No Estado, número de apreensões é o maior em todos os meses da série histórica iniciada em 2007
Larissa Martins
O Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP-RJ) divulgou, na última quinta-feira (27), um levantamento sobre a criminalidade no município de Petrópolis. Os números apontam que o registro de furtos subiu 34% em 12 meses. No primeiro mês deste ano foram lavradas 129 ocorrências nas delegacias da cidade, enquanto no mesmo período do ano passado foram 96 casos.
Já o percentual de roubos permaneceu baixo, mas não irrelevante. Foram 13 casos neste ano e oito no ano passado. Apesar de serem parecidos e muito confundidos, existe uma diferença entre os crimes: o furto é previsto na legislação como a subtração do bem de terceiros sem violência ou grave ameaça, enquanto o roubo se caracteriza pela subtração mediante violência ou grave ameaça. Aliás, o índice de ameaça na cidade permaneceu estável, com 124 ocorrências em 2024 e 2025.
Aumento da pena
Em dezembro do ano passado, foi aprovada na Câmara dos Deputados a proposta que aumenta as penas para os crimes de furto e roubo. O projeto seguiu para análise do Plenário, com requerimento para votação em regime de urgência. O PL 3.780/2023 altera o Código Penal para aumentar as penas desses crimes e incluir novidades como o furto e receptação de animais domésticos, o roubo de arma de fogo e a interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública.
O texto aumenta a pena no caso de crime de furto simples para de 1 a 6 anos de reclusão e multa, com aumento de 50% em caso de agravante. Atualmente o Código Penal determina de 1 a 4 anos de reclusão e multa, com aumento de um terço em caso de agravante.
Já o furto que causar prejuízo ao funcionamento de serviço público, como telecomunicações, energia elétrica e abastecimento de água, que hoje não está previsto na lei, será caracterizado como furto qualificado (hoje são classificados assim apenas os furtos em que há invasão, abuso de confiança ou a participação de mais de uma pessoa). Pelo texto, quem cometer esse tipo de crime está sujeito atualmente à pena de 2 a 8 anos de reclusão e multa.
Atualmente o Código Penal tipifica, no art. 265, o atentado contra o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública, mas não especificamente o crime de furto que prejudique os serviços.
Roubo
Já o roubo, em todas as suas modalidades, se a proposta tornar-se lei, terá a pena atual de 4 a 10 anos de reclusão mais multa alterada para uma maior, de 5 a 10 anos e multa. No caso de roubo de equipamento ou instalação que possa prejudicar o funcionamento de serviços públicos, como telecomunicações, energia elétrica, abastecimento de água, saúde e transporte público, essa pena poderá ser aumentada em um terço.
Nos casos de roubo com violência, se a vítima sofrer lesão corporal grave, a pena será de reclusão de 10 a 18 anos e multa (a pena atual é de 7 a 18 anos de reclusão e multa).
Golpes
Em relação ao estelionato, o ISP mostra que o número caiu de 227 para 198. Recentemente, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alertou para o golpe da selfie, utilizado pelos criminosos para roubar dinheiro de contas bancárias. Segundo a entidade, após descobrir dados pessoais, o criminoso entra em contato com a vítima e diz que ela ganhou um benefício ou brinde.
Uma das iscas mais usadas é a doação de uma cesta básica mensal ou até um benefício previdenciário extra, que na verdade não existe. Entretanto, ele informa que, para o pagamento do benefício, é necessário fazer uma selfie para algum tipo de comprovação com o fornecedor do benefício.
O golpista, então, coloca uma fita isolante no celular ou tampa todos os campos para que a pessoa não perceba que está dentro de um ambiente bancário e prestes a fazer autenticação biométrica para uma operação de crédito. Com a foto do rosto do correntista, os criminosos acessam a conta bancária das vítimas e conseguem fazer empréstimos e transferências.
Produtividade policial
Entre os números consideráveis da produção policial, em janeiro deste ano, está o auto de prisão em flagrante, com 94 pessoas detidas. No ano passado, o número foi o mesmo. Ainda segundo o ISP, houve 1.182 registros de ocorrências nas delegacias da cidade. Desses, 49 foram por tráfico de drogas, enquanto no ano passado foram 38. Também houve 15 registros por porte de drogas, sendo 6 a menos que em 2024.
Também subiu de 63 para 89 o índice de ocorrências de apreensões de drogas. Além disso, cerca de 17 adolescentes foram apreendidos por ato infracional em janeiro deste ano, enquanto no ano anterior foram 12. Os policiais cumpriram 33 mandados de prisão no mês passado e 23 no mesmo período de 2024.
Nos crimes contra a vida, a lesão corporal dolosa foi responsável por fazer 87 vítimas em 2025 e 102 em 2024. A lesão corporal culposa fez 19 e 42 vítimas, em 2025 e 2024, respectivamente.
Cenário estadual
No estado, no primeiro mês deste ano foram apreendidos 96 fuzis, uma média de três armas de longo alcance retiradas das mãos dos criminosos por dia. Esse número representa também o maior volume de apreensão para um único mês em toda a série histórica, iniciada em 2007 pelo ISP. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 54,8%. Ainda em janeiro, 537 armas de fogo também foram removidas das ruas - cerca de 17 por dia.
“Continuamos batendo recordes na apreensão dessas armas de guerra. E também continuo a afirmar ser necessário que o governo federal faça a sua parte, impedindo que esse armamento tão letal entre pelas nossas fronteiras. O Rio de Janeiro não produz armas, então é muito importante essa ação por parte do governo federal”, destaca o governador Cláudio Castro.
A produtividade policial registrou os melhores resultados nos últimos anos. Em janeiro foram realizadas 3.572 prisões em flagrante, representando um aumento de 4,2% quando comparado com janeiro de 2024 - esse foi o maior número de prisões efetuadas no mês desde o início da série histórica, em 2006. As polícias estaduais registraram 2.117 apreensões de drogas, 10,5% a mais no mesmo período do ano anterior; 1.718 veículos roubados ou furtados foram recuperados, 55 a cada 24 horas, um crescimento de 45,5% e 927 mandados de prisão foram cumpridos.
Os dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública são referentes aos Registros de Ocorrência (ROs) lavrados nas delegacias de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro durante o mês de janeiro.
*Com informações das Agências Brasil e Senado
Veja também: