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Aristóteles Drummond

COLUNISTA

Aristóteles Drummond

UM PETROPOLITANO RELEVANTE

Aristóteles Drummond


A Memória da Eletricidade, entidade que preserva a história do setor elétrico brasileiro, relevante ator no nosso processo de desenvolvimento econômico e social, vem de publicar preciso livro contendo depoimento autobiográfico de José Luiz Alquéres, um dos maiores nomes da área.

O lançamento reuniu o que existe de representativo neste mundo que deu ao Brasil personalidades inesquecíveis pelos serviços prestados com relevância, como Mario Bhering, Antônio Carlos Magalhães, General Costa Cavalcanti e José Antonio Muniz Lopes. Todos, como Alquéres, presidentes da Eletrobras nos seus anos dourados das grandes obras. Aliás, passaram pela diretoria, onde Alquéres também esteve, brasileiros de referência como Aureliano Chaves e César Cals, depois ministros de Minas e Energia. Lá, também estavam Mario Santos, John Forman, Altino Ventura e Flávio Decat.

Alquéres, além da Eletrobras, foi presidente da Cerj e da Light, sempre com destaque e bons resultados, como quando foi diretor do BNDES e secretário de Estado no Rio, entre outras funções. No setor privado, foi presidente da grande empresa francesa Alstom e presidiu a Associação Comercial do Rio de Janeiro. Ou seja, uma biografia rica na prestação de serviços ao país.

Ao lado deste administrador e técnico de valor, existe um estudioso, intelectual já de boa obra, um apoiador da cultura e um filantropo discreto e generoso. Sua correção é integral, exemplar chefe de família, ótimo amigo e bom chefe.

Neste momento em que a frase de Oswaldo Aranha, de que o Brasil era um deserto de homens e ideias, é atual, é gratificante uma narrativa como esta, para que a novas gerações não percam as esperanças e reencontrem o ambiente que fez do setor elétrico brasileiro uma referência de competência, no qual as ondas de corrupção nunca chegaram a atingir pela bravura ética e moral de seus quadros.

Na minha modesta avaliação de servidor do setor, a origem das dificuldades enfrentadas pelas empresas distribuidoras teria origem justamente no não aproveitamento e renovação dos quadros de raiz, dada as características muito especiais da área no Brasil, que, inclusive, desde os tempos privados, como o período estatal, primou pela austeridade nos gastos.
Relações estreitas com as comunidades atendidas e autoridades locais sempre foram essenciais. Hoje, as distribuidoras de passado relevante, como Light e Cemig, têm gestores de fora do mundo elétrico e residentes fora da área de concessão. Fica difícil dar certo assim. Tempos de gestores que ganhavam menos e as empresas eram lucrativas é bom lembrar.

O livro presta este serviço ao setor elétrico atual, pois pode servir de reflexão aos atuais responsáveis, acionistas em especial, para o grande valor do capital humano na atividade que requer conhecimento técnico e sensibilidade social e política. É importante neste momento em que as empresas privatizadas sofrem toda sorte de cerco, desde agências reguladoras ao Judiciário e aos executivos municipais e estaduais ávidos para retomá-las, favorecidos pela falta de habilidade na gestão.

É o que vai ocorrer com os trens urbanos do Rio de Janeiro, reestatizados, em que os prejuízos deixarão de ser de acionistas privados para ser da população.

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