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Câncer de mama: a importância do diagnóstico precoce em homens

Especialista alerta que a falta de conscientização e o temor de parecerem “menos homens” pode atrasar o diagnóstico

Foto: Divulgação
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Bruna Nazareth - especial para o Diário

O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo. No Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2024, com estimativa de risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do país. Sendo assim, a prevenção primária e a detecção precoce são os melhores meios para contribuir para a redução da incidência e da mortalidade.

Esse tipo de câncer também acomete homens, embora eles não tenham as mamas desenvolvidas, como o público feminino, estes possuem tecido mamário, ainda que plano e pequeno. Apesar de representarem menos de 1% do total de casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama em homens não deve ser negligenciado. Em 2020, foram registrados 207 óbitos de homens por câncer de mama no Brasil.

A médica oncologista Sabina Aleixo, destaca a importância do acompanhamento médico regular para homens que possuem fatores de risco para o câncer de mama, reforçando que exames preventivos devem fazer parte da rotina.

“Para homens com fatores de risco elevados, como mutações genéticas, histórico familiar ou condições que aumentem os níveis de estrogênio, o acompanhamento médico regular é fundamental. Isso inclui consultas periódicas para a realização de exames clínicos e de imagem, como mamografia e ultrassonografia, semelhantes aos realizados por mulheres. Em alguns casos, pode ser recomendada a ressonância magnética das mamas. A vigilância clínica também pode envolver exames de sangue para a detecção de mutações genéticas, como as nos genes BRCA1 e BRCA2. Esses exames ajudam a identificar possíveis alterações precoces e aumentam as chances de diagnóstico em estágios iniciais, o que melhora o prognóstico”

Os homens frequentemente enfrentam estigmas e preconceitos relacionados ao câncer de mama. Contudo, a especialista alerta que a falta de conscientização sobre a possibilidade de homens desenvolverem a doença e o temor de parecerem “menos homens” ao procurar tratamento, pode atrasar o diagnóstico.

“Esses estigmas podem ser superados por meio de campanhas de conscientização que reforcem a ideia de que o câncer de mama pode acometer qualquer pessoa, independentemente do gênero, e que a busca por tratamento é um ato de responsabilidade com a própria saúde. Grupos de apoio e o diálogo aberto com profissionais de saúde também são essenciais para ajudar os homens a enfrentarem o diagnóstico e o tratamento sem receios ou vergonha”, frisa.

Os tipos câncer de mama masculino são:

Carcinoma Ductal In Situ: células cancerígenas se formam nos ductos da mama, mas não os invadem ou espalham para fora da mama;

Carcinoma Ductal Invasivo: atinge a parede do ducto e se desenvolve pelo tecido da glândula mamária. Pode se espalhar para outros órgãos e representam 80% dos tumores;

Carcinoma Lobular Invasivo: cresce no lóbulo da mama. É o tipo mais raro nos homens;

Doença de Paget: começa nos ductos mamários e provoca crostas no mamilo, escamas, coceira, inchaço, vermelhidão e sangramento;

Câncer de Mama Inflamatório: é bem raro em homens e consiste na inflamação da mama que provoca o seu inchaço, vermelhidão e queimação, ao contrário de formar um nódulo.

Fatores de risco

De acordo com a especialista, os principais fatores de risco para o câncer de mama masculino incluem mutações genéticas, principalmente no gene BRCA2, histórico familiar da doença, idade avançada (acima de 60 anos), exposição a estrogênios (como tratamentos hormonais ou doenças que elevem os níveis desse hormônio), obesidade, doenças hepáticas e síndrome de Klinefelter. Além disso, o histórico familiar pode aumentar significativamente as chances de desenvolver a doença.

“O histórico familiar, especialmente de parentes de primeiro grau com câncer de mama, aumenta significativamente o risco, pois sugere a possível presença de mutações hereditárias em genes de susceptibilidade, como BRCA1 e BRCA2. Assim como nas mulheres, homens com essas mutações possuem um risco muito maior de desenvolver a doença ao longo da vida”, esclarece a Dra. Aleixo.

Como citado, outros elementos, como idade ou exposição hormonal, podem contribuir para o aumento do risco de câncer de mama masculino. O envelhecimento é um dos principais elementos de risco, pois a maioria dos casos da doença em homens ocorre após os 60 anos.

“A obesidade é outro fator importante, já que o tecido adiposo pode converter andrógenos em estrogênios, elevando os níveis desse hormônio no organismo e aumentando o risco. A exposição prolongada a estrogênios, seja por terapias hormonais ou condições como cirrose hepática, também está associada a um maior risco de câncer de mama masculino. Outros fatores incluem a exposição à radiação, especialmente na região do tórax, e doenças que aumentam os níveis de estrogênio no corpo”

Autoexame

O autoexame é uma ferramenta importante na detecção precoce do câncer de mama em mulheres, no entanto, segundo a Dra. Aleixo, também desempenha um papel importante para a detecção precoce do câncer de mama no público masculino, embora não seja uma prática tão comum. Homens, especialmente aqueles com fatores de risco elevados, devem ser encorajados a realizar o autoexame regularmente.

“O autoexame consiste em apalpar a região mamária e as axilas, buscando por nódulos, alterações na pele, inchaços ou secreção no mamilo. Esse exame deve ser realizado com os braços levantados e abaixados, em frente ao espelho, e também deitado. Ao perceber qualquer alteração, o homem deve procurar um médico imediatamente para uma avaliação mais detalhada”, conclui.

*Com informações do Instituto Nacional de Câncer - INCA e Ministério da Saúde

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