Casa Nair de Teffé, localizada na Estrada da Saudade, apresenta riscos de desabamento parcial desde 2018
Mariana Machado estagiária
Para quem passa na Estrada da Saudade, ou então pela Rua Marechal Floriano Peixoto, no fim da Rua do Imperador, não é incomum reparar nas casas abandonadas há décadas em cada região. Moradores dessas duas ruas já reclamaram do abandono, pois além de ser feio para quem passa, as construções também podem apresentar riscos. Uma delas é a Casa Nair de Teffé, construída há cerca de 100 anos.
A Casa Nair de Teffé foi da caricaturista, cantora, atriz, pianista brasileira e segunda esposa do ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca. O casarão já funcionou como escola, posto de saúde, Secretaria de Assistência Social, e também como uma clínica de atendimento ao público da Fundação Paulo Amorim. Mas, nas últimas décadas, está completamente abandonada.
Em julho de 2018, a Defesa Civil de Petrópolis interditou o casarão, que é tombado pelo município. Segundo a Secretaria, paredes, janelas e telhados estão comprometidos e há risco de desabamento parcial. Também durante a inspeção foram encontrados restos de comida e bebidas alcoólicas, roupas, colchões e cápsulas de entorpecentes.
Na época, o secretário de Defesa Civil, Paulo Renato Vaz, disse que a proprietária seria acionada para que fosse feita a recuperação imediata do imóvel ou a demolição, mas nada foi feito. Foi afirmado também que o documento com a exigência da necessidade dos reparos do imóvel seria encaminhado para as secretarias de Fazenda e de Obras, além da Procuradoria Geral do Município, para que seja destinado ao proprietário.
Questionada sobre a situação atual, a Prefeitura de Petrópolis não respondeu até o fechamento desta matéria.
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) também foi questionado, mas afirmou que o imóvel não é tombado pelo Instituto, e que o mesmo também não está em área de entorno. O imóvel também não é tombado pelo Inepac.
Outra casa abandonada é a que faz esquina entre a Rua Marechal Floriano Peixoto e Rua Alberto Torres. O imóvel está localizado em uma região de grande movimento no Centro da cidade, e está dentro da área de entorno do Conjunto Urbano-Paisagístico de Petrópolis, tombado pelo Iphan.
“Na área de entorno, a atenção é voltada a cumprir os parâmetros da Portaria 213/96 para novas intervenções, com os quais se busca manter a visibilidade e ambiência das edificações e paisagem do conjunto tombado”.
A Portaria dispõe sobre o entorno dos bens tombados na Cidade de Petrópolis/RJ, e considera que é dever do Poder Público zelar pela integridade dos referidos bens.
Entretanto, o que é visto na localidade é uma casa com muros completamente pichados, o portão da casa está enferrujado, e os vidros e janelas quebrados. Além disso, é possível ver mato saindo de dentro da casa, e de parte do telhado, o que deixa evidente que o imóvel está abandonado há décadas.
Questionado, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) informa que o imóvel citado é de responsabilidade da Prefeitura. “O Inepac vem atuando, desde 2015, em diálogo para que o restauro do imóvel seja realizado. Inclusive, o instituto já aprovou projeto que prevê a recuperação do bem tombado”, afirmou.
A Prefeitura de Petrópolis não retornou sobre possíveis reparos no imóvel. Entretanto, em outra ocasião, em 2022, o município afirmou buscar recursos para a execução do projeto de restauração do imóvel, que foi desapropriado por falta de pagamentos de impostos, e incorporado ao patrimônio da cidade em 2014. Porém, nada foi feito ainda na casa, que se encontra em situação ainda mais precária.
Além de apresentar perigos como desabamento e invasões às propriedades, os abandonos são um desperdício para o cenário cultural de Petrópolis, pois são locais que poderiam receber diferentes projetos, como a própria Casa Nair de Teffé já deu espaço a diversos empreendimentos.
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