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Carlos Watkins estreia disco após décadas dedicadas à música

Crédito: Vitor Watkins
Pianista e saxofonista Carlos Watkins Crédito: Vitor Watkins


Após uma trajetória de mais de quatro décadas marcada por intensa dedicação à música brasileira, o pianista e saxofonista Carlos Watkins lança seu primeiro álbum, Chorinho no Piano. Mais do que um registro fonográfico, o disco simboliza a realização de um sonho antigo e consolida sua presença como músico, arranjador, compositor e professor. Combinando tradição e inovação, o álbum oferece ao ouvinte uma viagem pela história do choro, gênero que acompanha o músico desde os primeiros anos de vida.

O novo trabalho já está disponível nas plataformas digitais: Ouça “Chorinho no Piano”.

Watkins começou cedo: ganhou seu primeiro piano aos seis anos, presente do avô, e desde então não parou de tocar. Durante a infância, as horas passadas ao instrumento se tornaram sua principal forma de expressão. Formado no Instituto Villa-Lobos, consolidou sua base técnica e artística, antes de se aprofundar em estudos no exterior. Na prestigiada Berklee College of Music, em Boston, ampliou seus horizontes musicais, explorando a música erudita, o jazz e os ritmos latino-americanos, o que lhe permitiu desenvolver uma linguagem própria e versátil.

Ao longo de sua carreira, Watkins integrou importantes formações musicais. Entre elas estão a Rio Jazz Orquestra, o Sexteto de Sopros e Cordas do Instituto Villa-Lobos e a Orquestra Ideal de música latina, em Boston. Paralelamente, dedicou-se ao choro, participando de grupos como “Chapéu de Palha” e “Chorarte”, e mantendo viva a tradição do gênero que é considerado um dos pilares da música brasileira. Com trânsito fluido entre diferentes linguagens, Watkins atuou em orquestras, trios, quintetos e bandas de jazz e música popular, acompanhando grandes nomes como Zizi Possi e Eduardo Dusek.

No palco, destacou-se com o Grupo Avoante, o Bando dos Homens, a Orquestra Vittor Santos, o Quinteto de Sopro de Petrópolis e o Trio “Melhor de 3”. Hoje, integra o grupo de choro Taruira, reafirmando sua ligação profunda com o gênero. “O choro é uma escola de musicalidade e improviso que me acompanha desde a infância. É um diálogo constante entre tradição e criação”, afirma Watkins, sintetizando o espírito que permeia Chorinho no Piano.

O álbum é a síntese de toda essa trajetória. O repertório reúne clássicos de Pixinguinha, Luperce Miranda, Garoto e Tom Jobim, além da ousadia de adaptar “Donna Lee”, de Charlie Parker e Miles Davis, ao universo do piano de choro. A abordagem do músico valoriza a clareza harmônica, a expressividade e o diálogo direto com o ouvinte, sem abrir mão da sofisticação técnica que distingue os grandes mestres do gênero. Cada faixa do disco é um convite à apreciação da riqueza rítmica e melódica do choro, demonstrando como o gênero continua atual e inspirador.

Mais do que um disco de estreia, o lançamento representa maturidade artística. Ao longo de sua carreira, Watkins atuou como maestro, diretor musical e arranjador, mas agora assume o protagonismo de um trabalho que homenageia o passado e reafirma a vitalidade do choro como linguagem contemporânea. Em tempos em que muitos jovens músicos se voltam para a música digital e gêneros populares, Chorinho no Piano reafirma a importância da preservação da tradição, ao mesmo tempo em que propõe novos caminhos de interpretação.

O álbum também traz surpresas que refletem a ousadia de Watkins: arranjos inéditos, pequenas variações harmônicas e improvisos que permitem que cada composição respire e dialogue com o ouvinte. Em entrevistas, o músico afirma que a escolha do repertório não foi apenas estética, mas também pessoal: “São músicas que marcaram minha vida, que carregam memórias e sentimentos que eu queria compartilhar de forma direta e sincera.”

Assim, Chorinho no Piano surge não apenas como a estreia fonográfica de Carlos Watkins, mas como um gesto de reafirmação de uma vida inteira dedicada à música. Um início tardio no catálogo fonográfico, sim, mas carregado da profundidade de uma carreira construída com disciplina, sensibilidade e paixão, oferecendo ao público uma oportunidade rara: conhecer a música brasileira através do olhar de um mestre que sabe combinar tradição, técnica e emoção.

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