COLUNISTA
Aristóteles Drummond
Impressiona a falta de sensibilidade das principais lideranças políticas do Brasil em relação ao que pensa o povo neste momento. Lula, Bolsonaro e seus próximos estão com discurso totalmente diverso do que anda interessando a maioria da população.
Lula com seu discurso vago de “combater a fome”, “acabar com a desigualdade”, não percebe que o povo sabe que ninguém defende a fome nem a desigualdade.
O que provoca a fome é o desemprego e os salários baixos. A falta de bons empregos é pela falta de investimentos privados, que gera bons empregos na indústria e nos serviços. Também a falta de qualificação da nossa mão de obra, de baixa produtividade e naturalmente de baixo salário. Mas é difícil investir em país de tão alta carga de impostos e com insegurança jurídica em um mundo competitivo. E gastar no social deveria ser na formação de mão de obra para melhorar a renda e não apenas dar uma mesada aos mais necessitados. O jovem das comunidades acaba no crime pelo ócio. O discurso contra o mercado não cola mais. Lula tanto criticou o aumento dos juros que agora, com o Banco Central seu, engole aumento para a maior taxa entre as grandes economias.
Já Bolsonaro não percebe que a maioria da população sabe que ele perdeu, que as urnas são confiáveis, nem tem a humildade de reconhecer que errou ao dar palpites infelizes na pandemia e nunca ter ido a um hospital nos momentos mais críticos. Muito menos que vem perdendo credibilidade diante de casos mal explicados, como relógios, joias, atestado de vacina, suspeitas aquisições imobiliárias de filhos e círculo íntimo envolvido em articulações tão infantis que beiram o ridículo. A classe média, mais informada, reconhece o bom governo, alguns ministros notáveis, mas lamenta o comportamento pessoal que levou a construção de uma derrota não prevista. Brigou com todo mundo, agrediu, foi grosseiro, isolado politicamente, nem um vice com 20 votos teve. Zero de chance, apesar de impressionante popularidade ainda.
O Brasil pede gente antenada com políticas que dão resultados na economia e na qualidade de vida, com uma agenda positiva e realista, e não discurso vazio.
Nas hostes governistas, o panorama também é pobre. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro Fernando Haddad são as melhores referências de bom senso.
O chamado centro-democrático deve se unir em torno dos nomes viáveis, desde o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao de Goiás, Ronaldo Caiado, e ao do Paraná, Ratinho Junior, além de políticos que tenham experiência, inclusive no Congresso. Gente com passado como Mendonça Filho, Aécio Neves, Paulo ABI-Ackel, Lafayette Andrada e Júlio Lopes. E, claro, sendo ouvidos os ex-presidentes José Sarney e Michel Temer.
Fora desta agenda racional, a crise pode fugir ao controle das forças mais responsáveis da sociedade.
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