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sábado, 17 de maio de 2025


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Café frio

Mauro Peralta - médico e ex-vereador

Foto: Reprodução
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Nos últimos três meses de um governo derrotado nas urnas, é comum ver o abandono até dos próprios correligionários. O prestígio se esvai, o entusiasmo desaparece e até o cafezinho passa a ser servido frio. Curiosamente, mesmo com um ano e meio de mandato ainda pela frente, o presidente Lula já vive esse clima melancólico de fim de festa.

As viagens internacionais recentes só reforçaram seu isolamento político. Em Moscou, Lula posou sorridente ao lado de ditadores de regimes autoritários como o do Egito, da Guiné-Bissau, de Burkina Faso, do Zimbábue, além dos velhos aliados Nicolás Maduro, da Venezuela, e Miguel Díaz-Canel, de Cuba. Para quem já não inspira confiança, a imagem ao lado de tiranos só aumenta a rejeição.

Na China, o constrangimento foi ainda maior. O presidente Xi Jinping deu uma reprimenda pública na primeira-dama Janja. E Lula, por sua vez, declarou ter combinado com o ditador chinês um debate sobre o “controle das redes sociais”. O que não disse é que, na China, esse controle significa censura total. Lá, tudo é monitorado, fiscalizado e rigidamente vigiado. Liberdade de expressão não existe. Quem ousa criticar o governo é preso ou simplesmente desaparece. Seria esse o modelo que o Partido dos Trabalhadores quer importar para o Brasil?

No cenário interno, o escândalo envolvendo o roubo de aposentados do INSS chocou o país. Em apenas dois dias, mais de um milhão de reclamações foram registradas na plataforma “Meu INSS”. Há filas de até cinco horas no telefone 135. O cidadão, já lesado por uma fraude, ainda precisa enfrentar uma burocracia cruel para tentar reaver o que é seu por direito. Entidades fantasmas, que não prestam serviço algum, são aceitas como prova de vínculo. E os idosos do interior, muitos analfabetos, como conseguirão se defender?

A situação se agrava ao se descobrir que uma das entidades envolvidas é ligada ao irmão do presidente Lula. Como essas organizações, muitas sem patrimônio algum, devolverão o dinheiro que desviaram? A resposta é previsível e revoltante: quem paga a conta somos nós, os contribuintes e os próprios aposentados lesados.

Enquanto isso, a inflação continua corroendo o poder de compra do povo, dificultando o acesso a itens básicos como café, ovos, carne, tomate, laranja e tantos outros. Soma-se a isso a ostentação da primeira-dama, que viaja às custas do contribuinte, exibe luxo com dinheiro público e coleciona episódios de comportamento inadequado, tudo protegido pelo sigilo de 100 anos no cartão corporativo da presidência.

Para completar o cenário, a taxa de juros precisa permanecer em dois dígitos para tentar conter a escalada da inflação, mesmo que isso alimente a dívida interna e sufoque os investimentos. Só entre janeiro e abril o IPCA já acumulou 2,48%, o que representa 83% da meta anual em apenas quatro meses. É um retrato preocupante. Esse conjunto de desastres políticos, econômicos e morais explica a rejeição crescente ao governo e também por que no Palácio do Planalto até o cafezinho agora é servido gelado.

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