Profissional já passou por grandes veículos como Jornal do Brasil, TV Globo e Veja
Roberto Jones especial para o Diário
O Diário de Petrópolis é, além de um jornal, uma escola de jornalismo para aqueles que aqui iniciam suas carreiras. Este é o caso de Celia Abend, jornalista nascida em Petrópolis. Formada em jornalismo pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1983, e MBA em Marketing Digital Estratégico pela Universidade Veiga de Almeida, a profissional fez parte da redação do Diário por quatro anos e conta, com orgulho, a sua trajetória.
Poderia me contar um pouco da sua trajetória profissional? Por quais veículos e trabalhos você já passou e onde está atualmente?
CA: Comecei antes mesmo do primeiro dia de aula na faculdade: visitando o Diário de Petrópolis no período que precedia o início das aulas no Rio de Janeiro. Fiquei encantada com o ritmo da redação e decidi que não queria esperar estar formada para começar a trabalhar. A convite do editor na época, Douglas Prado, fiz um estágio de férias. Minha primeira matéria foi sobre as pessoas que formavam uma fila gigante para a estreia do primeiro filme do Superman no Cinema D. Pedro.
Quando as aulas começaram e meu tempo ficou extremamente restrito, o colunista José Álvaro Carneiro Bastos me convidou para assinar uma coluna de televisão. Ele criou o espaço para mim, batizou de Tevendo e eu passei a entregar o texto semanalmente. Depois fui contratada como repórter, conciliando os últimos períodos da universidade com a redação. Foram tempos de muito trabalho e aprendizado. Quando me formei, estava pronta para trabalhar em qualquer veículo.
Me mudei para o Rio de Janeiro e trabalhei em duas agências de publicidade até que consegui uma vaga no Jornal do Brasil, por indicação do meu amigo querido Francisco Luiz Noel, jornalista petropolitano do maior quilate. Realizei o sonho da minha vida trabalhando por anos naquela redação icônica da Avenida Brasil 500.
Depois do JB, trabalhei como freelancer para a TV Globo, para a Revista Veja e para a Veja Rio. Em 1996, entrei para o mundo da política e comecei a conhecer a comunicação de interesse público, que é a minha paixão. Além da Prefeitura do Rio, onde atuei em diferentes funções por quatro vezes, também trabalhei como líder de equipes de Comunicação no Governo do Estado, na Assembleia Legislativa e no TCE-RJ. Estive na Firjan e na Fecomércio. Atualmente trabalho na comunicação da Casa Civil do governo do estado.
Como foi o período em que esteve no Diário? Qual sua experiência mais marcante?
CA: Foi muito bom ter trabalhado no Diário. Lá convivi com profissionais incríveis que vinham das grandes redações da capital: Mano Diniz, Augusto Moreira, Douglas Prado, José Álvaro Carneiro Bastos, Álvaro Carneiro Bastos, Diógenes, Edyr Raposo... Com eles aprendi a fazer um bom texto e a melhor apuração dos fatos.
Tive muitos momentos inesquecíveis, mas o maior eu documentei num artigo para os 50 anos do Diário, sobre meu primeiro encontro com Alberto Dines, um dos maiores jornalistas que esse país já teve. Ele tinha lançado o livro Morte no Paraíso, sobre Stefan Zweig, intelectual austríaco que fugiu da Europa perseguido por nazistas. Tinha acabado de ler o livro e fui cobrir a palestra no Museu Imperial.
Cravei o Dines de perguntas, ele ficou surpreso com a garota do interior que sabia tudo do livro. Me perguntou onde estudava e se continuaria no Diário após me formar. Eu disse que desejava trabalhar na capital, de preferência num grande jornal como o Jornal do Brasil (onde ele havia ajudado a fazer a histórica reforma gráfica e editorial). Ele insistiu para que eu ficasse no Diário, argumentou que a imprensa do interior era muito importante para salvar o verdadeiro jornalismo e que precisava de jovens repórteres para sua renovação. Para me incentivar, me deu uma tarefa: investigar alguns pontos da história de Zweig e sua mulher Lotta na cidade, que faltaram na primeira edição do livro. Fiz isso com garra e determinação, descobri informações inéditas e publiquei numa matéria de página inteira no Diário. Depois mandei para ele, que me retornou com uma carta carinhosa em papel timbrado da Editora Abril (ele era editor da Veja nessa época) que usei como recomendação para empregos e guardo com amor até hoje. Foi uma experiência marcante.
E pra finalizar, de que forma você acredita que a experiência no Diário te ajudou a seguir longe na sua carreira?
CA: Vou ilustrar com uma pequena história: quando meu amigo Francisco Noel me indicou para uma vaga no Caderno Cidade do JB, compareci à entrevista munida do meu currículo. O editor Dácio Malta apertou a minha mão e disse que não precisava dele, mas, sim, saber se eu sabia cobrir diversos temas, assim como o Noel, a partir da minha experiência no Diário. Respondi que sim. Ele então disse: está contratada, começa na segunda-feira. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.
Minha universidade era de excelência e aprendi na prática com os melhores no Diário, nos tempos em que produzíamos as matérias nas máquinas de escrever e o jornal era impresso no chumbo quente das linotipos. Muito tempo se passou de lá para cá. O Diário se renovou e tem uma excelente performance na versão digital, em minha opinião. Eu também tento me aprimorar, seguir a garotada, correr atrás das novidades tecnológicas para fazer comunicação de qualidade. Mas que aqueles tempos do jornalismo romântico foram bons, ah, isso foram!
Veja também: