COLUNISTA
Aristóteles Drummond
O robusto e moderno mercado financeiro brasileiro é dirigido por um grupo abaixo dos 50 anos, preparado e dando demonstrações de competência. Mas falta experiência e sensibilidade para a importância da política na economia. Neste momento existe algo no ar em torno do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários. Na CVM, o presidente pediu demissão um ano antes do término de seu mandato. E o Banco Central tem demorado muito a resolver problemas que no passado eram tratados a tempo e a hora.
Alguns fatos não têm sido colocados nas análises dos economistas e comentaristas econômicos. São eles: a crescente dívida pública como empecilho a desejada queda nos juros, a valorização nas últimas semanas do real, apesar de problemas como o tarifaço, e a queda no superávit comercial e as reiteradas declarações do presidente da República e do ministro da Economia em relação aos “super-ricos”.
Haddad já disse até ser contra herança.
Muitos capitalistas e muitas famílias têm se desfeito de ativos e, segundo dados divulgados, não são poucos os que transferem para fora o domicílio fiscal. Situações atípicas, sem dúvida. O país na teoria teria tudo para viver um momento de otimismo e confiança, pois, apesar das fragilidades, tem uma economia com possibilidades de crescimento e um mercado poderoso, não fossem questões políticas, no campo externo, e ideológicas, no interno. Até a volta da Petrobras à distribuição de combustíveis é alvo de especulações.
O clima de instabilidade no Banco Central e na CVM provavelmente se deve a interferências políticas em decisões técnicas para preservar o mercado que vem sendo aprovadas ou adiadas. As investidas pelo aumento de impostos e inexistência de cortes em gastos públicos colaboram para a perda do otimismo. A poupança interna é das menores da América Latina e a produtividade vem caindo. Até no universo do agronegócio as dificuldades se fazem sentir pelas empresas que andam recorrendo à proteção judicial.
O mercado e a área econômica do governo carecem de bons conselheiros, com sabedoria lastreada na experiência e com visão pragmática sem viés ideológico ou na busca do lucro de curto prazo.
A economia, como a política, tem em comum que os ganhos no curto prazo, quando não tem base sólida, custam caro no médio e longo prazo.
Há algo de muito estranho no ar!!!
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