COLUNISTA
Há pessoas, tanto do governo municipal, quanto ligados a entidades que representam o funcionalismo municipal, numa torcida escancarada para que a questão do reajuste dos salários dos servidores passe a ser discutida no Judiciário. A razão desta posição de renúncia às suas responsabilidades e prerrogativas é simples: se o juiz da Vara Fazendária (4ª Vara Cível) tiver de decidir sobre o assunto, os atores, que deveriam debater abertamente a questão e decidir, escapam de possíveis desgastes. Se o aumento desagradar o servidor, problema do juiz; se for muito alto, tendo em vista a fragilidade da situação financeira da Prefeitura, quem decidiu assim foi o juiz. A questão do funcionalismo seguiria a trilha do que está ocorrendo com o reajuste das tarifas de ônibus. Empresas do setor e governo não conseguem se entender e jogam o problema no colo da Justiça. É, evidentemente, um dever dos magistrados julgar os processos que lhes chegam às mãos, mas Petrópolis precisa discutir as razões de tantos problemas, que poderiam ser resolvidos administrativamente serem transferidos para o Judiciário.
E é só esperar: os contratos da coleta do lixo urbano também devem seguir o caminho da judicialização, como já ocorreu em passado recente. O município não consegue sequer redigir um edital de licitação pública corretamente, tanto que são barrados sistematicamente pelo Tribunal de Contas do Estado. Como as licitações obrigatórias não são realizadas, a decisão de resolver o problema, por meio de contrato emergencial, fica por conta da Justiça. No caso atual, há esperança de que o município peça que um contrato emergencial não seja entregue à empresa que comanda a coleta do lixo e, dizem, detém também os maiores contratos de terceirização mão-de-obra do município, entre eles a contratação de pessoal na área de Educação e Assistência Social. E, também, é um grande fornecedor de combustível para a frota de município rico que Petrópolis mantém nas ruas.
O blecaute promovido pela empresa de ônibus Turb, na quinta-feira, não agradou as demais empresas. Há sinais de desgaste nas relações.
Neste caso da denúncia de venda fraudulenta de espaço para uma barraca na Bauernfest, formalizada pela vítima do golpe na Delegacia de Polícia, faltam alguns dados, que o governo poderia fazer a gentileza de divulgar. Por exemplo: quem é o servidor acusado, um ocupante de cargo em comissão (de confiança e nomeação livre). Qual a origem política, pessoal ou profissional que levou o governo a nomeá-lo para uma função em sua estrutura? Nos meios políticos, afirma-se que ele chegou ao cargo graças ao prestígio de que gozava no Gabinete do Prefeito e no grupo político que está no poder. No mais, o prefeito fez o que poderia fazer: demitiu o funcionário e mandou investigar. E é preciso investigar com muito rigor, para esclarecer se é um caso isolado ou se há outros ataques à regularidade do funcionamento de nossa maior festa.
A disputa pelo comando do PT de Petrópolis acompanha a divisão nacional, entre as candidaturas do ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva (o candidato a presidente do partido que tem o apoio do presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu), e o deputado Rui Falcão. Na disputa estadual, de um lado, está o filho do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, deputado Diego Zeidan, que está no secretariado do prefeito Eduardo Paes, na Prefeitura do Rio. De outro, com o apoio do grupo da ex-governadora e ex-ministra, deputada Benedita da Silva, está o deputado federal Reimont Santa Bárbara. Em Petrópolis, o grupo de Benedita, do qual participam o ex-prefeito e vice-prefeito Paulo Mustrangi e ex-vereadores e dirigentes do partido no município, e ex-vereadores, entre os quais Anderson Juliano, defende a candidatura de Thiago Dias de Matos Costa, o Thiagão a presidente do PT. O grupo ligado a Washington Quaquá defende a candidatura de Wesley Diniz. Os dois candidatos disputaram as eleições para vereador, em 2024.
Em tom de brincadeira, até amigos flamenguistas do ex-prefeito Bernardo Rossi, hoje secretário estadual de Ambiente, recriminam a presença dele no jogo do Flamengo contra o Los Angeles FC, realizado na última terça-feira, em Orlando, pela Copa do Mundo de Clubes. O Flamengo sofreu para arrancar um empate contra o modesto time norte-americano. Dizem os brincalhões que o Flamengo nunca ganha quando Rossi vai ao estádio. Pode não ser verdade a acusação de pé-frio atribuída a Bernardo. É preciso ver como anda a sorte do governador Cláudio Castro, com quem Bernardo foi a Orlando para ver o jogo.
O governo municipal deve ter boas razões para publicarem edições do Diário Oficial de 2025, matérias oficiais de 2023 e 2024, assinadas por Cedenyr
Guaracy Vieira e Leonardo França de Souza, que presidiram a Comdep no governo de Rubens Bomtempo. Mas, o governo atual bem que poderia dividir com os cidadãos-contribuintes-consumidores (que, aliás são também eleitores) informações claras sobre as razões de publicar com atraso de até dois anos extratos de contratos de compras e de obras, que podem ter resultado até mesmo em pagamentos aos contratados, sem a necessária divulgação oficial.
Merece especial atenção a reunião do Conselho Municipal de Revisão do Plano Diretor e suas Leis Complementares, marcada para a próxima segunda-feira, às 14 horas, no Centro Administrativo da Prefeitura (Hipershopping), no Alto da Serra. Está em pauta a apresentação e votação da proposta de divisão oficial da cidade em bairros (abairramento). Hoje, a cidade é dividida em quarteirões, que remontam ao Plano Koeler, no século XIX.
O Inea multou o Ferro velho Levino, que funciona na Rua Stefan Zweig, no Duarte da Silveira, por irregularidades. Não deve ser pouca coisa, porque a multa é de R$ 114 mil. Os moradores da região esperam que a ação do órgão estadual obrigue a empresa a regularizar sua atuação, que incomoda os vizinhos e causa problemas para o trânsito.
Um amigo da coluna relacionou candidatos de Petrópolis à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados nas eleições do ano que vem. A lista só confirma que é pertinente a preocupação de que o município tenha representação muito aquém do que poderia ter, tendo em vista sua importância e o tamanho do eleitoral. São muitos candidatos dividindo os votos de eleitores que ainda votam nos candidatos da terra. Paralelamente, é cada vez maior a presença de candidatos vinculados a outros municípios que disputam os votos dos petropolitanos. É possível que a votação nos chamados “candidatos de fora” bata recordes em 2026. A lista de candidatos, que pode mudar e crescer, inclui Hugo Leal (PSD), Rubens Bomtempo (PSB), Bernardo Rossi (hoje no Solidariedade), Marcus Vinícius Neskau (PRB), e Leandro Azevedo, como candidatos a deputado federal. Como candidatos a deputado estadual foram listados Yuri Moura (PSOL),Dudu (União), Octavio Sampaio (PL), Léo França (PSB), Eduardo do Blog (PSD), Júnior Coruja (PSD), Wesley Barreto (PRD), Lívia Miranda (PcdoB), Júnior Paixão (PSDB) e Fred Procópio (MDB). Este último é o candidato do prefeito Hingo Hammes. É muito candidato, o que enfraquece todas as campanhas.
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