COLUNISTA
Ainda que extenuado com o calor que fiz suportar, em Itaipava, no último sábado, ademais com a presença, ao anoitecer, na residência de um de nossos filhos com o fito de abraçar nossa neta, que completou dezessete anos, já em nossa casa iniciei a leitura de “Reminiscência de Amor Divagações, Poemas e Sonetos”, publicação “in memoriam” do querido avô, Silva Maia, levada a termo pelo neto escritor, músico e poeta Marco Aurhê.
Terminei a leitura no domingo à noite e com o coração batendo forte, pleno mesmo de emoção e contentamento.
Na verdade, esplendorosa obra!!
Não pode imaginar, caro Marco, no tocante à sua grandiosa iniciativa de vir a publicar a obra da lavra do avô, o poeta de mão cheia, Joaquim da Silva Maia Júnior.
Sua vida e obra são bastante elucidadas nas duas orelhas da publicação.
Por isso mesmo, não foi por acaso que temos hoje, forte, gloriosa e respeitada, a Academia Petropolitana de Letras, graças a muitos outros, inclusive a Silva Maia.
Ao ilustrado poeta, de onde esteja, o nosso mais profundo sentimento de eterna gratidão.
Mas falemos de Poemas e Sonetos!!
De início, “Achrostico”, uma homenagem à querida esposa, Laura.
A leitura segue adiante e já podemos conhecer, sentir, através dos versos diversos, outros, também, tão pujantes e amorosos, que exprimem diferentes facetas da formidável figura do cidadão Joaquim da Silva Maia Júnior, poeta de escol.
Sua magnífica produção bem demonstra o grande coração que lhe batia no peito.
Assim é que chamaram a minha atenção, desde logo, vários sonetos que deixam marcados a propósito da forte personalidade, singeleza e inspiração, bem próprias do insigne poeta, aliás como assinala o acadêmico e também poeta, Fernando Costa quando se manifesta enfatizando que a poesia do avô guarda, realmente, “... pétalas perfumadas em amor, esperança, desejo e sentimento que exalam intenso odor, onde a retórica e a semântica o conduziram ao pódio dos mais apreciados e louvados.”
O caríssimo confrade, Marcelo Fernandes, dentro do mesmo diapasão deixa patente que o poeta “...ao optar pelo soneto como expressão principal de sua poética, o faz com grande mestria e vigor, que o coloca, sem dúvida, entre os grandes de seu tempo”.
Meu caro Marco, por favor, não me compare, na condição de modesto articulista, como o fora o grandioso confrade Fernando Py, sempre brilhante ao comentar, com o mais alto grau do saber e da cultura, a respeito de obras que lhes chegavam às mãos as quais mereciam, do notável Py, profundas e sábias considerações sobre as mesmas.
Este confrade, que tanto escreveu em páginas dos jornais “Diário de Petrópolis” e “Tribuna de Petrópolis”, apenas pretende deixar aqui consignado que a obra do avô marca como diamantes reluzentes, o grande poeta que deve merecer o respeito e a admiração por parte de todos que tiverem a feliz oportunidade de ler tão maravilhosa produção literária, legado que nunca poderá ser olvidado.
Parabéns, Marco, pelo seu gesto de carinho e gratidão!!
José Afonso de Guedes Vaz (cadeira 26)
“Acróstico”
L onge de ti, vive minh’alma afflicta,
A lvoroçada e louca a procurar
U ma palavra que termine em... aura,
R eluzente e tão clara como a aurora,
A o despontar no Oriente, a luz do sol...
E, ainda não achou. Mas, assim mesmo,
M anifestando o pensamento a esmo...
T erminou, nessa síllaba sonora,
I nda isolada, um verso, que me aflora
S erenamente o lábio, e, depõe numa aura
O nome teu, a palpitar, oh! Laura!
P ara mim, não há música tão doce.
E é bem provável, que, se eterna fosse,
N esta bendicta terra, a nossa vida,
S ó por teu nome, L a u r a, avidamente,
O uvir-me-ias chamar, e t e r n a m e n t e.
[mantida a ortografia do texto original]