Atualmente, mais de 25 mil famílias petropolitanas vivem na pobreza
Daniel Xavier estagiário
Petrópolis terá um Fundo Municipal de Combate à Fome. De autoria do vereador Marcelo Lessa, a lei promulgada recentemente tem como objetivo viabilizar à população em situação de vulnerabilidade o acesso a subsistência, nutrição e segurança alimentar no município. De acordo com o texto, os recursos geridos pelo Fundo deverão estar submetidos às políticas públicas, estratégias e subsídios governamentais de enfrentamento à pobreza, distribuição e o consumo de alimentos para toda a população, além de contemplar ações de proteção à criança e ao adolescente e de incentivo à agricultura familiar.
A insegurança alimentar tem sido uma realidade cada vez mais presente e que foi acentuada após a pandemia de covid-19 e as duas tragédias climáticas que atingiram a cidade em 2022. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Petrópolis conta com 25.851 famílias em situação de pobreza inscritas no Cadastro Único (dados referentes a fevereiro de 2024). Isso implica que cada família tem uma renda per capita mensal de até R$ 218.
Por conta disso, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis (CDDH) lançou no ano passado o programa A Fome Não Espera, apoiado financeiramente pela Fiocruz, e executado em parceria com a Faculdade de Medicina de Petrópolis e com a Secretaria Municipal de Saúde.
São 150 cestas doadas por mês. Em parceria com o Centro de Saúde Coletiva, distribuímos cestas para diversas localidades e para as gestantes em situação de insegurança alimentar. Os jovens que participam dos projetos da instituição também recebem cestas para ajudar na manutenção de suas famílias. Em parceria com a Unifase, o projeto acompanha e distribui cestas para famílias do Vale do Carangola, ainda, conta Carla de Carvalho, coordenadora do CDDH.
Programas municipais
O programa municipal Cartão Imperial passou por mudanças recentemente. Renomeado como Cartão Cesta Cheia, Família Feliz, a principal novidade foi o aumento no valor do benefício, que passou de R$ 70 para R$ 120 por mês. Até a última atualização, eram 4.103 famílias em situação de insegurança alimentar beneficiadas pela Prefeitura. Esse foi o primeiro reajuste feito desde 2011.
A moradora da Posse, Elisimar Gonçalves, é uma das beneficiárias do programa.
Feliz da vida, eu pego o cartão, e compro as minhas coisinhas. Ele já me salvou muitas vezes, quando eu não tinha açúcar, quando eu não tinha arroz, quando eu não tinha uma mistura. Com esse aumento, muitas pessoas vão ser ajudadas, declara.
O município ainda conta com a retirada de cestas básicas de forma gratuita nos dez Cras presentes pelos distritos da cidade. Por mês, são cerca de mil entregas feitas (última atualização feita em janeiro de 2023). No Portal da Transparência, constam três contratos firmados pela Secretaria Municipal de Assistência Social para aquisição dos kits, que juntos somam R$ 464.730,00.
Restaurante do Povo
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, que assumiu a gestão do Restaurante do Povo de Petrópolis em março de 2022, oferta 3.100 refeições diariamente na unidade daqui da cidade, sendo 700 cafés da manhã, 1.700 almoços e 700 lanches da tarde. Em todo o ano passado, 771.900 refeições foram ofertadas no município. Na unidade, o café da manhã é vendido por R$ 0,50, enquanto o almoço é disponibilizado a R$ 1.
Banco de alimentos fica na promessa
O primeiro Banco de Alimentos de Petrópolis continua no papel, apesar da lei que cria a Política para o Programa já estar vigorando no município. No entanto, as obras de implementação no térreo do prédio da Floriano Peixoto estavam paralisadas até a última atualização. As intervenções estavam previstas para serem finalizadas ainda no fim do ano passado, sob o valor de R$ 298 mil, segundo informações presentes no Portal da Transparência.
Questionada, a Prefeitura não se manifestou.
Veja também: