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Douglas Moutinho

COLUNISTA

Douglas Moutinho

Mufasa: o Rei Leão

Um conto de dois irmãos

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Mufasa: o Rei Leão, o mais recente filme da Disney e dirigido por Barry Jenkins, tem a difícil missão de explorar a vida anterior do seu protagonista antes dos acontecimentos da animação de 1994 que culminaram na ascensão de Simba ao trono e na morte de Scar. Desenvolver uma narrativa que funcione como uma prequência para um material base tão enraizado na cultura popular é uma missão que pode apresentar maiores dificuldades do que aparenta. Não por acaso os estúdios investem geralmente em sequências, e mesmo nos anos 2000, época em que uma série de filmes com (sub)título “O Início” surgiram, a qualidade desses filmes raramente era digna de nota. Mufasa surge então como uma ousada tentativa de desenvolver aquele que, a meu ver, é o mais interessante personagem dentre todos os presentes nos clássicos da Disney. No entanto, há de se dizer que essa história da infância de Mufasa já havia sido contada em um livro lançado na mesma época do primeiro filme, 1994, publicado sob o nome A Tale of Two Brothers. Ainda assim, o filme ignora completamente a história já existente.

Contada através de flashbacks narradas por Hafiki para Timão, Pumba e Kiara, a história do filhote Mufasa se inicia com a separação de sua família (em uma sequência que nitidamente rememora cenas memoráveis do filme de 1994) e o seu encontro com o seu futuro irmão adotivo, Taka. Ao longo da história, vários personagens clássicos se juntam à jornada de Mufasa até ele se tornar o monarca conhecido dos filmes anteriores.
A escolha por uma animação 3D realista em detrimento de uma animação 2D é explicado pelo esforço da Disney de (re)contar as suas histórias para um novo público, mais interessado no naturalismo do que nas características lúdicas da animação. Isso conecta o filme mais intrinsicamente com a nova versão em animação 3D de 2019, que possui o mesmo enredo do filme de 1994. Além disso, Mufasa continua apresentando a mesma característica que levou o filme de 2019 a não ser tão bem recebido: uma animação que busca o realismo enquanto os animais continuam fazendo coisas que seriam impossíveis, como dançar e cantar. No entanto,
nessa espécie de universo da Disney, o realismo e a música fazem parte, ainda que cada filme deva ser julgado através do prisma de sua própria gramática. Esteticamente, Mufasa cumpre a sua simples função de ilustrar o seu enredo de forma naturalista enquanto brinca com easter eggs para afagar o espírito dos mais saudosistas.

No entanto, o grande mérito do filme está no respeito com o seu protagonista. Mufasa representa o rei, o portador da virtudes necessárias para liderar um povo. Sendo um filme direcionado majoritariamente a um público infantil, mostrar o rei virtuoso, imponente e forte é algo indispensável. Mufasa é portador de todas as virtudes mais importantes que a literatura ocidental por milênios já lida no gênero textual chamado de espelho de príncipe, desenvolvido através de pensamentos de Platão, Aristóteles, Epiteto, Maquiavel, Dante, Erasmus de Roterdam etc. Dentre as virtudes que esses autores enfatizam, destaco a sabedoria, a coragem, a
temperança, a justiça, a piedade, a espiritualidade, a honestidade, a fidelidade e a disciplina, todas elas fundamentais para a educação infantil através da cultura e do entretenimento. E todas essas virtudes estão presentes em Mufasa.

Mufasa é uma obra que presa pela beleza e pelo respeito ao filme original enquanto é responsável com o seu público. Ela não inova em sua forma, e nem tem a pretensão disso. Ao invés disso, tenta conservar a auro do seu protagonista enquanto o apresenta para a geração mais nova.

Sonic 3: o filme

À sombra de uma nova ameaça

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A primeiro recente aparição do clássico ouriço da SEGA nos cinema gerou tremenda especulação, principalmente no tocante à aparência do personagem. Talvez alguns não se lembrem das primeiras imagens do Sonic ainda muito antes do lançamento do filme, mas a sua aparência gerou uma tremenda comoção por parte dos fãs do mascote da SEGA, resultando em uma drástica mudança em suas formas, dessa vez agradando a esmagadora maioria dos fãs. Esse primeiro gesto dos envolvidos com a produção do filme reflete muito a relação entre o estúdio, a direção, o personagem e os fãs, prezando pelo respeito que desde o princípio foi estabelecido e perdurou até agora, no terceiro filme. Parece que tudo no filme é feito para agradar aos fãs mais antigos enquanto encanta os mais novos com as desventuras do ouriço e de seus amigos.

Nessa nova aventura, Sonic, Knuckles e Tails se reúnem para enfrentar Shadow, um novo e mais poderoso inimigo, com a ajuda do antigo antagonista, Robotnik. Repleto de referências aos jogos, o filme reúne todos os mais clássicos personagens da franquia de Sonic The Hedgehog, estabelecendo relações jamais estabelecidas entre eles.

Novamente dirigido por Jeff Fowler, o filme entrega ao espectador a mesma experiência despretensiosa, que busca unicamente transmitir a história e a essência dos personagens, enquanto diverte o público com cenas graciosas, frenéticas e divertidas. Além disso, o aprofundamento no histórico dos personagens permite que valiosas lições sobre vida e morte, temperança, amizade, responsabilidade e arbítrio sejam transmitidas de maneira natural e sensível às crianças.

Mesmo desenvolvendo um enredo que pouco lembra os jogos clássicos da franquia de games, Sonic 3 (assim como toda a série) realiza de forma excepcional o que se propõe a fazer, divertir através da nostalgia e levar às gerações mais novas um dos personagens mais icônicos dos anos 90. A franquia de Sonic certamente será lembrada por muito tempo como uma ótima adaptação cinematográfica.

Ambos os filmes estão em cartaz no cinema da Rede Cine Show no Pátio Petrópolis.

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