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Caso Anic: delegada confirma que investiga possível assassinato de advogada desaparecida há três meses

Foto: Reprodução
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Rômulo Barroso - especial para o Diário

A delegada da 105ª DP (Retiro), Cristiana Onorato Miguel, disse em entrevista à GloboNews na tarde dessa segunda-feira (20/05) que uma das linhas de investigação sobre o sequestro de Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, é a possibilidade dela ter sido assassinada. A informação também foi dada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Ela está desaparecida há quase três meses, mesmo depois de a família ter pago R$ 4,6 milhões pelo resgate. O caso ganhou repercussão nacional no último domingo (19). Quatro pessoas apontadas pela Polícia Civil como tendo envolvimento com o crime e foram presas por extorsão mediante sequestro.

"A gente não descarta nenhuma linha. Mas, veja: os relatos de todas as testemunhas, todos dizem que Anic era uma mãe super protetora, super zelosa com os filhos, e que nunca ficaria, principalmente no Dia das Mães, sem contato com a filha mais nova. E, diante disso, a gente já monitorou: ela não tem acesso a contas, ela está sem dinheiro, isso seria impensável. Então, diante disso, leva a crer que ela possa ter sido assassinada. Mas, a gente não descarta a possibilidade de fuga, o que eu acho improvável. Até peço que, se alguém tiver alguma notícia, que tenha visto Anic, para que venha à delegacia comunicar ou pelo Disque Denúncia", disse a delegada.

O Ministério Público também divulgou que "A linha de investigação da Promotoria de Justiça e da 105ª Delegacia de Polícia aponta para suspeitas de que a vítima sequestrada foi assassinada pelo grupo e teve seu cadáver ocultado, motivo pelo qual as investigações prosseguirão em procedimento investigatório criminal próprio. Também há indícios da prática dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que serão devidamente apurados".

O caso

A advogada e estudante de psicologia foi vista pela última vez andando pela Rua Teresa, em 29 de fevereiro, minutos após estacionar o carro em um shopping da localidade. Imagens de câmeras de segurança obtidas pela Polícia Civil mostraram a movimentação dela.

Horas mais tarde, o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, recebeu mensagens enviadas pelo celular usado por ela dizendo que a mulher havia sido sequestrada e pedindo valor de R$ 4,6 milhões de resgate.

Um dia depois, o suposto sequestrador ordenou que o marido buscasse o carro de Anic no shopping e que pedisse a ajuda a "Gordo", apelido de Lourival Correa Netto Fadiga, que era amigo da família e se apresentava como policial federal (informação que não é verdadeira, segundo a Polícia Civil).

"Anic possuiu a amizade do seu Lourival. O senhor Lourival frequentava a casa da família, ele tinha a confiança da família, até porque ele se dizia policial federal, o que não é verdade, mas é assim que ele se intitulava dentro da residência. E, com isso, ele tinha total confiança dos moradores, principalmente do marido. Tanto que, quando houve esse sequestro, o Lourival orientou que ele não deveria procurar a Polícia, e assim foi feito", contou a delegada Cristiana Onorato Miguel, à GloboNews.

Depois de conseguir o dinheiro, o marido de Anic, Benjamin, foi orientado a ir com Lourival ao um shopping da Zona Oeste do Rio para entregar a quantia e fazer o resgate. Mas antes de chegar, Lourival informou ao marido que recebeu outra orientação, levar o dinheiro para a favela do Terreirão, também na Zona Oeste. Apesar de Benjamin ter entregue o dinheiro, Anic não apareceu.

A Polícia Civil cruzou dados de torres de celular e dos próprios aparelhos e descobriu que o envolvimento de Lourival, que usou parte do dinheiro para comprar um carro e uma moto no mesmo dia do suposto resgate.

"Só que apuramos, com as conexões de ERBs (Estação de Rádio Base) de celular que o telefone do sequestrador, que fazia contato com o senhor Benjamin, de fato, só que não há nenhuma conexão com o telefone do Lourival. Ou seja, como que o Lourival recebeu o comando de ir até o Terreirão se não há nenhuma conexão do sequestrador com o Lourival? Essa pergunta é obviamente respondida: porque Lourival é o próprio sequestrador. A conexão também não dá, a ERB, no Terreirão, exatamente o contrário: a ERB do sequestrador e do Lourival vão até a Barra da Tijuca, em uma concessionária. E lá, às 15h, 15h e alguns minutos, ele compra - ele já estava negociando desde janeiro -, ele compra um veículo pagando valor em espécie com as notas que foram dadas a ele pelo senhor Benjamin para pagar o resgate, de R$ 500 mil em espécie, e ele ainda compra uma moto em torno de R$ 30 mil", explicou a delegada na entrevista dessa segunda (20). O Ministério Público informou que o dinheiro foi usado de forma ilícita para adquirir 950 celulares.

Quatro presos

Lourival foi preso no dia 20 de março junto com outras três pessoas: Henrique Vieira Fadiga e Maria Luíza Vieira Fadiga, filhos dele, e Rebecca Azevedo dos Santos, amante.

Em resposta à TV Globo, a defesa de Lourival afirmou que não foi formalmente notificada da acusação e que vai se manifestar diante do juiz. A defesa classifica os fatos investigados como meramente especulativos e baseados em suposições.

O advogado dos filhos disse que está trabalhando para que tudo seja esclarecido.

E os advogados de Rebecca comentaram que confiam que a inocência dela será comprovada e ainda demonstraram preocupação com a forma como a prisão foi decretada.

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