COLUNISTA
O debate entre os candidatos a prefeito de Petrópolis, promovido pelo portal Giro Serra, embora excessivamente enquadrado pelas regras adotadas, é um programa que deve ser visto pelos eleitores ele pode ser acessado pelo YouTube. Saiu-se muito bem o candidato Yuri Moura e bem os candidatos Hingo Hammes e Eduardo do Blog. A participação do prefeito Rubens Bomtempo foi melancólica. Ele levou para o debate o mesmo tom de sua propaganda eleitoral. No debate ficou mais claro: Bomtempo apresenta-se como salvador de um caos que, em grande medida, foi ele mesmo quem causou. Inclusive na área de saúde, tema que centraliza o seu discurso messiânico. É só perguntar para as milhares de pessoas que esperam meses e meses por uma consulta com especialista, exames e até cirurgias. São muitos milhares. E a precariedade na assistência básica acrescenta uma situação de profunda injustiça social, causada por equívocos do governo, imperdoáveis nessa área tão sensível.
O maior ataque feito contra Yuri foi sua eleição para deputado estadual. Saiu-se bem. Hingo, que, se imaginava, seria alvo de mais ataques, porque lidera os resultados de pesquisas eleitorais, não foi muito atacado. Quando foi, saiu-se bem. Mas, ficou na defensiva, em momentos em que deveria atacar. Todos pecaram ao poupar as administrações de Rubens Bomtempo, com certeza porque as pesquisas o indicam fora do segundo turno. Deveriam ter aproveitado a oportunidade para dizer com mais clareza o que pensam dos problemas que a má administração provocou, para dizer o mínimo.
Um bom momento do candidato Yuri Moura foi quando fez referência aos apoios recebidos pela candidatura Hingo Hammes e fez referência a Bernardo Rossi, descrevendo-o como o pior prefeito de Petrópolis. Mas, ninguém esboçou qualquer reação para defender o ex-prefeito e atual secretário estadual do Ambiente. E Baninho, que não é culpado de nada, acabou apanhando bastante. Hingo não comprou a polêmica estratégia que usou durante todo o debate.
No debate, não se falou sobre questões ambientais, sobretudo a seca e os incêndios na mata e o risco de falta dágua. Falou-se apenas de passagem nos milhões que o governo municipal pagou a advogados, no caso do ICMS, em ação perdida até mesmo no Supremo Tribunal Federal. Os problemas dos aposentados e do Inpas aqueles saques de cerca de R$ 24 milhões no fundo existente para financiar o pagamento das aposentadorias no futuro passaram ao largo do debate. E pode ser a mais grave irregularidade cometida pelo governo, por suas implicações no futuro de Petrópolis. A delirante manutenção de 21 secretarias municipais, no entanto, foi bem destacada pelo candidato Bernardo Santoro. Ele promete reduzir para 12, se for eleito.
O Tribunal de Contas aprovou o resultado da licitação para contratar empresa para a coleta de lixo hospitalar. A vencedora foi a PDCA, que faz o serviço em regime emergencial. Agora, só falta a homologação da licitação pela Prefeitura. Mereceria festa em praça pública, o fato de a Prefeitura ter conseguido concluir uma licitação, mas há risco de o serviço ser interrompido pela empresa, por falta de pagamentos. A desordem administrativa e financeira pode resultar em montes de lixo também nos hospitais e outras unidades de saúde. Quanto ao restante, o lixo não coletado regularmente se acumula e depois se espalha em ruas e praças da cidade, testemunhando a ausência de governo. E pagamos por este desserviço três vezes mais do que há um ano.
O TRE manteve a impugnação da candidatura de Jessé Torres a vereador, pelo MDB. O candidato e o partido estão recorrendo ao TSE e acreditam que a decisão será modificada. Jessé continua normalmente na campanha. O calendário eleitoral já não permite a substituição de candidatos.
Apesar do risco de perder os votos de Jessé, o MDB está otimista. Uma das apostas é na força da candidatura do ex-vereador e ex-secretário Wagner Silva na comunidade evangélica. A cada dia mais e mais líderes religiosos revelam seu apoio à candidatura de Wagner.
Quem conhece a vantagem que levam os candidatos a vereador que têm reduto eleitoral já olha com muito mais interesse para algumas campanhas: Jorge Barenco, no Morin e Caxambu; Ronaldo Ramos, na Posse; e Roberto Naval, em Cascatinha e Itamarati. Nesse quesito, o vereador Dudu também é destacado, por sua presença no Alto da Serra. Na cotação das resenhas sobre campanha, eles já são colocados entre os possíveis mais votados. Votar nos candidatos do bairro ou do distrito, que têm interação com a comunidade, é uma escolha que os eleitores fazem. Os resultados eleitorais históricos mostram que muitas áreas buscam eleger um vereador mais próximo, mais acessível. E isso beneficia quem conhece e é parceiro de sua comunidade.
A situação deve estar mesmo muito ruim para Rubens Bomtempo. Sua bancada de apoio na Câmara Municipal silencia, a cada denúncia sobre irregularidades graves no governo. Bom para Bomtempo, que reduz sua exposição negativa, ruim eleitoralmente para os vereadores que ainda o apoiam.
Eleição é festa da democracia. E é bonito ver quando é marcada pela presença de bandeiras nas ruas, propaganda em carros e no peito dos eleitores, comícios, caminhadas, carreatas, carros de som nas ruas alguns poderiam reduzir o volume, porque o excesso de barulho mexe com o humor do eleitor. E, mais uma coisa a destacar: milhares de pessoas garantem, por alguns meses, um dinheirinho toda a semana, prestando serviços às campanhas. É um dinheiro extra que entra na economia e diminui os efeitos do desemprego.
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