Larissa Martins
É comum que o período de verão venha acompanhado de pancadas de chuva, exigindo atenção redobrada aos cuidados com as inundações de rios registradas em Petrópolis. Animais como ratos podem contaminar a água com urina infectada, transmitindo a leptospirose.
Nos últimos três anos (de 2022 a 2024), Petrópolis registou 102 casos da doença. A maioria das ocorrências foi confirmada durante o ano de 2022, podendo estar associada às tragédias, quando ocorreram inundações, contribuindo para a disseminação da bactéria Leptospira.
Nos anos seguintes, os números reduziram consideravelmente (11 em 2024 e 9 em 2023). Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) do Ministério da Saúde.
A doença
A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda. O período de incubação, ou seja, intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sinais e sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.
A doença apresenta risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose, ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que normalmente iniciam-se após a primeira semana de doença.
Sintomas
Essas manifestações podem variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros graves, associados a manifestações fulminantes. São divididas em duas fases, a precoce e a tardia, podendo provocar febre, falta de apetite, dor muscular, dor de cabeça, náuseas e vômitos.
Podem ocorrer também diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular, tosse; mais raramente podem manifestar exantema, aumento do fígado e/ou baço, aumento de linfonodos e sufusão conjuntival.
Nas formas graves, a manifestação clássica da leptospirose é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa - icterícia rubínica), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar.
Diagnóstico
O diagnóstico específico é feito a partir da coleta de sangue no qual será verificado se há presença de anticorpos para leptospirose (exame indireto) ou a presença da bactéria (exame direto). O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva em que se encontra o paciente.
Tratamento
O tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado no momento da suspeita, sendo disponibilizado no Sistema Único de Saude (SUS).
Prevenção
De acordo com a SES-RJ, para se proteger da doença é necessário evitar o contato com água ou lama de enchentes ou esgotos. Impedir que crianças nadem ou brinquem nesses locais, que podem estar contaminados pela urina dos ratos infectados.
- No caso de contato com água de enchentes ou esgotos é necessário tomar banho com água limpa e de preferência usar sabonete. Se houver algum ferimento, é preciso lavar bem o local com água potável e sabão ou sabonete;
- Após a água baixar, será necessário retirar a lama e desinfetar o local se protegendo com botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com água e lama contaminadas. Sacos plásticos duplos também podem ser amarrados nas mãos e nos pés;
- Para desinfectar a área atingida pela lama ou água da enchente: lavar pisos, paredes e bancadas com água sanitária, na proporção de 2 xícaras das de chá (400ml) desse produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos;
- Ter cuidado com os alimentos que tiveram contato com água de enchente. Alguns devem ser jogados fora, outros precisam de tratamento especial nestas situações;
- Manter os terrenos baldios e as margens de córregos limpos e capinados. Evitar entulhos e acúmulo de objetos nos quintais e nas telhas;
- Limpar a caixa d’água regularmente.
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