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segunda-feira, 03 de junho de 2024


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Cidade pode sofrer perdas por inconsistências no censo

Número de eleitores levanta dúvidas sobre resultados do censo em Petrópolis

Foto: Alcir Aglio
Foto: Alcir Aglio


Douglas Prado - Especial para o DIÁRIO

A comparação de números oficiais informados pelo IBGE e pelo Tribunal Superior Eleitoral mostra evidentes impossibilidades: há mais eleitores em Petrópolis do que habitantes contados no censo oficial em idade para votar. Depois de encerrada a fase de transferências e novas inscrições, no início de abril Petrópolis tem, oficialmente, 244.824 eleitores, numa população de 278.881 habitantes. A diferença de apenas 34.057 entre os dois é inferior, por exemplo ao número de alunos das escolas públicas e que ainda não têm idade para votar. A conclusão parece ser óbvia: pelo número de eleitores, a população deveria ser maior.

Habituado a participar de campanhas eleitorais, desde a década de 1970, como candidato ou dirigente partidário, o ex-vereador Fernando Fortes, a pedido da reportagem do Diário, aprofundou a pesquisa. Seus estudos mostraram inconsistências preocupantes, que levam a uma conclusão: o censo de 2022, com base no qual se baseiam as projeções atuais do IBGE não contou todos os petropolitanos. Se a tese for confirmada, Petrópolis sofre graves perdas nas receitas públicas. As verbas para Saúde e Educação, por exemplo, são baseadas nos números do censo do IBGE. Se estiverem errados, como parece, Petrópolis recebe menos recursos do que deveria.

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Há mais eleitores em várias faixas etárias que habitantes

Os dados mostram inconsistências claras: o TRE registra a existência de 13.562 eleitores na faixa de  80 anos a 100 ou mais, enquanto o IBGE contou apenas  9.407 habitantes. Também há diferença significativa na faixa etária de 70 a 79 anos (21.102 eleitores e 19.117 habitantes). Na faixa e 60 a 69 anos, também há registros de mais eleitores que habitantes (34.598 eleitores e 30.905 habitantes). A diferença na faixa dos 45 aos 59 anos cresce: há mais de 63.793 eleitores para 58.106 habitantes). Neste caso, há mais 5.687 eleitores que habitantes.

Nas demais faixas os números continuam não mostrando lógica: na faixa de 35 a 44 anos, são 44.325 eleitores para uma população de 41.685 pessoas. As dúvidas cercam também a faixa de 25 a 34 anos, na qual há 43.626 eleitores e 37.845 habitantes. O número de eleitores só é menor que o de habitantes no grupo que vai de 15 aos 24 anos: são 35.680 contados pelo IBGE contra 23.718 portadores de títulos eleitorais. A diferença é de 11.962 e pode ser explicada pelo fato de haver um grande número de habitantes, de 15 e 16 anos, que ainda não estão em idade de poderem fazer o alistamento eleitoral.

Soma de eleitores e não eleitores é maior que o número de habitantes

Os números maiores de eleitores do que de habitantes poderia ser justificado por haver muitas famílias que moram em outros municípios, mas mantêm casas em Petrópolis e se registram como eleitores aqui. Mas, também há uma tradição no sentido contrário: pessoas que moram aqui e vieram de municípios como da Zona da Mata, em Minas Gerais, principalmente, que mantiveram seus títulos de eleitor nas cidades de origem, onde amigos ou parentes podem ser candidatos ou têm interesse direto nas eleições locais. Esse fenômeno tenderia a reduzir muito ou até mesmo neutralizar a influência dos moradores de fim de semana de Petrópolis, que votam no município.

Para Fernando Fortes, há um número que confirma o desequilíbrio: contados pelo IBGE são 46.036 habitantes na faixa etária de 0 a 14 anos, e estes ainda não votam. Feitas as contas, haveria apenas 232.845 aptos a votar, mas o TRE registra 244.824 eleitores no total. Como a conta não incluiu os eleitores de 15 anos, que não votam, e os de 16 anos não inscritos, as inconsistências são ainda maiores.

Se somarmos as diferenças a mais do eleitorado chegaremos a 58.019 eleitores que não existem para o IBGE. Somado esse número ao de habitantes, teríamos 302.843 habitantes. As disparidades, diz o ex-vereador, deveriam ser investigadas pelas autoridades municipais, principalmente porque as finanças de Petrópolis enfrentam os efeitos da redução do ICMS. Se as informações sobre a população estiverem erradas, para menos, estamos perdendo dinheiro.

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Números são diferentes  em outros municípios

Em Petrópolis, o número de eleitores registrados pelo TSE representa 87,78% da população, que inclui, evidentemente, os habitantes que ainda não têm idade para votar. A proporção de eleitores é muito menor, por exemplo, em Niterói, onde os 408.439 eleitores representam 73,3% dos 481.749 habitantes contados pelo IBGE. Da mesma forma, Teresópolis tem 132.125 eleitores, o que representa 80% do número de habitantes. A tendência se repete em Nova Friburgo, que tem 155.894 eleitores, ou seja: 82% dos 189.939 habitantes. A vizinha Três Rios também tem número de eleitores menor em relação ao de habitantes: dos seus 78.346 habitantes, 63.469 são eleitores, o que representa 81% da população contada pelo IBGE. A proporção de eleitores (337.242) em comparação ao número de habitantes (483.540) é menor também em Campos dos Goytacazes, representando 77%.

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