir para o crescimento da nossa cidade, superando todas as dificuldades encontradas no áspero caminho percorrido.
Já fomos considerados a capital cultural do Brasil. Presidentes da República veraneavam no Palácio Rio Negro, na belíssima Avenida Koeller. Getúlio Vargas caminhava despreocupado pelo nosso Centro Histórico, acompanhado de seu inseparável guarda-costas Gregório Fortunato, o “Anjo Negro”. Juscelino Kubitschek frequentava o famoso baile de máscaras do Petropolitano e possuía casa em Araras, no condomínio Denasa, que ajudou a criar. O Hotel Quitandinha fervilhava de luxo e glamour.
Nosso jornalismo viveu dias de ouro. Chegamos a ter seis jornais impressos: a Tribuna de Petrópolis, da família imperial; o Diário de Petrópolis, fundado por Arinos Afonso Botelho e depois conduzido pela família Carneiro Dias; o Jornal de Petrópolis, do inesquecível Carneiro Malta; o Correio Petropolitano, de Jose Arthur Vieira; a Gazeta de Petrópolis, do empresário Paulo Amorim; e o Notícias de Petrópolis, do Dr. Dinizar de Araújo. Tivemos ainda o Jornal de Cascatinha, primeiro com Lester Carneiro e depois com Ivaldo Costa, sem esquecer a Difusora de Petrópolis, com suas ondas médias e curtas que alcançavam ouvintes até fora do país.
A cidade respirava cultura. Existia a Revista Social, a Editora Vozes, então a maior da América Latina, e no cinema brilhou o inesquecível César Nunes. Nossos corais, contados às dezenas, nos transformaram na verdadeira capital dos corais, com destaque para os Canarinhos de Petrópolis, de Frei Leto Bienias, e para as Meninas Cantoras de Petrópolis, do Maestro Marco Aurélio Xavier.
Pelo nosso Diário passaram colunistas de renome, como Paulo Roberto comentando política, Titto Santos, artista, compositor, músico e apresentador de TV, e o inesquecível Célio Thomaz, conhecido como o Ibrahim Sued da Serra. Não se pode esquecer também meu amigo Arnaldo Rippel, da coluna de tênis. Entre os editores que marcaram época estão Álvaro Carneiro Bastos, Adriana Avellar, Carlos Marques, Marin de Toledo Melquiades, Douglas Prado e, atualmente, Jaqueline Gomes.
Entre os colaboradores atuais é impossível citar todos, mas destaco nomes de grande valor como os imortais Gastão Reis, Fernando Costa e Ataualpa Filho, e os ainda mortais Marise Simões, Mário Donato, Aristóteles Drummond, Reinaldo Barreto, José Luiz Alquéres e Célio Thomaz Filho.
Durante governos autoritários, o Diário de Petrópolis foi um verdadeiro bastião da liberdade, enfrentando a censura e dando abrigo a muitos jornalistas. Sempre manteve a verdade acima de tudo, bem diferente de parte da imprensa militante de hoje.
Apesar da falta de apoio da municipalidade, o Diário segue firme em sua missão de bem informar, graças à direção do também imortal Paulo Antônio Carneiro Dias, cidadão petropolitano respeitado em todo o Brasil, e de sua equipe dedicada formada por Jaqueline Gomes, Jonas Sena, Luiz Carlos Silva, Robson Albergaria, Maria Luiza Guimarães, Alcir Aglio e a mascote e mais jovem colaboradora, Cecília Gomes.
Parabéns a toda a família do nosso periódico, que segue presente, ajudando e engrandecendo Petrópolis. O Diário de Petrópolis, assim como seu proprietário e alguns de seus colunistas, já é imortal e continuará a nos acompanhar enquanto existirmos.
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