Casa Franklin Sampaio é tombada pelo Iphan, mas segue abandonada e sem uso
Mariana Machado estagiária
Ao passar na Avenida Koeler, é possível ver diversas placas da sinalização turística - Circuito a Pé, que ficam na frente de quase todas as casas da avenida, tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Entretanto, é possível reparar que algumas delas estão danificadas, com manchas ou desenhos que interferem na leitura da placa. Além disso, a Casa Franklin Sampaio, localizada em uma das extremidades da Av. Koeler, está abandonada há muitos anos, mesmo que tombada pelo instituto.
A Casa Franklin Sampaio está situada na Praça Rui Barbosa, em uma das extremidades da Av. Koeler. Construída em 1874, a casa abrigou a sede do governo do Estado no período da Revolta da Armada, em 1894, e já recebeu o Rei Alberto I, da Bélgica, em 1920, quando visitou o Brasil. A propriedade, de responsabilidade dos herdeiros de Franklin Sampaio, foi tombada pelo Iphan na década de 1980, junto com os bens móveis.
Além de guardar detalhes de grande valor artístico, como vitrais, revestimentos e pinturas, o interior da casa abriga móveis de D. Pedro II que foram retirados do Paço Imperial de São Cristóvão e leiloados logo depois que a República foi proclamada.
Entretanto, a realidade da casa é deprimente. Há muitos anos está abandonada, mesmo após alguns momentos esperançosos de recuperação, e denúncias do Ministério Público Federal, que determinou prazos, já expirado, de projetos de restauração. Obras e projetos que nunca foram levados a diante.
Em 2017, um pré-projeto elaborado pelo Instituto Nova Economia do Brasil (Ineb) foi apresentado ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Iphan, que dizia que a casa poderia se transformar em um centro de ciência, tecnologia e arte. Mais uma tentativa de recuperação da construção, que não obteve êxito.
Houve, inclusive, alguns anos atrás, denúncias de invasão e saque dos bens presentes da propriedade.
O chefe substituto do Escritório Técnico do Iphan na Região Serrana (ETRS-IPHAN/RJ), Evandro Blunck, informa que um auto de infração, de 2022, manteve em decisão de última instância penalidades como a reforma do local, e uma multa aos proprietários, mas que ainda não surtiu efeitos positivos para a propriedade.
“Este Instituto está sempre aberto a todas as propostas que promovam o bem-estar dos imóveis sob sua tutela. A Casa Franklin Sampaio, principalmente nos últimos anos, foi alvo de interesse de muitos empresários e instituições que apresentaram várias propostas que, infelizmente até agora, não lograram êxito”, afirma Evandro.
Outro problema visto na Avenida Koeler são as placas vermelhas de turismo. Em ambos os lados da via, é possível ver placas vandalizadas com desenhos, cola de adesivos descolados, e desgaste, o que dificulta a leitura sobre as propriedades, e as torna menos atrativas.
Foi possível perceber esses desgastes nas seguintes propriedades: Casa do Barão de Jaceguay; Casa do Barão de Teresópolis; Mansão Kremer; Casa Lafayette Marquez; Casa Albert Landsberg; Viscondessa de Ubá; e Vila Esperança.
Entretanto, a Prefeitura ressalta que, recentemente, algumas placas da via já foram trocadas, como a Casa da Princesa Isabel; Conjunto Arq. Da Avenida Koeler, localizada em uma das extremidades da via; e no Museu da Força Expedicionária Brasileira; além de mais de 15 placas localizadas em outras áreas de Petrópolis.
O chefe substituto do ETRS ressalta também que a Av. Koeler é “um dos bastiões do tombamento de Petrópolis, sendo tombada em sua totalidade. Isto é, todos os elementos que a compõe são tombados”.
Para além disso, ele afirma que a importância da avenida é reforçada por abrigar a Prefeitura de Petrópolis, Justiça Federal, Ibram, Iphan, entre outros. “Isso mostra a importância desta via. Com isto a sua preservação é preponderante em nosso dia a dia. Sempre fiscalizamos e sempre somos avisados se há necessidade de nossa atuação”, completa.
A Casa Franklin Sampaio é tombada também pela Prefeitura de Petrópolis, que foi questionada se tem planos mais recentes para a construção. Entretanto, até o fechamento desta matéria não houve resposta.
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