COLUNISTA
Aristóteles Drummond
A cidade de Peirópolis ostenta com orgulho o título de “Cidade Imperial”. Fundada pelo Imperador Pedro II, que ali viveu boa parte de sua vida com a família, leva justamente o nome de seu benemérito, pois Petrópolis quer dizer cidade de Pedro.
O Museu Imperial é o mais visitado do Brasil, muitas de suas edificações datam do Império, a catedral é de São Pedro de Alcântara, suas ruas preservam construções do tempo do Império, palácios de referência histórica.
Foi a primeira cidade projetada do Brasil, traçada do Major Júlio Koeler, alemão naturalizado brasileiro, autor também do projeto da ferrovia que ligava a cidade ao Porto de Mauá, tendo no fundo a Baia da Guanabara. Foi residência de verão dos presidentes até Costa e Silva e de governadores do Estado do Rio, nos palácios Rio Negro e Visconde de Itaboraí. Getúlio Vargas passava pelo menos quatro meses na cidade.
Este patrimônio está ameaçado pelo Iphan, órgão público federal responsável pela preservação de nosso patrimônio histórico, que teve a boa iniciativa de proteger a cidade com tombamento perfeito. Agora, interesses escusos buscam macular o tombamento colocando em sério risco centenas de imóveis de referência.
A descaracterização da cidade, principalmente de seu centro histórico, com os bairros originais, vai afetar o turismo, que é importante na economia local. Além de ser uma afronta à cultura e à memória nacional.
A cidade já teve prefeitos relevantes, como Oswaldo Cruz, Oscar Weinschenck e Yedo Fiúza, e uma representação política relevante. O grande benemérito do Estado do Rio, Amaral Peixoto, tinha propriedade agrícola no distrito da Posse e intelectuais, como Rui Barbosa, Pedro Calmon, Afonso Arinos, Cláudio de Sousa e Carlos Lacerda, também mantinham imóveis na cidade.
A elite cultural do país está perplexa e começa a reagir, tendo no comando a admirável Fernanda Colagrossi, ilustre moradora, que aos 90 anos mostra o mesmo entusiasmo da jovem que criou a Associação de Preservação de Petrópolis - APANDE, há mais de meio século.
Abortar essa ameaça é um imperativo acima de partidos ou ideologias, pois se trata da preservação de um patrimônio que é de todos os brasileiros.
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