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Brasil tem desafio de implantar plano de redução de mortes no trânsito

Documento criado em 2018 é composto por 70 ações

Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil

Agência Brasil

O Brasil é o único país da América Latina a dispor de um plano para reduzir mortes e impactos à saúde causados por acidentes em rodovias. Trata-se do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans).

Criado em 2018 por meio da Lei 13.614, o documento orienta gestores de trânsito a implementarem ações alinhadas com a Nova Década de Segurança no Trânsito da Organização das Nações Unidas (ONU), que vigora de 2021 a 2030.

Em 2023, o plano passou por uma revisão e foi ajustado de forma a se tornar mais acessível e aplicável.

Para a diretora do Departamento de Segurança no Trânsito da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), Maria Alice, o desafio, agora, é implementar as 70 ações que compõem o documento, com potencial para salvar 86 mil vidas durante o período estabelecido.

Ao participar do 16º Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego, em Salvador, ela destacou que o plano figura como uma política de Estado, não de governo, mas, infelizmente, ainda é pouco conhecido. “O Pnatrans é sistêmico. Todos temos que conhecer esse programa”.

Segundo Maria Alice, um dos eixos do documento é a responsabilidade compartilhada. Durante o evento, ela defendeu que a gestão da segurança no trânsito seja integrada, proativa e de responsabilidade de todos - União, estados e municípios.

“Dentro dessa proposta levamos essa mensagem, como articuladora, para que possamos nos unir, unir esforços,” explicou.

Entenda

O Pnatrans orienta o governo federal, os estados e as prefeituras na criação de políticas públicas para a segurança no trânsito e integra o Sistema Nacional de Trânsito.

A nova versão do documento é resultado da contribuição de mais de 100 especialistas, órgãos públicos e privados e entidades da sociedade civil que participaram de consulta pública.

O plano conta com um total de seis eixos: gestão na segurança do trânsito; diretrizes para a construção de vias seguras; equipamentos para maior segurança veicular; educação para o trânsito; atendimento às vítimas; e normatização e fiscalização.

Semana Nacional de Trânsito debate a redução da velocidade nas vias

A Semana Nacional de Trânsito 2025, teve como tema Desacelere, seu bem maior é a vida. A campanha é promovida pelo Conselho Nacional de Trânsito e a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), e tem como objetivo reforçar atitudes mais humanas e responsáveis nas vias públicas.

O secretário Nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, explicou que o tema desta edição serve para provocar a reflexão das autoridades locais sobre os limites de velocidade das vias.

“O tema deste ano, sobre desacelerar, está preocupado com uma questão muito importante, que é um grande fator de risco para sinistros e mortes no trânsito, que é o tema da gestão das velocidades. A gente quer apontar para esse problema para que as autoridades, especialmente as autoridades locais, os gestores das vias, avaliem se a gestão da velocidade daquelas vias está adequada para o uso que a gente faz delas”.

Adrualdo Catão também chama a atenção para as metas alcançadas pela campanha. “A Semana Nacional de Trânsito sempre gera resultados interessantes porque mobiliza né, muita gente, e amplia esse debate. Então o que a gente verifica na verdade é que o resultado é um resultado a longo prazo e que tende a levar a ações mais concretas relacionadas ao tema que foi definido”.

Trânsito causa até 10 vezes mais sequelas que mortes, alerta CFM

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, frisou nessa sexta-feira (26) que os dados referentes ao trânsito no Brasil são preocupantes.  Ao participar do 16º Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego, em Salvador, ele apresentou estimativas que indicam que mais de 32 mil pessoas morrem todos os anos em sinistros de trânsito no país uma média de 92 vítimas por dia. Para cada vida perdida, há pelo menos 10 com sequelas graves ou permanentes.

“Falamos de jovens que deixam de estudar, homens e mulheres impossibilitados de trabalhar, famílias que passam a conviver com a dependência e o sofrimento prolongado. Esse cenário nos coloca no ranking mundial entre os países com maior número absoluto de vítimas no trânsito, ao lado de nações muito mais populosas, como Índia e China.”

Diante desse cenário, Hiran Gallo defendeu que a medicina do tráfego é uma especialidade que vai além da atuação clínica, já que une a prática médica ao compromisso e à ação social, fornecendo dados, análises e soluções que orientam decisões do Estado brasileiro e políticas públicas.

Durante o evento, ele destacou ainda os custos provocados por sinistros de trânsito, classificados por ele como “astronômicos”. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimam o impacto anual em R$ 50 bilhões.

“É o resultado da soma de despesas hospitalares e com reabilitação aos gastos da previdência social e aos prejuízos na produtividade”.

“Esse valor seria suficiente para construir centenas de hospitais de médio porte ou milhares de escolas públicas. Cada sinistro grave no trânsito representa não apenas tragédias pessoais e familiares, mas também um prejuízo para a coletividade, ao drenar recursos públicos que poderiam ajudar no fortalecimento de nossa saúde, educação e segurança”, concluiu.

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