COLUNISTA
Aristóteles Drummond
O país tem assistido a uma série de manifestações de empresários sobre a orientação da política econômica do atual governo, a partir do desabafo de Rubens Ometto, e na mesma linha Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles. São muitos os alertas dos homens que fazem a riqueza circular, empregam e pagam impostos.
A par dos empresários, os economistas em geral têm se manifestado pessimistas com os fatos relacionado à política fiscal, gastos e endividamento público, gestão temerária nas estatais, fatores que inibem o investimento e alimentam a inflação.
Entre empresários e economistas, questões políticas e ideológicas não são levadas em conta. O pensamento pragmático é voltado para o crescimento e o lucro, que, mais do que beneficiar o capital, permite o emprego e faz aumentar a arrecadação do governo sem precisar aumentar a carga fiscal superior a muitas economias relevantes.
O Brasil tem comportamento medíocre na produtividade e na qualidade. Sobrevive hoje do agronegócio e da mineração, onde a presença do estado é irrelevante. Precisa investir e ter competitividade na indústria.
Como o governo pensa como à esquerda dos anos 1950, a opinião dos empresários e a retração do investimento privado não têm importância. O que vale são as opiniões de sindicalistas e do mundo intelectual dominado pelo pensamento esquerdista. E avaliações do mercado financeiro nacional e internacional são enfrentadas com irritação.
Esta situação de crise interfere mais na qualidade de vida e no estado psicológico da população, classes médias e operárias, do que nos empresários, economistas e nos poucos políticos liberais. A conta da teimosia esquerdista é paga pelos menos favorecidos, vítimas do subemprego, da inflação e do desperdício do setor público. E, politicamente, o governo acaba por se desgastar na medida em que a crise se torna inevitável com seus reflexos políticos, econômicos e sociais.
O Brasil tem uma sociedade mais sólida do que Venezuela, Nicarágua, África do Sul e outros países de referência para nossos governantes. Uma crise ampla não atenderá a ninguém. No mais, nosso distanciamento dos EUA e da União Europeia briga com as melhores tradições de nossa história.
Mais vale ouvir os empresários e economistas liberais do que militantes irresponsáveis. A conta da irresponsabilidade tarda mas não falha.
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