Casos de obesidade infantil preocupam especialistas
Larissa Martins
O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde que utiliza como base os dados sobre a população atendida nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) aponta que há 339 crianças, de 0 a 5 anos, consideradas acima do peso ideal para a idade, em Petrópolis.
O número representa 5,25% do total de crianças nessa faixa etária contabilizadas nos Relatórios do Estado nutricional da população da cidade.
Riscos à saúde
Considerada um problema de saúde pública complexa no mundo, a obesidade infantil pode ser a porta de entrada para diversas doenças crônicas, como o colesterol alto, por exemplo.
“O colesterol alto é um importante fator de risco para diversas doenças, por isso mantê-lo dentro dos parâmetros normais é essencial”, ressalta o pediatra Dr. Gabriel Farias, lembrando que as principais causas em crianças são o consumo excessivo de gorduras na alimentação, o excesso de peso e o sedentarismo.
No entanto, algumas crianças e adolescentes podem apresentar colesterol alto mesmo sendo magros e tendo uma alimentação equilibrada, devido à dislipidemia familiar, alerta o especialista.
Valores de colesterol total em crianças:
Ideal: inferior a 110 mg/dL
Limítrofe: 110129 mg/dL
Elevado: acima de 130 mg/dL
Nos adultos:
Ideal: inferior a 200 mg/dL
Limítrofe: 200239 mg/dL
Elevado: acima de 240 mg/dL
Piora do cenário na pandemia
Segundo o pediatra Wilton Amorim de Matos Neto, a pandemia de Covid-19 contribuiu para agravar os casos de obesidade infantil no país.
“O isolamento social e as mudanças na rotina resultaram em menos atividade física e maior consumo de alimentos ultraprocessados. Isso favoreceu o ganho de peso em crianças e adolescentes, algo que observamos nitidamente no consultório nos últimos anos”, afirma.
Cuidados
Para o médico, a prevenção começa no ambiente familiar, com a promoção de hábitos saudáveis desde os primeiros anos de vida.
“É fundamental que as famílias incentivem uma alimentação equilibrada, reduzam o consumo de alimentos industrializados e estimulem o movimento e o brincar ao ar livre. A obesidade não é apenas uma questão estética, mas um fator de risco real e precoce”, ressalta.
Além da família, escolas e profissionais de saúde têm papel central na construção de uma cultura de saúde. O pediatra destaca a importância de uma atuação coordenada entre os setores.
“A escola precisa ir além do conteúdo pedagógico. É importante que ofereça alimentação saudável e crie oportunidades regulares para atividades físicas. Já os profissionais de saúde devem orientar, acompanhar e, sempre que necessário, intervir precocemente”, destaca.
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