COLUNISTA
Deu para acompanhar pelas redes sociais. A ainda pequena repercussão do início do processo de rerratificação das regras de tombamento em Petrópolis evidencia que alguns petropolitanos ainda acham que a preservação dos nossos sobrados, casarões, paisagem, rios e outros bens do importante patrimônio paisagístico, cultural, arquitetônico e histórico de Petrópolis, representam problemas para a economia da cidade. É um equívoco lamentável. Alguns dos que comentaram as notícias a respeito de tombamento escreveram que a preservação interessa aos ricos. Não. Permitir a substituição dos casarões e sobrados por edifícios, como alguns investidores defendem, é que ataca diretamente o futuro econômico de Petrópolis. E ainda bem que já demonstraram a intenção de acompanhar e combater qualquer mudança que ponha o patrimônio da cidade em risco, instituições como a Appande, de Fernanda Colagrossi; o Instituto Civis, de Mauro Corrêa; e a Associação de Moradores do Centro, de Myrian Born. E outros virão. No mais: o que atrasa a nossa economia é não enfrentar a realidade de termos 14 mil famílias
morando em áreas de risco, sujeitas a inundações e/ou deslizamentos. Como fazer a economia crescer, diante de tanta iniquidade. O que nos atrasa é permitir o adensamento populacional nos nossos bairros e distritos, sem pensar em criar condições de mobilidade: por onde os veículos desses moradores que estamos atraindo vão transitar? Por onde caminharão os moradores, por exemplo, em Itaipava, onde as calçadas ou são inexistentes ou são ocupadas como estacionamento? Por que somos incapazes de concluir o enterramento da fiação imunda, de forma a nos livrarmos dos postes que ocupam espaços valiosos e enfeiam a cidade? Por que perdemos a habilidade e o interesse em deixar trafegáveis e mais bonitas do que são as nossas ruas calçadas com paralelepípedos? Por que suspendemos o programa municipal que mantinha pintados os nossos sobrados? Faço perguntas para mostrar que há muitas dúvidas e que cidades não existem do nada e que dependem de quanto gostamos delas, nos preocupamos com elas.
Isso vale, também, para a economia.
Mudar as regras de tombamento do conjunto da Avenida Koeler? Por que isso é citado em todas as conversas sobre a rerratificação dos tombamentos no Centro Histórico de Petrópolis? De onde saiu essa ideia? Será que alguém imagina instalar um supermercado ali ou construir um prédio de apartamentos?
Dos vinte últimos contratos de compras de mercadorias firmados pela Prefeitura nas últimas semanas, apenas um é de Petrópolis um atacadista da Posse. Os outros vêm de outros municípios, muitos de outros estados. Não parece normal que tenhamos encontrado melhores condições para as nossas compras em Miguel Pereira, Erechim (RS), Pedra de Guaratiba, Volta redonda, Barão de Cotegipe, Araruama, Caxias, Volta Redonda Catumbi, Cambé (PR), Campos, Iguaba Grande, Pati do Alferes e Rocha Miranda, alguns com mais de uma venda à Prefeitura de Petrópolis. Talvez falte alguma mobilização do comércio e da própria Prefeitura, em busca de preços melhores na cidade, de forma que o dinheiro fique por aqui, gere empregos, renda, receita pública e um mínimo de autoestima.
Trabalhador incansável, meticuloso e atento, o secretário de Administração de Petrópolis, Wagner Silva, não se parece em nada com o modelo de “gestão política” que muitos esperam dos ocupantes de cargos do primeiro escalão no governo municipal. Mas, isso não o torna um indesejado, muito pelo contrário. Os servidores municipais estão satisfeitos com a Secretaria de Administração. Wagner tem mantido absolutamente em dia a burocracia do setor, em especial os processos de interesse da categoria. Até mesmo para dizer não, segundo os servidores, Wagner age como profissional, não foge dos problemas e explica suas decisões.
Sem querer agravar a ciumeira nos meios políticos, é justo noticiar que Bernardo Rossi, Luiz Eduardo Dudu e Vinícius Farah estiveram próximos a Cláudio Castro, durante todo o almoço que comemorou, em Petrópolis, o aniversário do governador.
Os prefeitos e secretários de Fazenda não terão mais que correr atrás de empresários e contadores para estimulá-los a elaborar e entregar a Declaração Anual para o Índice de Participação dos Municípios (Declan). O documento, agora é obrigatório, segundo ato da Secretaria Estadual de Fazenda, já publicado no Diário Oficial. A apresentação do documento será feita de forma digital. As prefeituras terão acesso aos dados das declarações. O IPM, como
todos sabem, é o índice que fixa o percentual de participação de cada um dos municípios nas receitas do ICMS. Um pontinho para cá ou outro para lá representa milhões a mais ou a menos. Petrópolis está numa posição desclassificante neste quesito, herdada do governo anterior.
O caso da ponte do Arranha Céu, que liga a Estrada União e Indústria à BR-040, em Itaipava, mostra como nossos representantes em Brasília precisam trabalhar mais. Há mais de um mês, um técnico do DNIT comunicou em audiência judicial que a ponte está em mau estado, não suporta receber o trânsito de caminhões pesados e grandes carretas e que representa riscos para os usuários. Isso representa dizer que a ponte pode cair, o que constitui séria emergência. A situação foi confirmada em nota técnica de um especialista em pontes: se tudo continuar como está, há risco para quem transita na ponte. E, até agora, nenhuma autoridade federal assumiu a
responsabilidade de iniciar imediatamente a recuperação da ponte ou sua substituição por outra. Está em discussão o tamanho do aparato para evitar que caminhões muito altos passem pela ponte. Será que é preciso mais do que isso para que o governo federal seja obrigado a cumprir sua obrigação nesse caso?
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