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Douglas Moutinho

COLUNISTA

Douglas Moutinho

Five Nights at Freddy’s 2

Expansão do universo e a confusão da sequência

v Reprodução


Em Five Nights at Freddy’s 2, um ano após o desastre que marcou a Freddy Fazbear’s Pizza, o episódio já se transformou em histórias distorcidas e boatos sensacionalistas que circulam pela cidade, dando origem ao primeiro Fazfest. Enquanto o segurança Mike e a policial Vanessa tentam esconder da jovem Abby, de 11 anos, o que realmente aconteceu com os animatrônicos, a menina começa a ser atraída de forma inexplicável por eles. Ao restabelecer o contato com Freddy, Bonnie, Chica e Foxy, Abby desperta uma força sombria que ameaça a comunidade, desencadeando novos acontecimentos aterrorizantes. Paralelamente, vêm à tona segredos há muito enterrados sobre o passado da pizzaria e a verdadeira origem de seus temidos habitantes mecânicos.

A produtora Blumhouse tem sido provavelmente a maior responsável pelo terror contemporâneo: M3GAN, Atividade Paranormal, O Telefone Preto, Sobrenatural e várias outras novas franquias surgiram graças ao empenho de Jason Blum. No entanto, o sucesso das continuações dessas séries não vem sendo convincente. Ao contrário de filmes independentes, como Corra! e Nós, frequentemente citados como exemplos de relevância no terror recente, as franquias mais “caricatas” têm se mostrado insuficientes.

A caricatura ou melhor, a marca registrada e as convenções do gênero, especialmente do slasher vem sendo mal trabalhada ou já não possui o mesmo apelo de antes. Nos últimos anos, o único novo ícone do terror pop realmente consolidado foi Annabelle, e nenhuma outra tentativa alcançou o mesmo impacto ainda que os próprios filmes da Annabelle nem sejam tão grandiosos.

Five Nights at Freddy’s 2 surge nessa tentativa de consolidar uma nova franquia relevante no terror especialmente após M3GAN 2.0 fracassar e O Telefone Preto 2 não atingir as expectativas. O filme continua a narrativa do primeiro longa e adiciona mais elementos espirituais para tentar aprofundar o universo, além de levar os vilões para a cidade uma fórmula de sequência que raramente funcionou bem no cinema. Isso resulta em um filme desnecessariamente confuso, embora não desagradável, mantendo o nível do capítulo anterior.

É importante notar que o filme tem como alvo um público juvenil, por isso não apresenta nada muito pesado em seu conteúdo. Talvez esse seja um problema: apesar da atmosfera sombria e das referências a franquias mais adultas como Jogos Mortais a obra entrega algo leve demais. Em suma, trata-se de um slasher adaptado para um público que não quer um slasher genuíno. Ainda que essas escolhas tornem o filme uma sequência genérica, ele não deixa de ser um bom entretenimento assim como grande parte das produções da Blumhouse.


Zootopia 2

Olhares diferentes, uma mesma cidade

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A Disney não tem vivido bons momentos nos últimos anos. Mundo Estranho se mostra vazio, Wish tenta reviver um período mágico que parece não funcionar mais, e Moana 2 repete o primeiro filme, parecendo existir apenas para lucro. Zootopia 2 surge nesse momento complicado para o estúdio que já foi referência máxima em animações.

Os agora renomados agentes Judy Hopps e Nick Wilde retornam para mais uma aventura na movimentada metrópole de Zootopia. Em Zootopia 2, após resolverem o maior mistério já registrado na cidade, a dupla é surpreendida por uma determinação do Chefe Bogo: eles precisarão participar do programa de aconselhamento “Parceiros em Crise”. A parceria entre os dois começa a ser desafiada quando surge um enigma envolvendo um novo morador o misterioso e réptil Gary De’Snake. Para solucionar o  caso ligado à serpente, Judy e Nick precisam explorar regiões inéditas da cidade.

Zootopia ganha nova vida, com a criação de bairros, espécies, famílias e tramas inéditas. Essa exploração não serve apenas como pretexto para uma nova história, mas se integra de forma intrínseca à narrativa e às novas questões que o filme desenvolve. O longa explora a relação entre os protagonistas e a diferença de suas visões de mundo, que é o cerne da obra. A profundidade dessa trama é rara e poucas vezes vista em uma sequência de animação. Girando em torno de Judy e Nick, o filme aborda temas complexos e socialmente relevantes sem se prender a clichês ou apenas buscar ser politicamente correto. Nesse contexto, Zootopia 2 por vezes soa didático algo natural em uma obra infantil, mas eleva a discussão por meio das imagens, ultrapassando o nível mais básico do debate, o que por si só justifica sua existência. Mesmo assumindo a forma de fábula, a obra consegue dialogar com questões filosóficas profundas. Os acontecimentos envolvendo Gary De’Snake, por exemplo, podem ser lidos como um paralelo com o absurdo camusiano, mostrando uma das várias interpretações possíveis.

Zootopia 2 é um grande filme de animação. Embora não seja a melhor animação do ano, provavelmente será a melhor produção não-oriental, figurando como forte candidata ao Oscar de Melhor Animação.

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