COLUNISTA
Os legisladores colocaram os partidos políticos a serviço de suas vontades eleitorais e pessoais. O comandante de qualquer um dos partidos tem poderes imperiais sobre a agremiação. Se for presidente nacional, pode depor e até desfiliar a direção do partido em um estado ou em um município. Poder igual têm os presidentes regionais dos partidos. Eles mandam e desmandam nas unidades municipais. Muitas vezes, um partido se organiza a partir de uma ideia de mudança ou de manutenção de um determinado grupo político e é forçado a assumir posições ordenadas pelos chefetes regionais ou os chefões federais. Pode ser obrigado a abraçar, por exemplo, um candidato contra o qual suas forças estavam organizadas. Nas próximas notas, o leitor vai encontrar alguns dos casos ocorridos em Petrópolis. As leis sobre partidos são votadas pelo Congresso, onde estão os principais interessados em comandá-los de forma imperial, e deixaram há muito tempo de representar ideias.
O ex-prefeito Leandro Sampaio está de volta aos trabalhos pré-eleitorais, depois de anunciar que desistira da candidatura para voltar à Prefeitura de Petrópolis. Ele está filiado ao Podemos e, mais do que isto, tem ligado para aliados, convidando-os a disputar as eleições para a Câmara Municipal no partido. Leandro andou perto de se filiar ao PSD, mas o partido recebeu ordens do comando nacional, de aderir a Rubens Bomtempo.
Ex-presidente da Câmara de Vereadores, que comandou a aprovação da Lei Orgânica do Município, já escolheu o partido pelo qual disputará uma vaga no legislativo. Está inscrito no União Brasil. Barenco é filho de um político histórico, Jorge Rolando da Silva, o Pepino, que teve grande liderança na região do Morin, e é tio do também ex-presidente da Câmara Paulo Igor Carelli, falecido logo depois de reeleito para o legislativo, em 2020.
O ex-vereador Roberto Naval, que esteve muito próximo de ingressar no PRD de Marcus Vinícius Neskau, assinou sua filiação ao PV. Vai disputar uma vaga na Câmara Municipal em chapa única com o PT e o PCdoB Federação Partidária. A mudança reaproxima o pré-candidato a Paulo Mustrangi, candidato a vice de Bomtempo, em cujo governo atuou, como presidente da CPTrans.
O PSDB deve se alinhar ao lado de Rubens Bomtempo em sua tentativa de obter mais quatro anos de mandato.
PL e Republicanos andam conversando sobre unir forças para as próximas eleições. Tudo é possível, inclusive que o PL dê apoio à pré-candidatura do ex-vereador Leandro Azevedo, que pretende disputar a Prefeitura. O apoio do partido bolsonarista era dado como certo à campanha de Hingo Hammes, do PP, a prefeito. A decisão depende do senador Flávio Bolsonaro.
A mudança mais surpreendente ocorreu no União Brasil. Na noite da última quarta-feira, o partido destituiu a Executiva Municipal, que era presidida pelo ex-vereador e ex-secretário Fernando Fortes. E fez retornar à posição outro ex-vereador, Ronaldo Medeiros. A decisão teria sido provocada a pedido do ex-prefeito Bernardo Rossi, insatisfeito com a posição de Fernando Fortes, que reabriu no União Brasil as discussões sobre apoio a um candidato a prefeito de Petrópolis. Essa mudança no rumo, desagradou Bernardo, que queria manter o partido na base de apoio de Hingo Hammes.
No dia seguinte, o vereador Luiz Eduardo Dudu, que disputará a reeleição pelo partido, anunciou transferência para o Solidariedade, levando com ele vários integrantes da chapa de candidatos a vereador pelo partido. Mas, antes de desencadear sua transferência para outro partido, buscou contato com dirigentes estaduais do partido, no Rio. Resultado: a destituição da Executiva Municipal foi desfeita e voltou tudo a ser como antes. Ronaldo Medeiros, que seria o substituto de Fernado Fortes, recebeu a comunicação de que a mudança fora suspensa. E Fernando Fortes de que continua presidente do partido, onde faz excelente trabalho na montagem da chapa de vereadores.
No MDB, novos sinais da falta de sintonia do Diretório Municipal com o comando estadual do partido, leia-se Washington Reis. O presidente emedebista promoveu um encontro para comemorar seu aniversário de 57 anos, na sexta-feira, em Xerém, com café da manhã regado a discursos e samba. Raríssimos emedebistas petropolitanos foram convidados. Estavam presentes o governador Cláudio Castro, deputados federais e estaduais, secretários estaduais e muitos políticos de Caxias. De Petrópolis, os ex-secretários Wagner Silva e Charles Rossi e o advogado Oudair Teixeira Azevedo, o Dídio. No horizonte, para acalmar os ânimos ou rasgar de vez a fantasia, há programada uma visita de Washington Reis a Petrópolis e uma reunião, no próximo dia 20, no Petropolitano da Avenida Roberto Silveira.
A origem do desentendimento é que Washington quer mudar a estratégia do partido em relação à candidatura Hingo Hammes, reabrindo negociações e condicionando o apoio à indicação do emedebista Cláudio Mohammad, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), como candidato a vice-prefeito. Até agora, o MDB está oferecendo apoio a Hingo Hammes sem qualquer contrapartida.
Há três possibilidades nessa discussão emedebista. Na primeira, o partido aceita a posição de Washington Reis e passa a reivindicar a indicação do candidato a vice-prefeito. Na segunda, o presidente regional é convencido a deixar as coisas como estão, esquecendo sua disposição de lançar Cláudio Mohammad candidato a vice-prefeito. Na terceira, Washington Reis envia um ofício ao TRE, comunicando a mudança do comando partidário e faz valer a sua vontade. As dúvidas podem durar até julho, quando o partido decidirá em convenção municipal sua posição, que pode ser, até mesmo, de lançar candidato próprio a prefeito.
A Câmara Municipal aprovou projeto do vereador Júnior Paixão, criando um serviço de recebimento de denúncias de violações de direitos humanos. O serviço será mais do que apenas registrar denúncias, para efeitos estatísticos, como acontece muitas vezes. A intenção é mobilizar também as instituições municipais para promover atendimento humanizado aos idosos vítimas de maus tratos e orientar sobre seus direitos.
Mudou de dono o cargo mais poderoso da Secretaria Estadual do Ambiente, em Petrópolis. Louis BodenNeto, que era uma indicação do vereador Fred Procópio (MDB), foi substituído por Alex Vinícius de Souza Christ, do grupo do secretário Bernardo Rossi.
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