Artista que foi criado em Petrópolis apresentou obras na mostra Cerrado Ralo, resultado de uma pesquisa sobre paisagem, matéria e memória
Emanuelle Loli - estagiária
Com pinturas que exploram sensações, memórias e texturas do sertão brasileiro, o artista visual Bruno Weilemann Belo, carioca de nascimento e petropolitano de coração, apresentou recentemente a exposição Cerrado Ralo em São Paulo. A mostra reuniu 12 obras, entre grandes e pequenos formatos, e foi resultado de uma intensa pesquisa desenvolvida ao longo dos últimos dois anos.
“Esta série ganhou força na minha pesquisa e se desenvolveu de forma autônoma. Não houve, desde o início, a intenção de criar um conjunto de obras voltado para uma exposição. Nesse período, pintei obras com horizontes que alcançam cinco ou três metros de largura, por cerca de dois metros de altura. Escalas que envolvem o corpo e até o engolem”, disse Bruno.
A exposição trouxe o recorte de sua produção mais recente, marcada pelo experimento com técnicas e materiais, alguns sendo tradicionais da pintura, outros nem tanto. A ideia das telas aconteceu após uma viagem ao Cerrado, no fim de 2022. A partir dessa experiência, surgiram obras que não buscavam apenas retratar a paisagem, mas transmitir o que há de mais íntimo e sutil naquele ambiente.
Ao Diário, Bruno explicou que a tinta usada nas obras nasceu da experiência vivida no Cerrado. A partir desse contato com o território, ele desenvolveu uma pintura mais direta, que incorpora a secura do ambiente e representa, por meio da matéria e da textura, os próprios elementos da paisagem.
“Uma tinta ‘gorda’, matérica com suas ranhuras e marcas , tal como terra. Com ela, passei a tentar ser chão, pedra, capim de longe e galho de perto. Trabalhar com um gestual que já não quer mais representar uma imagem, mas se travestir de tal coisa. Para essas pinceladas, mais do que a luz, importam suas pequenas sombras, que revelam rastros e desenhos tal qual a casca de uma árvore. A série e essa nova materialidade surgiram assim, juntas”, explicou.
Sobre o artista
Bruno Weilemann Belo participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, entre elas Declaring Independence (Eric Fischl Gallery, Phoenix, EUA), Bienal do Recôncavo (São Félix, BA), 45º Salão de Arte Contemporânea (Pinacoteca Municipal, Piracicaba, SP) e o 13º Salão Nacional de Arte (MAC, Jataí, GO), onde foi premiado com a Referência Especial do Júri. Também integrou o 14º Salão Nacional de Artes de Itajaí (Museu Histórico, Itajaí, SC), a mostra panorâmica A Luz que Vela o Corpo é a Mesma que Revela a Tela (Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ), Tecer Mundos (Sesc Quitandinha, Petrópolis, RJ) e Black Tie (Galeria do BNDES, Rio de Janeiro, RJ).
Foi contemplado com a exposição individual Visão Fontana, por meio do edital de ocupações de 2016 do Instituto BrasilEstados Unidos (Rio de Janeiro, RJ), além de ter participado do Salão Novíssimos 2011, também na mesma instituição. Bruno integrou os programas de arte Aprofundamento 2011 coordenado por Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale e João Modé e Projeto de Pesquisa 2012, com curadoria de Glória Ferreira e Luiz Ernesto Moraes, ambos desenvolvidos pela parceria entre a EAV e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, com exposições resultantes no Parque Lage.
Suas obras estão documentadas em publicações como o livro Seis Chaves Notícias Desmanchadas e Choques Liquefeitos: As Imagens de Bruno Belo, de Manoel Silvestre Friques e Luciana Paiva; na Revista das Artes (edição sobre Visão Fontana, com texto de Elisa Maia, 2016); na seção Garimpo (2013); e na coluna Dica de Artista, do jornal O Globo (Segundo Caderno, 2014).
Instagram do artista: @bruno_weilemann_belo
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