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Caso Anic: assassino confesso deu ordens para filha esconder provas

Lourival Fadiga trocou mensagens enquanto estava preso; Polícia Civil encontrou outras provas em celular da filha dele

Foto: Arquivo
Foto: Arquivo

Rômulo Barroso - especial para o Diário

O assassino confesso de Anic Peixoto de Almeida Herdy, Lourival Fadiga, trocou mensagens com a filha, Maria Luiza Vieira Fadiga, enquanto estava preso. A informação consta em um relatório produzido pela 105ª DP, responsável pela investigação do homicídio da mulher. Nesse contato, de acordo com a Polícia Civil, ele pediu que a filha alerte um advogado sobre um rastreador que havia no carro onde ele transportou Anic antes e depois do assassinato.

Os diálogos foram obtidos pela Polícia Civil com autorização judicial, a partir da apreensão do aparelho de Maria Luiza. Segundo relatório, a conversa ocorreu no dia 27 de março. Naquele momento, Lourival estava preso há cinco dias na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, e Maria Luiza ainda estava em liberdade (ela foi presa em abril, junto com o irmão, Henrique Vieira Fadiga, e ambos foram soltos em outubro).

Nas mensagens enviadas por Lourival, ele fala sobre o dispositivo que poderia conter informações sobre a localização do veículo: "Fala pro Adv sobre o carro"; "Mas pra ele ter cuidado"; "Pois pode voltar contra mim"; "Sacou". Em seguida, Maria Luiza responde que "eu avisei que só a gnt tem o rastreador". Lourival conclui reforçando que a filha deve ter cuidado com essa informação: "Mas avisa que pode voltar contra mim tá".
Na continuação do diálogo, ele diz estar bem e avisa que "Tô na sala do polícias (sic)".

Um dia depois, 28 de março, ele entrou em contato novamente com a filha, dessa vez a partir de um número diferente. Lourival pediu que a filha avisasse o irmão sobre o pagamento de contas pendentes.

A Polícia Civil buscou os dados desse rastreador mencionado por Lourival, e conseguiu uma ordem judicial para obter o histórico registrado pelo aparelho, mas a fabricante respondeu que não possuía as informações.

O jornal O Globo divulgou que procurou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que afirmou que não teve acesso ao relatório da 105ª DP, mas que abriria uma investigação preliminar sobre a informação de uso do celular dentro da cadeia de Benfica por Lourival.

Anotações em celular de Maria Luiza pode indicar quinto participante no crime

O celular de Maria Luiza foi apreendido pela Polícia Civil, que encontrou anotações feitas no dia oito de março, quando a Anic estava sendo procurada pela família, que era alvo de um falso pedido de resgate de R$ 4,6 milhões. Nessa data, inclusive, o marido de Anic, Benjamin Herdy, fez depósitos para contas de doleiros como parte do pagamento pelo suposto resgate. Essas anotações encontradas no celular da filha de Lourival podem indicar a participação de mais uma pessoa no crime.

Uma das anotações fala em 100k ao lado de um desenho de um ninja. A investigação aponta que a inscrição significa R$ 100 mil, mas não identifica o que ou quem o desenho representa. O relatório da Polícia Civil aponta que essa informação pode ser um indício da participação de mais uma pessoa no crime.

Outra informação obtida pela Polícia Civil se refere ao uso de R$ 1 milhão para compra de celulares e cigarros eletrônicos no Paraguai. Antes de ser preso, Lourival enviou mensagens para um comerciante de Ciudad del Este, no dia quatro de março, falando: "Vamos pegar 500 em I Phone e 500 em pod". Segundo a Polícia Civil, a mensagem tratava da compra por R$ 500 mil para os aparelhos. Dois dias depois, Lourival faz novo contato com o comerciante: "Os 500 do I Phone e os 500 dos pods também já estão na conta".

O relatório da Polícia Civil aponta que o assassino confesso estava em agência bancária com Benjamin quando ele fazia os depósitos em contas de doleiros. O documento também afirma que os celulares seriam vendidos por Maria Luiza em uma loja que estava no nome dela e os cigarros eletrônicos seriam comercializados de forma clandestina por Henrique, filho de Lourival. O material teria sido entregue para uma pessoa que faria a travessia da fronteira com o Brasil, mas a 105ª DP nunca conseguiu os produtos.

Outra anotação encontrada no celular de Maria Luiza fala em "2m the other". Para a Polícia Civil, a mensagem indicaria o repasse de R$ 2 milhões para Rebecca Azevedo dos Santos, outra amante de Lourival.

Ao jornal O Globo, a defesa de Lourival afirmou que Benjamin Herdy entregou dólares para ele em um saco no dia 11 de março, e que por isso esse valor não pode sido usado na compra de celulares, como afirma a polícia. Além disso, afirmou que não há provas de uma eventual remessa de aparelhos eletrônicos e que não iria comentar sobre a troca de mensagens entre Lourival e a filha porque o conteúdo não foi juntado ao processo.

Relembrando o caso

Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, desapareceu no dia 29 de fevereiro, depois de deixar o carro no estacionamento de um shopping e sair andando pela Rua Teresa. Horas depois, houve um pedido de resgate de R$ 4,6 milhões ao marido dela, Benjamin Herdy. Essa quantia foi paga, mas ela não foi entregue.

No dia em que foi marcado o suposto resgate, 11 de março, Lourival afirmou ao marido que havia recebido orientações para levar o dinheiro para outro local, enquanto Benjamin deveria esperar Anic em um shopping no Rio. As investigações da Polícia Civil apontaram que, na realidade, Lourival foi para uma concessionária, onde comprou um picape de R$ 500 mil e uma moto.

Só depois disso é que uma filha de Anic procurou a 105ª DP para denunciar o caso, em 14 de março. Seis dias depois, Lourival foi preso acusado de extorsão mediante sequestro. A amante Rebecca e dois filhos dele, Maria Luiza e Henrique Vieira Fadiga, também foram presos por envolvimento na trama - os dois últimos tiveram a prisão revogada no mês passado.

Em agosto, Lourival confessou que havia assassinado Anic no mesmo dia do desaparecimento e que havia enterrado o corpo, e prometeu revelar a localização do cadáver. No fim do mês, ele divulgou a informação e deu detalhes do crime. O assassinato teria ocorrido com um soco na traqueia da vítima ainda no quarto do motel; depois, Lourival enrolou o corpo em um lençol e colocou no carro dele; em seguida, levou o corpo para a casa dele, na Rua Alberto Sabin, em Teresópolis, onde foi enterrado na garagem do imóvel e o espaço foi concretado.

A Polícia Civil fez uma operação de buscas no local no dia 25 de setembro e encontrou o cadáver no local descrito. Um exame de arcada dentária confirmou a identificação dos restos mortais como sendo de Anic. Também já foi feita uma reconstituição do caso.

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