Dados, divulgados na sexta-feira (27), reforçam importância de políticas públicas baseadas em evidências e ampliam o entendimento sobre fluxos migratórios no País
A quantidade de pessoas de outras nacionalidades que residem no Brasil aumentou nos últimos 15 anos. De 2010 a 2022, essa população passou de 592 mil para mais de 1 milhão crescimento de 70,3%. Os dados são do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira (27), durante o seminário Fecundidade e Migração: Resultados Preliminares da Amostra, na Universidade de Brasília (UnB).
O evento promovido pelo Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contou com a presença do secretário Nacional de Justiça, Jean KIeiji Uema. As informações podem ser acessadas no portal do IBGE no Panorama do Censo. Os dados também podem ser visualizados pelos mapas interativos. A íntegra da apresentação está no canal do Youtube do IBGE.
De acordo com o secretário, compreender a dimensão e o perfil da população migrante no Brasil é essencial para construir políticas públicas bem estruturadas e baseadas em dados concretos com responsabilidade fiscal e respeito aos direitos humanos. “A atuação conjunta entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o IBGE e os demais parceiros do acordo de cooperação com o OBMigra reforça esse compromisso com uma sociedade mais justa, informada e inclusiva”, afirmou.
Os dados de migração também contribuem para combater a desinformação, o preconceito e a xenofobia. “Não podemos permitir que a migração seja explorada politicamente de forma distorcida”, completou Uema.
O diretor de Pesquisas do IBGE, Gustavo Junger, destacou que a articulação interinstitucional tem permitido o desenvolvimento de metodologias e de produtos estatísticos consistentes, como os boletins anuais e os dados incorporados à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) “São informações essenciais para a compreensão dos fluxos migratórios e para o planejamento de políticas públicas”, explicou.
A UnB, por sua vez, é um espaço de reflexão, produção de evidências e fortalecimento de políticas públicas orientadas por ciência e por valores humanitários. A reitora da instituição, Rozana Reigota Naves, disse que a universidade está comprometida com a produção de conhecimento e com a formação de pesquisadores sensíveis às transformações da sociedade. “O fenômeno migratório é multifacetado e demanda respostas integradas e sustentadas por dados atualizados, coletados com rigor metodológico.”
Obmigra
O OBMigra é resultado do esforço do Estado brasileiro em garantir a transparência e o acesso democrático dos dados oficiais sobre migração e refúgio no Brasil com o máximo rigor científico. Isso é possível por causa do acordo de cooperação técnica entre órgãos e entidades do Governo Federal que permite a integração da base de dados sobre migração e refúgio. Participam: o MJSP, o Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério das Relações Exteriores, a Polícia Federal, o IBGE e a UnB.
O coordenador do OBMigra, Leonardo Cavalcanti, afirmou que a parceria permite monitorar estatisticamente os fluxos migratórios com mais precisão. "O Censo Demográfico de 2022 é um marco importante, mas é urgente que o País avance na produção de informações de forma contínua, especialmente por meio da Pnad Contínua, que pode trazer visibilidade permanente à temática migratória e permitir a correção de distorções, como as relacionadas à desigualdade de gênero", esclareceu.
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