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Caso Anic: assassino confesso acusa viúvo de ser o mandante do crime

Advogada de Lourival Fadiga revelou nessa terça-feira (24) carta escrita por ele na prisão; ela teria sido morta em um motel em Itaipava e o corpo concretado

Foto: Reprodução Agência O Dia
Foto: Reprodução Agência O Dia

Rômulo Barroso - especial para o Diário

O assassino confesso de Anic de Almeida Peixoto Herdy, Lourival Fadiga, acusou o viúvo dela, Benjamin Cordeiro Herdy, de ser o mandante da morte da advogada e estudante de psicologia. A acusação foi feita em uma carta escrita por ele na prisão e que foi revelada pela advogada de defesa, Flávia Fróes, nessa terça-feira (24/09).

Fróes também deu novos detalhes sobre a dinâmica do crime. Segundo a advogada, Lourival contou que Anic foi morta em um quarto de um motel em Itaipava. Ele quebrou a traqueia dela com um soco. Depois, o corpo dela foi enrolado em um lençol, colocado em um carro e removido do motel. Em seguida, o cadáver foi enterrado e concretado. A advogada de defesa disse ainda que o local onde o corpo foi enterrado será revelado por Lourival nesta quarta-feira (25), quando ele dará depoimento na 2ª Vara Criminal de Petrópolis - ele deve ser ouvido por videoconferência.

Lourival confessou no fim de agosto

No dia 30 de agosto, a defesa de Lourival promoveu uma coletiva de imprensa em que informou que ele havia confessado o assassinato dela. Segundo a defesa, Lourival confirmou que ela foi morta no mesmo dia do desaparecimento, ou seja, no dia 29 de fevereiro. A advogada Flávia Fróes informou na ocasião que o objetivo da confissão era desvincular os filhos e a amante do crime. Além disso, ela também contou que Lourival havia escrito uma carta apontando o mandante do crime.

Novas informações

Nessa terça (24/09), Fróes deu novas informações sobre o caso. Ela revelou a carta que Lourival teria escrito na prisão: "Eu, Lourival C. N. Fatica, declaro que o Benjamin Cordeiro Herdy me mandou matar sua esposa, Anic Herdy, e que a compensação financeira é mera cortina de fumaça", diz o texto dessa carta.

Apesar da existência dessa carta ter sido informada em agosto, o documento apresentado nessa terça-feira é datado de 23 de setembro de 2024, ou seja, a última segunda-feira.

"Benjamin determinou a morte desde o mês de janeiro, e o sequestro foi uma forma de encobrir esse crime", afirmou Flávia Fróes. "Todo o plano foi forjado por ambos, e só não deu certo porque a filha de Benjamin gravou uma conversa dela com Benjamin e Lourival, em que ela estranha o crime", acrescentou.

A advogada também disse que "Durante todo o período do falso sequestro, Benjamin e Lourival estiveram juntos. As antenas dos celulares de Lourival e Benjamin vão provar que ambos estavam no mesmo lugar e fizeram tudo juntos".

Flávia Fróes falou ainda que desconhece a motivação de Benjamin, mas a de Lourival era o dinheiro do resgate.

Além dos detalhes sobre como o crime ocorreu, a advogada de defesa ainda afirmou que "o corpo não foi queimado, está enterrado e concretado, na Região Serrana" e que Lourival vai informar, em depoimento, a localização do corpo.

Defesa de Benjamin não se manifesta

O advogado que defende Benjamin Cordeiro Herdy, João Vitor Ramos, não se pronunciou sobre a acusação.

Essa foi a primeira vez em que houve menção a um mandante do crime. Até aqui, nem a Polícia Civil nem o Ministério Público haviam relatado a informação de crime encomendado.

Em entrevista ao G1, a delegada que comandou a investigação, Cristiana Onorato Miguel, afirmou que não foram encontradas informações nesse sentido. "Ao contrário do telefone do Lourival, que foi totalmente apagado por ele, o telefone do Benjamim foi periciado e vasculhado de ponta a ponta. Nenhum indício nesse sentido foi encontrado", disse.

Desaparecimento no fim de fevereiro

Anic desapareceu no dia 29 de fevereiro, depois de ter sido vista pela última vez ao deixar o carro em um shopping e sair andando a pé pela Rua Teresa. Alguns minutos depois, ela entrou no carro de Lourival - as investigações da Polícia Civil apontaram que os dois mantinham um relacionamento extraconjugal, informação que também já foi confirmada pela defesa dele. No mesmo dia, à noite, o marido dela, Benjamin Herdy, recebeu um pedido de resgate de R$ 4,6 milhões. As mensagens foram enviadas, de acordo com a Polícia Civil, por Lourival.

Parte desse valor foi pago em depósitos feitos em contas de doleiros e de empresas, outra em forma de bitcoins e ainda em dinheiro. Esta última deveria ser entregue no dia 10 de março, em um shopping no Rio, onde ela seria libertada. No entanto, durante o trajeto, Lourival disse para o marido de Anic que havia recebido outra orientação: ele deveria entregar o dinheiro em uma comunidade e Benjamin deveria esperar a esposa no shopping. Ao invés disso, a Polícia Civil conseguiu comprovar que ele levou o dinheiro para uma concessionária, onde comprou, à vista, uma picape de R$ 500 mil e uma moto de R$ 30 mil.

Só depois dessa trama é que uma das filhas de Anic resolveu procurar a 105ª DP para denunciar o caso, no dia 14 de março. A investigação da Polícia Civil foi rápida e Lourival foi preso seis dias depois, acusado de extorsão mediante sequestro. Dois filhos dele - Henrique Vieira Fadiga e Maria Luíza Vieira Fadiga - e uma amante - Rebecca Azevedo dos Santos - também estão presos, acusados de envolvimento no desaparecimento.

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